Rota Selvagem mostra o drama e o amadurecimento da vida de um adolescente (e seu cavalo)

Para todo que gostam do trabalho do diretor Andrew Haigh, assim como eu, tenho algo a falar: vocês realmente gostam de sofrer em frente a uma tela, não é por nada não, mas não consigo falar de nenhum filme dele que depois que eu assisti me senti bem. Sempre termino com uma sensação triste, pensativo e melancólico.

Andrew Haigh me assusta, ele consegue se aprofundar tanto nas relações humanas, sempre nos desafiando a responder “O que é humanidade?”. Em seu novo filme A Rota Selvagem, ele se superou de uma maneira que ao olhar em volta notei pessoas desnorteadas ou chorando. Aliás vamos deixar claro uma coisa para Diamond Films, responsável pelo filme no Brasil: não se coloca o  nome A Rota Selvagem em um filme que se chama Lean on Pete (Algo como O Meu Amigo Pete se traduzido corretamente), esse título não faz jus a metade do drama que se tem nessa obra!

A Rota Selvagem, não é um filme previsível, pelo o contrario; você acha que sabe o que vai acontecer, aperta os dentes e imagina o final, afinal o cinema tem final felizes certo? Estamos acostumados a ver nas telas história de vida que nos dêem esperança… ESQUEÇA ISSO!

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Vamos conhecer o garoto Charley ( Charlie Plummer ), ele não tem nada de especial. Nos primeiros minutos conhecemos um pouco de sua vida, a relação dele com seu pai Ray (Travis Fimmel) – que é o que se espera de um adolescente. Com pouco dinheiro e um trabalho simples, fica claro uma relação saudável entre pai e filho, com diálogos simples e  certa espontaneidade. Não foi difícil ter simpatia com esses dois personagens.

Como todo adolescente americano, Charley arranja um pequeno trabalho com Del (Steve Buscemi). A maneira como esse personagem é inserido na trama é simples porém eficiente (da mesma formas que fazemos muitas amizades pela vida). Del e Charley se conhecem, logo é desenvolvia uma relação de tutor e aprendiz entre eles, dando uma sensação de “HAAAA já sei como o filme vai ser!”. Não caia nessa, veja tudo até final e não tente adivinhar.

Com alguns diálogos bem elaborados, e outros meio cansativos, a história segue em frente, até conhecermos Pete, o velho cavalo de corrida de Del. É estranha a relação que Charley desenvolve com o animal, algo profundo conecta ele ao cavalo; em alguns momentos ele se sente normal, em outros simplesmente sente as dores do seu amigo animal. Mas não espere algo igual Free-Willy, Caninos Brancos ou esses filmes populares humano+animal. O cavalo Pete não dá mínima para ele, tornando o filme mais próximo do boring world ( o mundo real) do que a maioria desse filmes famosos de bilheteria.

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Agora vamos entender aonde mora a genialidade do diretor Andrew Haigh. 

Depois de apresentar personagens cativantes, mostrar as regras do jogo e dar uma vida “ok” para a Charley, ele mostra como A VIDA ACONTECE, colocando nosso jovem protagonista contra a parede em diversas situações. o certo e o errado são colocados no limite, Charley sempre é testado, cena após cena, tomando decisões que te fazem saltar da poltrona, “Por que?”, “Como ele fez isso?”, “Sério que ele vai até o fim?”, “Por que diabos ele continua insistindo nisso?”. Tudo apontando para vários caminhos, alguns ruins outros piores ainda, e no fim de tudo isso vemos um garoto amadurecido desabar.Não espere uma lição de moral ou de vida no final desse filme, isso ficou apenas com Charley, todos nós somos meros expectadores de um momento da história de Charley com seu amigo Pete,  como o que realmente somos: expectadores da vida!

A Rota Selvagem estará disponível no cinema em Novembro sem data ainda definida.

Nerd: Richard Brochini

Richard Brochini, 31 anos, trabalha há 13 anos com desenvolvimento de projetos para TI. Cientista maluco, dronemaker e gamer :D Para entrar em contato: http://richard.brochini.com/

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