O Mistério de Henri Pick: A verdade é necessária?

Ao visitar o pai, a jovem editora Daphné Despero acaba descobrindo uma biblioteca onde manuscritos rejeitados de livros se encontram, e lá, acha um manuscrito que a comove e decide publicá-lo imediatamente. O romance se torna um best-seller e causa um grande alvoroço em decorrência do autor da obra. Ela ganha uma repercussão fantástica, pois seu escritor – Henri Pick, morreu dois anos antes e segundo familiares, nunca o viram escrever antes e não tinham conhecimento de que ele havia escrito um livro, além do fato de ser apenas um dono de uma pizzaria. Após ler o romance, um famoso crítico literário fica obcecado com a legitimidade da autoria e abre mão de tudo para investigar o caso e tentar provar que não foi Henri Pick quem escreveu a obra.


Jean-Michel Rouche em seu programa expondo suas dúvidas sobre a autoria do livro.

Fato curioso, é que este filme é uma adaptação, ou seja, a história varia um pouco da obra original. Por exemplo, no filme, a história é focada no ponto de vista do crítico literário Jean-Michel Rouche. Uma variação do conto onde há diversos personagens principais. E como ele não é um investigador profissional, resulta em muitas situações cômicas ou embaraçosas. Temos aqui um mistério diferente do usual (no qual há mortes, desaparecimentos ou assassinatos), onde há a busca pela verdade sobre quem foi o autor da obra. Todos os personagens ficam curiosos sobre isso, mas apenas Jean se recusa a aceitar o que lhe é mostrado e parte em uma jornada da verdade.

Daphné e Fred, após ela achar o manuscrito do livro.

Sendo verdade ou não, a obra e seu sucesso repercutem e modificam a vida de todos os envolvidos: a esposa e filha do falecido, o crítico, a jovem editora e seu companheiro, além da editora chefe que é amiga do crítico. Cada qual de uma forma diferente – a esposa do falecido, como uma forma de apaziguar sua solidão a tristeza decorrentes da partida de Henri, podendo se alegrar de algo e o vínculo com seu marido. Já a filha, Joséphine Pick, fica feliz pela mãe poder finalmente ter pelo que chorar e se sentir mais próxima de seu pai, após sua morte. Mas ao mesmo tempo, a vinda de Jean-Michel Rouche trás à tona suas dúvidas e incertezas sobre a autoria do livro e seu anseio pela verdade a faz ajudar o crítico em sua busca, por mais paradoxal que possa ser, pois ele provoca muita confusão e dor de cabeça para sua mãe. Já em relação à Daphné Despero, é algo que ela sempre buscou: achar e publicar um best-seller. Mas constantemente importunada pelo crítico e a frustração de seu companheiro, Fred Koskas.

Jean e Joséphine pesquisando sobre Henri Pick.

A vida de todas estas pessoas mudam drasticamente com o livro e a dualidade entre a busca da verdade e as ilusões em que se apoiam para seguir em frente que torna a história tão interessante. Há uma boa mescla de drama e comédia. Outro ponto positivo, é que a desconfiança de
Jean-Michel Rouche é tamanha, tendo suas dúvidas de todos, que acaba contagiando o espectador e nos faz parar para pensar “e se?” sobre cada um dos personagens, e imaginarmos como cada um pode estar por trás disso, se realmente não foi Henri Pick que escreveu.

O filme agradou bastante e teve seus momentos de tirar risos da plateia, o que é um bom sinal, já que a proposta do filme é divertir e instigar o público. A temática de “o romance do romance” foi bem trabalhada e a trama bem desenvolvida. A interação entre os personagens, em particular
Jean-Michel Rouche e Joséphine Pick ficaram muito boas. E por fim, para aqueles que gostam de um mistério ou de investigação e comédia, é uma ótima recomendação!

O filme O Mistério de Henri Pick (Le Mystère Henri Pick) irá estrear nos cinemas nacionais através da A2 Filmes em breve. Dirigido por Rémi Bezançon e com roteiro de Rémi Bezançon, David Foenkinos (escritor do livro onde o filme se baseou) e Vanessa Portal. No elenco conta com nomes como Fabrice Luchini (Jean-Michel Rouche), Camille Cottin (Joséphine Pick), Alice Isaaz (Daphné Despero), Bastien Bouillon (Fred Koskas), Josiane Stoléru (Madeleine Pick), Astrid Whettnall (Inès de Crécy), Marc Fraize (Jean-Pierre Gourvec), Hanna Schygulla (Ludmila Blavitsky), Marie-Christine Orry (Magali Roze, a bibliotecária), Vincent Winterhalter (Gérard Despero).

Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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