O Bom Partido – Um clássico de Jane Austen com um toque moderno

Mês passado eu recebi da editora Essência uma cópia do livro O Bom Partido, da autora Curtis Sittenfield.

A obra é uma adaptação moderna de um dos romances mais famosos (Orgulho e Preconceito) de uma escritora mundialmente conhecida: Jane Austen.

Antes de mais nada, é importante dizer que, apesar de ser uma pequena devoradora de livros, eu mesma nunca peguei uma das obras de Jane Austen para ler. Uma blasfêmia, eu sei. Mas me parece que este tipo de literatura não é a minha praia.

Porém, não comecei a leitura sem um background; assisti a adaptação da obra, estrelada por Kiera Knightley para que tivesse algum espectro de comparação.

Por outro lado O Bom Partido pode sim ser livro sem que o leitor tenha nenhum conhecimento sobre a história original. Claro que muitas referência não terão o mesmo impacto, mas de modo algum este fato estraga a experiência como um todo.

O livro leva este nome (O Bom Partido) como um pequeno aceno aos diversos reality shows que vemos hoje em dia. Há uma alusão bem direta ao programa The Bachelor, onde várias mulheres competem por um cara bonitão. O reality é citado durante o livro, e é motivo de discussões tantas vezes que é como se ele mesmo fosse um personagem.

A família Bennet é um tanto quanto disfuncional; eles tentam parecer perfeitos, mas tem muitos problemas, principalmente com dinheiro. E se você é uma daquelas pessoas que já achava a Sra. Bennet intragável no livro ou na adaptação do filme, vai querer jogar o livro bem longe toda vez que ela está envolvida em uma cena. Mas deixo claro aqui que o motivo disso não é por ela ser uma personagem ruim, na verdade é muito bem desenvolvida. Em O Bom Partido, a Sra. Bennet é o pacote pronto de tudo o que a sociedade tem de julgadora.

Liz é a personagem principal, mostrada como uma mulher independente que trabalha como escritora em uma revista, mas que se vê presa em uma relação nada saudável com Jasper. Este relacionamento em particular não teve destaque na adaptação do filme, mas toma uma boa parte do livro e demora muito para ser resolvido. Muito mesmo.

Curtis Sittenfield trouxe toques modernos à uma obra clássica tocando em assuntos como machismo, feminismo, mostrando a pressão da sociedade sobre o-bom-partido-post-1mulheres mais velhas que não são casadas, ou sobre mulheres que decidem ser mães solteiras. Há muitos outros elementos bem interessante que não posso citar, se não isso aqui vai virar um show de spoilers.

O ‘mocinho’ da trama aparece aos poucos e também desperta o olhar julgador do leitor logo de cara. A autora fez um ótimo trabalho em esconder os pontos positivos de Fitzwilliam Darcy até o momento certo para serem revelados. Mas confesso que não consegui sentir apego pelo personagem mesmo depois do principal conflito ter sido resolvido.

Gostei muito da Liz. Na verdade foi a única personagem com quem me importei, apesar de ela se demonstrar cada vez mais controladora conforme as dificuldades financeiras da família Bennet iam surgindo. Por conta disso, o romance dela com Darcy acaba ficando mais em segundo plano.

O restante da família Bennet foi completamente dispensável para mim. As irmãs mais novas, envolvidas por dietas malucas e cuidados estéticos, são extremamente superficiais. Mary foi quase que completamente apagada; ela está ali só para não ficar de fora e representa uma pequena parte da carga de modernidade posta no livro (pequena mesmo. Você não sabe muito sobre ela até literalmente a última página, e esta também não faz muita diferença). Jane é a única irmã de Liz por quem senti algum tipo de afeto; é uma personagem doce e gentil que sofre bastante durante o livro.

No geral, O Bom Partido acaba sendo mais sobre Liz cuidando de sua família do que ela envolvida em um romance propriamente dito.

A obra de Curtis Sittenfield é um livro divertido para passar o tempo, mas é do tipo que leva um pouco mais de tempo para ler, pois tem uma escrita um pouco mais densa por conta da fonte a qual ela usou para produzir a própria obra.

O Bom Partido discute temas atuais, fala sobre a independência da mulher, o caráter julgador da sociedade e também deixa um pouquinho de espaço para o romance.

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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