La Casa de Papel: Parte 4 é entretenimento puro

La Casa de Papel é um fenômeno. Mesmo quem não tem o hábito de assistir séries ou não é considerado “nerd” sabe da existência da série, mas não foi sempre assim: chegou na TV espanhola em 2017, de forma desacreditada e logo se tornou um sucesso por lá. Mas achavam que seria apenas isso.

Nem mesmo o mais otimista poderia imaginar o que viria a seguir: a Netflix comprou os direitos de exibição e se tornou um fenômeno mundial. Todos correram para ver esta série que todos estavam comentando. O macacão vermelho e máscara de Salvador Dalí explodiram de vendas, sendo visíveis em eventos de cultura pop ou até no carnaval.

E depois que a série foi absorvida pela Netflix o sucesso aumenta de forma exponencial.

Mas afinal, porque La Casa de Papel faz este sucesso todo?

É uma grande mistura entre trama eficiente, personagens carismáticos, elenco competente e até um pouco de sorte.

Mas o principal motivo é: a série instiga o espectador.

Você pode gostar ou não, mas uma coisa tem que admitir: a série vicia.

E nesta 4ª parte, isso é elevado até a enésima potência.

Após aquele desfecho totalmente em aberto e angustiante da 3ª parte, a expectativa estava nas alturas e para quem achava que a criatividade dos roteiristas havia acabado está muito enganado.

Entrar no Banco da Espanha e pegar o ouro do local é ainda mais ousado do que imprimir dinheiro na Casa da Moeda, mas nenhum roubo é páreo para a natureza e conflitos humanos.

Nada é o que parece ser e o roteiro foi cuidadoso em ser imparcial no tratamento das partes e os ditos heróis ou vilões dependem do ponto de vista de quem o vê: há pessoas bem ou mal-intencionadas dos dois lados.

E com o sucesso, nota-se que a série teve seu orçamento aumentado, seja pelas cenas de ação (que não perde nada para um blockbuster hollywoodiano, por exemplo), com muito mais personagens e mais tomadas externas.

Com isso, esta temporada é a mais tensa da série até o momento, não apenas pela ação desenfreada em momentos de tirar o fôlego do espectador, mas pelo drama envolvido e momentos-chave da temporada, sobretudo no final de cada episódio onde qualquer descuido pode ser um spoiler.

Agora temos uma dimensão maior de como o público e mídia reagem ao que se vê em tela, além do maior número de flashbacks, o que muitos criticaram, mas que funciona, tanto para um envolvimento maior com os personagens, como para servirem como alívio cômico ou respiro após um momento tenso, embora alguns conflitos e envolvimentos entre os personagens sejam desnecessários para a evolução da trama.

Aliás, os personagens estão claramente mais maduros. A maioria, pelo menos. Até a Tóquio, tão criticada nas temporadas anteriores tem mais camadas ou até mesmo o Rio, que após o trauma da temporada anterior, precisa lidar com seus demônios.

Até mesmo quem tem menos tempo de tela, como a Nairóbi e a Lisboa amadureceram: a primeira é o elo que une o grupo pelo bem comum e a segunda é a motivação do Professor para sua luta entre manter o controle da situação e separar o emocional do racional.

Quanto aos ditos “vilões” pelo grande público, quem odeia o Arturo vai ter um sentimento ainda maior nesta temporada, a inspetora Sierra tem muito mais camadas e não vai ser difícil o público até ter empatia pela personagem e a série ganha muito fôlego com a figura do Gandia na segunda metade da temporada – e quanto menos souber, melhor o personagem fica.

A temporada abriu um gancho para uma nova temporada, que deve acontecer e a Netflix dificilmente vai abrir mão de uma de suas maiores fontes de renda.

A 4ª parte de La Casa de Papel está mais envolvente, tensa e até ousada. A série tem muito valor de entretenimento, diverte muito seu espectador e seu sucesso é merecido.

E tem mais: a temporada está sendo lançada no meio da pandemia do Coronavírus e traz um pouco de escapismo para seu público em um momento de incertezas em todo o mundo, sobretudo na sua terra natal, a Espanha, um dos países mais afetados pelo vírus.

E tem gente que diz que a cultura não é importante.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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