Os 12 Macacos: 25 anos depois

Com os impactos da COVID-19, Os 12 Macacos se tornou um dos filmes mais lembrados quando o assunto é pandemia global, junto com filmes como Contágio, Epidemia, Extermínio, entre outros, mas é muito mais do que isso: é dos melhores filmes sobre viagem do tempo, das obras mais pessimistas (ou realistas, aí depende do ponto de vista de cada um) sobre distopia, um retrato cru e verdadeiro sobre a fragilidade humana, jogo de interesses e conspirações.

Os 12 Macacos é baseado em um curta-metragem francês e se passa no ano de 2035, onde um vírus letal dizimou quase toda a população na Terra e os poucos sobreviventes moram em abrigos subterrâneos. Neste cenário, o prisioneiro James Cole (Bruce Willis, ótimo no papel!) é enviado ao passado para recolher informações sobre o vírus e ajudar os cientistas a encontrarem uma cura.

Mas os cientistas o enviam para o ano de 1990, 6 anos antes de o vírus se espalhar. Cole é taxado como louco, consegue voltar ao futuro e finalmente o enviam ao ano exato da propagação do vírus: 1996. Lá ele descobre o Exército dos Doze Macacos, fundado por Jeffrey Goines (Brad Pitt, excelente!) e seu plano de espalhar o vírus e com a ajuda da Dra. Kathryn Railly (Madeleine Stowe) ele não só vai ter que descobrir informações sobre o vírus, mas lutar por sua sobrevivência.

O filme é dirigido pelo grande Terry Gilliam, conhecido por seus filmes excêntricos e “fora da caixa” como Monty Python e Brazil – O Filme. Os 12 Macacos é um de seus filmes mais “pé no chão”, mas engana-se quem acha que ele se rendeu à indústria.

É uma obra de ficção científica sim, que flerta com o thriller e a ação, mas logo nos primeiros minutos o espectador percebe que está diante de um filme diferente, seja pela trama engenhosa ou várias linhas temporais, mas também em detalhes sutis como a fotografia em cores frias e até a trilha sonora misturando um tango clássico com a tensão.

O roteiro é feliz em não apresentar diálogos expositivos, deixando para o espectador tirar as próprias conclusões. Não espere grandes lições sobre humanidade ou didática sobre vírus e ameaças, muito menos explicações sobre as linhas temporais.

Não à toa, Os 12 Macacos sempre está entre os melhores filmes de ficção científica, de viagem no tempo e muitos consideram este o melhor filme de Gilliam.

Não bastasse isso, o filme ainda apresenta seu elenco em papéis que os desafiaram: Bruce Willis, astro de ação, em um personagem mais dramático e bem longe de seu John McClane. Não é exagero dizer que este é de seus melhores papéis no cinema.

Madeleine Stowe é uma grande atriz, mas não é exatamente uma estrela e colocá-la em um blockbuster com dois astros foi uma escolha tão arriscada quanto acertada – para quem não se lembra, ela é a Victoria Grayson da série Revenge.

E Brad Pitt estava muito em alta na carreira na ocasião: vindo dos sucessos de Entrevista com o Vampiro e Lendas da Paixão, no ano de 1995 ele fez outro filme elogiado por público e crítica, Seven, e aqui fez um de seus papéis mais diferentes, longe do seu status de galã, ele teve uma indicação ao Oscar e perdeu, injustamente, para Kevin Spacey por Os Suspeitos.

O filme ainda tem um dos maiores plot twists do cinema em seu desfecho: o filme tem um final surpreendente, provocativo e que vai deixar o espectador pensando nele (e no resto do filme por horas).

Os 12 Macacos foi um sucesso de crítica (90% de aprovação no Rotten Tomatoes) e bilheteria (custou 29 e faturou 168 milhões no mundo inteiro) e além da indicação para Brad Pitt para Ator Coadjuvante ainda foi indicado para Melhor Figurino.

É pouco para um dos filmes mais engenhosos e originais dos anos 1990, mas quem precisa de Oscar quando temos Terry Gilliam com um grande elenco e história em obra provocativa e que sempre será lembrada, ao contrário de muitos vencedores da Academia.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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