Na grande maioria dos blockbusters hoje em dia, sobretudo quando temos a presença de criaturas não-humanas, os estúdios geralmente usam a técnica de captura de movimentos, que consiste em conectar o ator ou atriz em equipamentos para aproveitar, principalmente, os movimentos e expressões e, assim, dar mais vivacidade para a presença de uma criatura em tela.
Isso é muito comum hoje em dia, mas em 2004, isso era quase novidade, exceto pelo Gollum da trilogia Senhor dos Anéis, que foi muito inovador neste aspecto.
E neste mesmo ano um diretor veterano resolveu ousar na tecnologia, fazendo uma animação onde 100% dos atores usam a captura de movimentos em imagens em 3D. e assim nasceu O Expresso Polar.
O diretor Robert Zemeckis dirige, escreve e produz este filme. Não que tecnologia seja novidade para ele, que foi o realizador da trilogia De Volta Para o Futuro, além de já ter ganho 3 Oscar na categoria de Efeitos Especiais no Oscar: em 1989 por Uma Cilada para Roger Rabitt, em 1993 por A Morte Lhe Cai Bem e em 1995 por Forrest Gump.
Animação não era novidade para ele: Roger Rabitt foi um filme que misturou desenho com live action e é referência até hoje, mas a captura de movimentos sim foi novidade para ele, o que gera polêmica até hoje, pois o diretor tenta emular uma emoção humana em uma animação e por mais que exista um bom trabalho técnico, nunca será tão crível quanto um humano de verdade.
Isso foi um problema neste filme e nos seguintes: A Lenda de Beowulf e Os Fantasmas de Scrooge.
Mas técnicas à parte, o roteiro do filme convence? E como filme natalino, ele funciona?
A resposta para as duas perguntas é: sim e não.
De fato, há uma boa história aqui a ser contada: um trem que leva as crianças para o Pólo Norte e visitarem o Papai Noel é uma história irresistível aos menores e maiores que não perderam a magia do natal e por mais que o desfecho não tenha surpresas, o que vale é a jornada e o envolvimento emocional com os personagens.
Não chega a ser tão marcante quanto clássicos como Esqueceram de Mim ou A Felicidade não se Compra, mas tem o seu valor.
E mesmo com o problema da captura de movimentos, o visual é de encher os olhos e transporta o espectador para a terra do Papai Noel – daí o encantamento por parte dos menores.
Mesmo Tom Hanks, um ator veterano, vencedor de Oscar, teve uma captura problemática: Ok, há um esforço por parte do ator e nota-se suas expressões nos 5 personagens em que ele interpreta.
O que Robert Zemeckis deveria enxergar é que uma captura é bem-sucedida quando um personagem é o menos humano possível, como um Gollum, King Kong ou Thanos. Emular as emoções humanas é algo quase impossível e que a tecnologia ainda não chegou a este patamar, embora a ideia aqui tenha sido legal.
O Expresso Polar não fez o sucesso esperado muito menos marcante, mas que se tornou querido, é a referência natalina de muitos e reacendeu o interesse do público em filmes de Natal.
E isso não há tecnologia que pague.