Pico da Neblina: muito além da discussão sobre drogas

Você consegue imaginar um Brasil onde a maconha foi legalizada? Na atual situação do país é um pouco difícil visualizar isso e muitas outras coisas, né? Mas a produção que se passa em uma São Paulo ficcional, com a direção de Quico Meirelles que também assina a direção de episódios com Fernando Meirelles, conseguiu criar criar uma realidade alternativa (como a própria série se vende) muito convincente.

Eu tive a oportunidade de ver o primeiro episódio em primeira mão e depois participar do bate papo com o diretor e alguns atores e trago pra vocês minhas impressões gerais sobre a produção.

A trama tem como foco Biriba (Luis Navarro), um traficante que decide deixar para trás a vida do crime e usar seus conhecimentos para vender o produto dentro da lei, junto com um sócio investidor pouco experiente, Vini (Daniel Furlan). Porém as coisas não são tão simples quanto Biriba gostaria, e seu passado no tráfico é algo insisti em voltar através de seu melhor amigo Salim (Henrique Santana), que decide continuar na criminalidade e tenta convencer Biriba a “investir” em outros produtos mais lucrativos, como por exemplo cocaína.

A liberação da maconha é apenas o ponto de partida e o detonador de todos os conflitos e não a grande discussão da série. O que mais atrai é realmente a profundidade de cada personagem e como as relações são exploradas. Conflitos internos e externos que fazem o expectador se questionar sobre o que é certo e o que é errado, afinal é muito fácil julgar quando você está no apartamentinho da zona sul e não vê esse tipo de coisa (pega essa referência).

Quando estavam escrevendo a série, os roteiristas conversaram muito sobre o debate da liberação da maconha que também estava sendo debatido no Brasil em 2015 e temiam que as pessoas não teriam interesse quando a série fosse lançada, pois acreditavam que este assunto teria avançado. Segundo Quico: “Tudo isso já terá virado realidade e as pessoas irão perder o interesse”.

A série é realizada integralmente com investimentos próprios da HBO Latin America e isso com certeza foi decisivo para poder explorar um tema tão controverso onde “As drogas de Brasília não afetam as drogas da série” segundo Fernando Meirelles.

Com participações de Leilah Moreno, Teca Pereira, Bruno Giordano, Sabrina Petraglia, Maria Zilda Bethlem, Daniel Furlan, entre outros. Como sou um grande fã de Choque de Cultura, fiquei muito feliz ao ver Furlan na produção. A respeito da criação de seu personagem ele acreditava que ele poderia ser babaca, fraco (moralmente) ou ter diversos problemas de personalidade, mas as pessoas tinham que gostar dele, sentir certa empatia. Então na hora de escolher as roupas, isso ajudou a definir o personagem: “Ele não é um cara foda no jeito de se vestir, ele é um cara equivocado, meio que um rapper de condomínio.

No elenco estão ainda 18 atores selecionados por Quico Meirelles e Fernando Meirelles entre 2.600 jovens, que atenderam a uma convocação na internet para que aspirantes e atores em início de carreira enviassem vídeos caseiros gravados no próprio celular. Nascido e criado na periferia da Zona Leste, o ator Henrique Santana foi um dos que responderam ao convite e acabou levando o papel de Salim. Ele contou que durante seus testes brincou com Fernando Meirelles que o Salim poderia ter sido o seu futuro na vida real caso ele não virasse ator e que isso o ajudou a entender muito mais o personagem, afinal é algo muito próximo da realidade que ele vivenciou.

A estreia da primeira temporada de PICO DA NEBLINA é no dia 4 de agosto, às 21h no canal HBO, na HBO GO e também no aplicativo HBO Inclusão (HBO IN), que oferece audiodescrição em português para deficientes visuais e legendas adaptadas com visualização ajustada e zoom para deficientes auditivos. Seus episódios irão ao ar todo domingo no mesmo horário.

Nerd: Carlos AVE César

Apaixonado por Criatividade & Inovação! Desde pequeno sempre gostei de fazer listas de filmes que tinha assistido, debater teorias e opinar sobre tudo. Em 2012 criei uma Fan Page de GOT, uns malucos botaram fé no que eu falava 1 ano depois montei um site de cultura nerd. Hoje divido meu tempo criando conteúdo para o Universo42 e estratégias de crescimento para a SKY Brasil.

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