Nostalgia: Os 65 Anos de Sindicato de Ladrões

Sindicato de Ladrões é um dos maiores filmes de todos os tempos. Ponto. E um dos filmes mais corajosos de sua época. Eram os anos 50, onde a TV estava crescendo nos EUA e o cinema também tinha essa missão de unir as pessoas e mostrar a imponência norte-americana, sobretudo contra os soviéticos em um contexto de guerra fria.

Qualquer coisa que fugisse desse padrão era taxada de comunista e entrava para a lista negra do senador McCarthy.

Mas Sindicato de Ladrões ousou fazer um filme com uma crítica ácida à corrupção, conspirações, às relações de trabalho onde o silêncio pode ser comprado por dinheiro ou pela força.

É um dos melhores filmes dos anos 1950, o que é um feito em uma década que o cinema nos agraciou com Um Corpo que Cai, Janela Indiscreta (ambos de Hitchcock), Crepúsculo dos Deuses, Quanto Mais Quente Melhor (ambos de Billy Wilder), A Malvada, entre muitos outros.

E venceu nada menos do que 8 Oscar: Melhor Filme, Direção para Elia Kazan, Ator para Marlon Brando, Atriz Coadjuvante para Eva Marie Saint, Roteiro, Direção de Arte, Fotografia e Montagem.

Mas afinal, porque Sindicato de Ladrões é este filme tão especial? Por uma série de razões: é corajoso, doloroso e cínico, ao passo que também é sensível, com muita ternura e empatia ao tratar seus personagens, que são mais verdadeiros do que apenas “bonzinhos” ou “malvados”

O filme conta a história de Terry Malloy (Marlon Brando) um boxeador fracassado que se tornou estivador e homem de recados do seu chefe corrupto do sindicato, Johnny Friendly (Lee J. Cobb), é perturbado pela sua participação no assassinato de um estivador descontente com o sistema.

Ele acaba se apaixonando pela irmã do morto, Edie Doyle (Eva Marie Saint), também descobre que foi traído e vai fazer de tudo para derrubar o sistema de Terry e sua rede de corrupção.

O filme foi inspirado em uma série de artigos de jornal e surpreende que uma figura tão polêmica quanto Elia Kazan tenha se encantado pelo material, justamente porque ele foi um dos responsáveis por entregar figuras “suspeitas” de Hollywood como Charlie Chaplin na “caça às bruxas” do senador McCarthy, mas aqui ele faz um de seus melhores e mais humanos filmes.

O filme se apresenta de forma elegante e sincera, mas sabe ser cínico e até visceral quando é exigido, mas por mais que este seja um filme corajoso, o que vai ficar marcado na mente do expectador é a química e os diálogos entre Brando e Marie.

Os diálogos são poderosos. É uma história de amor sim, mas o menos clichê possível. A química acontece de forma fluida, mas intensa. E o resultado é um dos diálogos mais bem construídos do cinema.

Sindicato de Ladrões ainda nos traz uma brilhante reflexão sobre a traição e relações de trabalho. É um filme que ainda inspira autores e roteiristas. Isso há mais de 60 anos. Um dia Hollywood foi assim.


Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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