Uma homenagem aos 6 anos de Gravity Falls: Um Verão de Mistério

Quando Gravity Falls e a Terra virarem pó, cuidado com a fera de um olho só.

Há pouco mais de 6 anos, em 15 de junho de 2012, estreava Gravity Falls: Um Verão de Mistério na Disney Channel americana. Ninguém imaginava o sucesso que a série faria e a legião de fãs que conquistaria, nem mesmo seu criador, Alex Hirsch. Ainda hoje, mesmo tantos anos depois de sua estreia e após o seu encerramento (isso mesmo, encerramento, não cancelamento), ela ainda produz muito: em 24 de julho desse ano, serão lançados mais um, com quatro histórias inéditas, e um set com todos os episódios em DVD (finalmente!), com mais de uma hora de cenas deletadas e muitos extras. Mais ainda tem gente que ainda não conhece essa animação da Disney, uma das melhores do canal atualmente.

Dipper e Mabel Pines (Jason Ritter e Kristen Schaal, respectivamente), gêmeos californianos, são mandados pelos pais para uma cidadezinha no meio do nada no noroeste pacífico, chamada Gravity Falls, no Oregon, para passar o verão com o seu tio-avô – ou tivô (“grunkle” no original)– Stan (Alex Hirsch, sim, o criador da série faz a voz não só desse personagem, mas de muuuitos outros!), um velho ranzinza, que mora em uma casa no meio da floresta, a qual é uma atração para turistas, cheia de esquisitices claramente falsas, chamada Cabana do Mistério. Pouco depois de chegar à cidade, Dipper encontra um diário por acidente, escondido embaixo de uma “pedra”. Na capa, há uma mão dourada com seis dedos e o número 3 estampado. Nele, Dipper descobre que a cidade não é o que parece. Gravity Falls é cheia de criaturas misteriosas, sombrias e algumas até extremamente poderosas e perigosas. A cidade é, literalmente, um imã para anormalidades! E assim começa o verão mais estranho e inesquecível dos Pines.

A série é repleta de mensagens criptografadas e subliminares, e é preciso muita atenção ao assistir os episódios. Tudo ali é importante, mesmo as coisas que parecem mais triviais. Sem falar das mensagens que os episódios passam, mensagens positivas sobre autoestima, empoderamento feminino, igualdade de gêneros, relacionamento com a família… Gravity Falls não é somente um desenho que alguns considerariam assustador demais para crianças, com monstros e temas pesados. Até mesmo porque ele é um desenho da Disney com classificação indicativa de 7 anos. Mas as crianças normalmente ficam de fora da parte divertida, que é decodificar as mensagens criptografas no final de cada episódio e às vezes no meio deles. São usadas mensagens criptografadas em Cifra de César, Atbash, A1Z26 e Cifra de Vigènere. Sinceramente, sempre achei essa parte um pouco complicada, até porque não sabíamos qual cifra era usada nos episódios (obrigada pela ajuda, Tumblr!).

As mensagens criptografadas não são de uso exclusivo da animação. Em julho de 2016, Hirsch publicou o Journal 3, o diário que Dipper encontra no primeiro episódio e que é praticamente um dos personagens principais do desenho. O livro está cheio de mensagens cifradas, páginas e páginas com textos inteiros para serem decifrados (Obrigada pela ajuda, Reddit!)! SPOILER: Algum tempo depois, Hirsch lançou o livro com mensagens invisíveis, legíveis somente com luz negra, assim como na animação, revelado no primeiro episódio da segunda temporada, Scary-Oke. Essa versão ainda não está disponível para venda no Brasil, mas a versão sem essas mensagens pode ser encontrada, em inglês, em algumas livrarias.

Gravity Falls é composta de duas temporadas, com 40 episódios no total, e 17 curtas, além de livros e quadrinhos que complementam a história original. Não é somente um desenho animado para crianças, é uma experiência apaixonante e amada por todos que se envolveram nela, até mesmo os atores e principalmente seu criador. Em 2016, após o encerramento da obra, Hirsch lançou uma grande caça ao tesouro com fãs e atores para encontrar um item muito importante revelado no final da série, a qual ele chamou de Cipher Hunt. Assim que ele tuitou que os jogos tinham começado, a caçada começou e foi uma loucura! Essa caça ao tesouro movimentou muita gente por dias, até mesmo Jason Ritter se juntou aos fãs em Los Angeles para encontrar uma das pistas! Uma delas era um quebra-cabeça gigantesco que muitos fãs levaram dias para montar, cheio de, adivinhem do quê?, isso mesmo, mensagens a serem decifradas! Tudo, no final, foi compensador, mesmo para pessoas, como eu, que acompanharam tudo de longe.

Essa não foi a primeira e a última vez que ele fez algo parecido. Para anunciar seu novo livro, Alex Hirsch mais uma vez postou várias mensagens enigmáticas em seu Twitter, em forma de, novamente, um quebra-cabeça.

Mas, em 15 de fevereiro de 2016, a série acabou. Mesmo demorando tanto tempo para ser transmitida por completo – 4 anos para 40 episódios, uma situação mais ou menos parecida com Hora de Aventura atualmente –, a Disney tratou Alex Hirsch, sua obra e toda a equipe com muito respeito, em minha opinião. Apesar de GF ser uma animação com um tema de mistério, monstros e enigmas, algo que a Disney não faz com tanta frequência, ela deixou que Hirsch trabalhasse como quisesse, com poucas limitações, não a cancelou antes do tempo e respeitou a vontade de seu criador de terminar o desenho quando achasse que era o momento, não pedindo para que ele se prolongasse e fizesse as coisas perderem o rumo, como faz com algumas das séries do canal e também acaba acontecendo com muitas séries por aí. A Disney percebeu o sucesso que a série estava fazendo, mesmo com as demoras para lançar novos episódios, e, mesmo assim, deixou que Hirsch a encerra-se com dignidade. Acho isso uma atitude respeitosa. Afinal, até ela sabe que “coisas mudam… Verões acabam.”.

Gravity Falls ganhou sete prêmios e, principalmente, o coração de muitos fãs que, assim como eu, o consideram sua série/animação favorita. Ela, para mim, começou como um treinamento auditivo de inglês e tornou-se algo muito maior. Eu cresci com os personagens, sofri e me emocionei com eles, chorei muito (e choro, ainda hoje, quando revejo) com o episódio final, não somente pela série ter acabado, mas pela jornada que foi viajar por Gravity Falls e conhecer alguns dos meus personagens prediletos. Se você não a conhece, arrisque-se e viaje por ela também. Ela pode ser assustadora às vezes, mas te garanto que vale a pena.

“Se você já viajou pelas estradas do noroeste pacífico, provavelmente viu um adesivo de carro de uma cidade chamada Gravity Falls. Não está em nenhum mapa e a maioria das pessoas nunca ouviu falar. Algumas pessoas acreditam que é um mito. Mas se você estiver curioso, não espere. Faça uma viagem. E a encontre. Está lá fora escondida em algum lugar na floresta. Esperando.”

Nerd: Nathalia Lossolli

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