Os Invisíveis: sobrevivendo à perseguição

Os Invisíveis é um filme documentário sobre 4 sobreviventes de origem judaica durante o comando de Hitler no ano de 1943: Eugen Friede, Ruth Gumpel, Cioma Schönhaus e Hanni Lévi.

Os Invisíveis 01A perseguição aos judeus começou em 1933, com a tomada do poder pelos Nazistas. Até o fim da guerra, dos cerca de 500.000 judeus que residiam na Alemanha, pouquíssimos permaneceram lá e ainda estavam vivos. Até o início da guerra em 1939, por volta de 300.000 judeus conseguiram escapar da Alemanha devido ao crescente perigo contra eles. Na sua totalidade, o genocídio alemão na Europa contra a comunidade judaica acabou com a vida de aproximadamente 6 milhões de pessoas após 1941, e sendo que em torno de 165.000 eram judeus alemães.

Para impedir que fugissem da Alemanha, foram criadas leis proibindo a imigração, impedindo que pudessem sair legalmente do país. Com isso, a fuga se tornou praticamente impossível de se realizar, forçando os remanescentes à se esconderem para tentar sobreviver. Cerca de 7.000 judeus o fizeram em Berlim, e ao final da guerra, 1.700 permaneceram vivos. Esta é a história de quatro deles.

Os Invisíveis 05A narrativa do filme intercala com partes dos depoimentos dos verdadeiros protagonistas, mostrando as pessoas reais por trás dos personagens, proporcionando autenticidade, veracidade e mais credibilidade à história. As declarações deles fortalecem a história e amplificam o impacto do que vemos e sentimos durante o filme. Uma coisa é ver uma história baseada em fatos reais, mas quando a vemos, e junto com ela, o depoimento da pessoa real que vivenciou aquilo, cheio de emoção, torna-se muito mais tocante.

Os Invisíveis 04Acompanhamos a trajetória dos quatro personagens tentando escapar da deportação e viver escondidos em Berlim até o fim da guerra ou conseguirem uma maneira de sair. Hanni Lévy era uma garota de apenas 17 anos sem pais, tentando permanecer viva. Ela resolve pintar o cabelo de loiro para se misturar melhor às outras moças e não levantar suspeitas. Com a ajuda de conhecidos consegue manter-se nas sombras, escondida em Berlim. Às vezes, quanto mais exposto menos suspeita atrai, e foi dessa maneira que Hanni sobreviveu.

Os Invisíveis 09Cioma Schönhaus com 19 anos, conseguiu escapar da deportação por causa de alegar ser trabalhador forçado, mas seus pais não escaparam. Ele havia estudado para ser artista gráfico, mas as circunstâncias interromperam seu treinamento, porém, isso o ajudou a se tornar um bom falsificador de passaportes, o que acabou salvando a vida de inúmeros judeus no período em que estava escondido. Antes de ser encontrado pela Gestapo, consegue escapar para a Suíça com um passaporte militar.

Os Invisíveis 03Ruth Gumpel também com 19 anos, esconde-se entre o inverno de 1942 e 1943 com sua família em Berlim, o que torna mais complicado e aflitivo, pois são muitas pessoas para se esconder e não tinha como todos ficarem juntos, então se separaram para poder se refugiar. A angústia de não saber como seus familiares estão, juntamente com o medo e a fome constantes deve ser excruciante. Passar-se por uma viúva de guerra, foi uma maneira que achou para não levantar suspeitas das pessoas e poder andar nas ruas durante o dia. Através de um conhecido, consegue trabalhar como empregada doméstica na casa de um oficial da Wehrmatch, proporcionando dinheiro e comida para sua família permanecer viva.

Os Invisíveis 06E por fim, Eugen Friede, com somente 16 anos, filho de uma judia casada com um cristão. Esse fato salva sua mãe, mas não o protege e com isso, precisa se esconder. Através de conhecidos dos pais, consegue ficar refugiado em diversos lugares de tempos em tempos, até que se junta à Werner Scharff e seu grupo de resistência, para alertar a população sobre as atrocidades que estavam sendo feitas. Mesmo sendo preso pela Gestapo, consegue permanecer vivo no fim da guerra antes de ser executado. Ele vive até hoje perto de Frankfurt am Main.

Os Invisíveis 07O mais impressionante deste filme é ver como eram as coisas nesse período na Alemanha e como garotos e garotas conseguem manter a sanidade e força de vontade para permanecerem vivos em meio ao holocausto. O drama do medo constante, juntamente com a incerteza se conseguirão comida suficiente para não morrerem de fome e um lugar para poderem dormir, faz com que torne-se uma história extraordinária de sobrevivência. A existência dos depoimentos gravados no meio da narrativa, corroborando as cenas e os ocorridos que estava sendo apresentada, tornaram a experiência muito mais tocante e profunda. Confesso que não esperava por isso, mas foi algo positivo e tornou a história muito mais humana, impactante e palpável até. Me surpreendeu e afetou bem mais do que imaginava, pois em geral, em filmes baseados nas guerras ou em fatos reais, não costumam me emocionar tanto.

Gostei de como foi feito, um híbrido de filme e documentário, souberam misturar bem as cenas e comentários. Para mim, pareceu que os atores conseguiram transmitir toda essa angústia e medo das pessoas. É um filme em que saí sem ter o que reclamar de verdade, apenas com o que refletir e pensar. Tocante e dramático, como espera-se de uma temática tão tensa e densa como o reinado dos Nazistas.

O filme é dirigido por Claus Räfle e com roteiro de Claus Räfle e Alejandra López. Em seu elenco conta com Max Mauff (Cioma Schönhaus), Alice Dwyer (Hanni Lévy), Ruby O. Fee (Ruth Arndt), Aaron Altaras (Eugen Friede), Victoria Schulz (Ellen Lewinsky), Florian Lukas (Werner Scharff), Laila Maria Witt (Stella Goldschlag), Andreas Schmidt (Hans Winkler), Robert Hunger-Bühler (Dr. Franz Kaufmann), Maren Eggert (Helene Jacobs).

Nota-do-crítico-5

 

 

Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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