Projeto Gemini deveria ser menos megalomaníaco e mais envolvente

Se Projeto Gemini fosse um filme dos anos 80 ou 90, provavelmente se tornaria um clássico da ação, do cinema, da Sessão da Tarde e amado por gerações, pois tem muito do perfil dos filmes da época, como a ação alucinante, surreal, ou “mentirosa” para um grande público, um grande astro no papel principal, uma mocinha linda, carismática e ótima atriz, além de um vilão ameaçador.

Mas o mundo mudou e o cinema também. Não que essas características tenham sumido hoje, basta ver o sucesso da franquia Velozes e Furiosos por exemplo, mas Projeto Gemini é o filme errado e na hora errada.

Não que ele seja necessariamente ruim, dá para o público se divertir bastante com os absurdos vistos em tela, sem contar que Will Smith é um ator que chama mídia, mas estamos falando de um filme que cai pela própria perna.

A premissa é muito boa: Projeto Gemini conta a história de Henry Brogan (Will Smith), um assassino de elite que, após uma missão, vira alvo de uma agência comandada por Clay Verris (Clive Owen) e que seu algoz é uma versão clonada de si mesmo. Ele só conta com a ajuda do amigo Baron (Benedict Wong) e da misteriosa Danny (Mary Elizabeth Winstead). E daí começa uma desesperada busca pela verdade e sobrevivência.

A expectativa para Projeto Gemini estava alta não apenas por seu elenco, mas pelos nomes envolvidos: Ang Lee, um dos melhores cineastas dos últimos tempos e vencedor de 2 Oscar entrou no projeto e embora não pareça um filme seu exatamente e mais um trabalho encomendado, faltou seu coração.

Jerry Bruckheimer, um dos maiores produtores de Hollywood, que trabalhou em franquias como Transformers e Piratas do Caribe, está na produção deste filme e aqui mostra o que sempre foi: megalomaníaco e sem economizar em cenas de ação espetaculares. A obra também conta com
David Benioff, um dos criadores de Game of Thrones, que integra a equipe de roteiristas.

Com esses nomes envolvidos, o filme poderia ser algo mais bacana e um programa mais agradável, até porque, o filme está trazendo uma nova tecnologia, que é o 3D+, que consiste no uso dos óculos 3D, porém, com uma imersão mais realista.

De início essa nova tecnologia impressiona, até porque o filme apresenta locações em diversos pontos do mundo, tomadas aéreas e um uso de cores de encher os olhos, mas o que deveria ser uma boa novidade se mostra como uma tecnologia que precisa de ajustes, sobretudo pelo uso dos óculos 3D, que já não agradam a todos e ainda com imagens mais foto realistas, que pode causar problemas como dor de cabeça ou enjoos em algumas pessoas.

Sem contar o CGI problemático que o filme tem, principalmente nas cenas de ação e perseguição, que deveriam ser o ponto alto, mas que se tornam patéticas com o fundo verde aparente e a má renderização, principalmente na versão mais jovem de Will Smith, que é uma das coisas que estão vendendo o filme, mas que de tão artificiais, acabam cansando o espectador.

Mas nem tudo está perdido em Projeto Gemini: não é apenas a ideia bacana e o fator diversão que fazem dele um filme assistível, porque a química entre os protagonistas funciona e por mais furos que o roteiro tenha, o envolvimento é real e acontece: Will tem carisma de sobra, Mary Elizabeth é uma querida e Wong é um alívio cômico que funciona.

Se Projeto Gemini tivesse investido em uma ação eficiente, talvez das ruas, como Bourne e os últimos filmes de 007 fizeram, provavelmente o resultado seria mais satisfatório. A frase “o menos é mais” deveria ser o lema dos envolvidos deste filme que tinha muito potencial para mais coração e menos tecnologia.

Fica de lição para os próximos.    


Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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