Magic The Gathering: Commander 2019 surpreende

A edição de 2019 dos decks de Commander de Magic the Gathering chegou com belas surpresas e propostas interessantes. Seguindo o formato dos últimos anos, foram feitos 4 baralhos com temáticas bem distintas. Mas o que mais surpreendeu este ano, é que fizeram decks mais coesos nas temáticas escolhidas e a maior parte dos baralhos seguindo as respectivas propostas. Pois em anos anteriores (em especial ano passado), os decks tinham muitas cartas que fugiam da temática, dando a impressão de que um terço ou mais das cartas foram colocadas ali apenas para completar as 100 cartas do baralho, ao invés de agregarem algo referente a proposta do comandante.

Um bom exemplo disso: O deck do Lorde Windgrace do ano passado, tinha muitas cartas interessantes, mas que não tinham nada a ver com a proposta da mecânica de terrenos do próprio Lorde, e só pareciam ter sido colocadas aleatoriamente ali, sem uma conexão clara (como por exemplo, una criatura que força todas as criaturas à atacarem sempre) . Porém, neste ano há poucas cartas dessa maneira nos baralhos. Temos quatro temáticas interessantes dessa vez, cada qual centrada em uma palavra-chave de habilidade: Povoar, Metamorfose, Recapitular e Loucura. Outro padrão que foi mantido este ano, é que cada deck contém 17 cartas novas, contando com o próprio comandante e 83 cartas que já existiam em outras coleções. Falarei um pouco de cada um e sobre a proposta e estilo de jogo de cada.

Ghired, Exilado do Conclave é o comandante do deck de popular, que vem na combinação de cores conhecida como Naya (Verde, vermelho e branco). Ele é uma criatura lendária que ao entrar em jogo, coloca uma ficha de rinoceronte 4/4 com atropelar para você, e quando é declarado atacante, ele povoa e a ficha entra virada e atacando junto. É a primeira carta com povoar que faz a ficha atacando. As outras criaturas lendárias do deck que são referidas como “sub-comandantes”, estão relacionadas de alguma forma com a proposta do baralho, pois uma delas é a Atla Palani, Cuidadora do Ninho – cuja habilidade é colocar uma ficha de ovo em jogo e sempre que um ovo seu morrer, revela cartas do topo do baralho até vir uma criatura e a coloca em jogo. Se encaixa na temática pois lida com fichas de criatura que podem ser povoadas. Já o outro sub-comandante é o Marisi, Destruidor da Espiral – que impede que os oponentes façam magias durante os combates e sempre que uma criatura sua causar dano de combate à um oponente, Atiça todas as criaturas que aquele jogador controla (criaturas atiçadas precisam atacar no próximo turno se estiverem aptas e têm que atacar outro jogador que não seja você nem um planinalta seu se puderem ). Já esse não está diretamente relacionado à mecânica do baralho, mas como a proposta do deck é ficar povoando e encher a mesa de criaturas, faz sentido ter criaturas que ativam habilidades quando você causa dano de combate nos oponentes. A maior parte das cartas novas para o deck possuem a palavra chave Povoar ou estão relacionadas à ela, o que torna o deck mais coeso e sente que vale à pena manter as cartas.

Kadena, Feiticeira Serpertil é a comandante do deck de Metamorfose, que vem na combinação de cores conhecida como Sultai (Verde, preto e azul). Ela é uma criatura que diminui o custo de criaturas conjuradas com metamorfose em 3 uma vez a cada turno, efetivamente podendo conjurar a primeira criatura desse tipo de graça por turno. E sempre que uma criatura voltada para baixo entrar em jogo sob o seu controle, você compra uma carta. Essa segunda habilidade é muito boa e te dá uma vantagem de compra insana, muito forte. A proposta do deck é ter muita versatilidade de efeitos e habilidades nas suas criaturas e conseguir colocar sempre várias delas na mesa ao mesmo tempo que seus oponentes não saberem o que os espera, criando receio e medo do que pode surgir das suas criaturas anônimas. É um baralho que joga em reação ao que os oponentes fazem, com as habilidades de metamorfose. Os sub-comandantes deste deck se encaixam na temática de mudança de forma e adaptabilidade, sendo que Volrath, o Ladrão de Formas é uma criatura lendária que no início da fase de combate de seu turno, ele pode colocar um marcador -1/-1 em uma criatura e pagando 1 mana qualquer, ele pode roubar até seu próximo turno a forma de qualquer criatura que tenha algum marcador nela. Já a segunda criatura lendária é Rayami, Primeiro dos Caídos – um vampiro que faz com que sempre que outra criatura morrer, ela é exilada ao invés de ir para o cemitério e que rouba habilidades que aquelas criaturas possuíam (como por exemplo: voar, ímpeto, atropelar, iniciativa, proteção). As cartas novas deste deck achei muito boas e dentro da temática de metamorfose, apenas duas que achei que não tinham conexão (Altissauro do Ápice e Grismold, Semeador do Pavor). Este deck foi uma surpresa o quanto ele é coeso e divertido de jogar dentro da temática dele e bem montado nessa proposta.

