“Socorro, Virei uma Garota” tem mensagem positiva aos jovens

O cinema brasileiro entrou e uma polêmica recente com o Governo Federal e um dos motivos foi a qualidade dos filmes nacionais que vão aos cinemas. É certo que as comédias estão dominando o mercado desde o início da década e o cenário não vai mudar tão cedo se não vier um filme divisor de águas que arrebente nas bilheterias (o mesmo raciocínio vale para as franquias e filmes de super-heróis), mas é injusto resumir o rico cinema brasileiro apenas nas comédias.

            Para cada ‘Minha Mãe é uma Peça’, que leva milhões aos cinemas, temos um filme elogiado de festival e com chance de ir ao Oscar (Bacurau, Que Horas Ela Volta) e quem ganha é sempre o espectador.

            Mas se apenas as comédias chegarem para o grande público, vai ser difícil realmente convencer o espectador da qualidade dos filmes e fica a pergunta: o cinema brasileiro precisa de mais comédias?

            A boa notícia é que sim! Com um bom roteiro, ideia e personagens, tudo é possível.

E é neste cenário que estreia Socorro, Virei uma Garota. Filme que parece despretensioso (e de fato é em alguns momentos) e mais uma comédia, mas que fala sobre se amar antes de amar o próximo e valorizar as pessoas à sua volta enquanto pode.

            O filme está sendo muito mal vendido (o trailer é terrível) e de fato o primeiro ato é bem problemático, mas o filme só melhora a cada tomada.

            Na história, temos Júlio (Victor Lamoglia), um garoto tímido, nerd, impopular na escola e que só tem como amigo o Cabeça (Léo Bahia), com as mesmas características dele. Em uma excursão, Júlio está cansado desta vida, vê uma estrela cadente no céu e pede para ser a pessoa mais descolada da escola e se transforma… na garota mais popular, na pele da Júlia (Thati Lopes, ótima!)

O início é cheio de clichês e de estereótipos: a dupla de nerds é apresentada de maneira muito superficial e exagerada no mal sentido, com pessoas que mal conseguem se comunicar e quando o fazem, beira ao ridículo.

            O mundo evoluiu de tal forma que nerd ou geek não é mais aquele estereótipo do impopular que vive trancado no quarto: está em todos os lugares, desde a academia, uma balada e sim, a pessoa pode sim ser geek e descolada ao mesmo tempo.

            As coisas melhoram a partir de quando a Júlia toma conta do filme, principalmente porque vemos uma realidade alternativa onde o Júlio não existe mais e a Júlia é a garota mais desejada e popular da escola, tem um canal de sucesso no youtube e tem a vida eu sempre quis, mas que se revela uma pessoa fria e calculista.

            Sim, o sucesso tem o seu preço.

O filme usa da magia para levantar essas lições como família, amizade, humildade e se amar antes de amar os outros. Júlio (ou Júlia) é apaixonado pela Melina (Manu Gavasi), a garota mais popular da escola na realidade do Júlio, mas na outra realidade tem a popularidade ameaçada pela carismática Júlia.

            Não é novidade o cinema usar da magia para provocar reflexões na plateia. Grandes filmes como Quero Ser Grande, A Rosa Púrpura do Cairo, entre muitos outros, já fizeram isso com muito sucesso e este filme também usou dessa fórmula.

            E além da magia e mensagem que o filme tem, o que leva o espectador até o final é o carisma e popularidade do elenco, sobretudo com os jovens, como a própria Thati Lopes, Manu Gavasi, Léo Bahia e Lua Blanco.

Todos engajados e populares nas redes sociais, o que pode aumentar o marketing e visibilidade do filme.

            Juntando isso com a surpresa do resultado ao ver Socorro, Virei uma Garota, o filme tem tudo para se tornar um hit da temporada.

            E assim como o gênero de super-heróis, as comédias brasileiras podem – e devem – se reciclar. Com um bom roteiro, tudo é possível.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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