Anje Falkenrath é a comandante do deck de Loucura, que vem na combinação de cores conhecida como Rakdos (Vermelho e preto). Ela tem ímpeto e pode virar para descartar uma carta e depois comprar uma carta. Se a carta descartada tiver a habilidade de loucura, ela desvira. Isso pode ser um meio muito forte de compra de cartas e reciclar o que tiver na mão e ainda poder usar as cartas descartadas. Imagina ter 5 cartas com loucura na mão e poder ativar 5 vezes em um turno ela, comprando outras 5 cartas? O potencial de procura de respostas dela é muito alto. E o fato dela custar apenas 3 manas e com ímpeto a tornam muito boa e forte. Das cartas novas do baralho dela, todas tem alguma relação com a proposta do deck, seja com loucura ou em relação à cartas na mão. Já os sub-comandantes, tem o Chainer, Adepto de Pesadelos – que permite descartar uma carta para poder conjurar uma carta de criatura de seu cemitério no turno, podendo usar esta habilidade apenas uma vez a cada turno; e além disso ele concede ímpeto às criaturas que não sejam fichas que entram em jogo sob seu controle que não tenham sido conjuradas da mão, totalmente sinérgico com a temática do baralho. Já Greven, Capitão da Predador – não tem nada a ver com a mecânica de loucura, pois suas habilidades são ameaçar e que ganha +X+0 até o final do turno igual à quantia que você perdeu de vida no turno. E sempre que ataca, você pode sacrificar uma criatura (se o fizer, compra cartas e perde pontos de vida igual ao poder e resistência da criatura, respectivamente).

E por último, temos Sevinne, o Cronoclasta como comandante do deck de Recapitular que vem na combinação de cores conhecida como Jeskai (Branco, azul e vermelho). Previne todo o dano que seria causado à ele e sempre que conjurar sua primeira mágica instantânea ou feitiço do cemitério à cada turno, faz uma cópia dela: outra habilidade muito boa e forte dentro da temática. As cartas novas em sua maioria estão dentro da temática, com algumas excessões, como por exemplo o Gerrard, Herói da Bons Ventos – sua habilidade de trazer de volta criaturas e artefatos que foram colocados no cemitério junto com ele, não tem ligação direta com a proposta de recapitular em si, além do fato de que o deck não tem muitas criaturas e artefatos para se aproveitar bem dessa habilidade. Os sub-comandantes são: Pramikon, Améias Celestes – Uma Barreira voadora que estabelece um único sentido no qual os jogadores podem atacar, seja à sua esquerda ou direita e sempre o jogador mais próximo naquela direção. Apesar de não ser sinérgico com a temática do deck, ajuda à se defender e minimizar as ameaças contra você. Já Elsha do Infinito, é bem forte mas também não está ligada exatamente à proposta do deck. Pois ela tem Destreza e você pode olhar a carta do topo do seu baralho à qualquer momento; além de poder conjurar cartas que não sejam criaturas nem terrenos como se tivessem lampejo (uma habilidade extremamente forte). Uma das cartas novas deste baralho é insanamente boa para commander mas não está realmente ligada à temática de recapitular: o Extorcionista das Docas, um goblin que ao entrar em jogo, cria fichas de tesouro iqual ao total de artefatos e encantamentos nas mesas de todos os oponentes!

Então, no geral esta edição de Commander veio muito boa e divertida e com baralhos bem mais coesos e fiéis à suas propostas que os anos anteriores, o que foi muito bom e satisfatório. Sem contar que foi muito legal terem criado em cada um dos 4 decks, criaturas lendárias relacionadas à história do bloco de Tempestade e mais especificamente sobre a Nau Bons Ventos e a Nau Predador! São essas cartas: Gerrard, Herói da Bons Ventos; Tahngarth, o Imediato; Volrath, o Ladrão de Formas e Greven, Capitão da Predador. Este foi uma das edições que mais gostei de commander e recomendo à todos!


Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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