Jedi Fallen Order: uma resenha de uma galáxia muito, muito distante

Um fugitivo do seu passado

Um pequeno robô simpático.

Uma jornada aos confins da galáxia para descobrir segredos perdidos.

Cara genérica de malvado

Star Wars Jedi Fallen Order foi um jogo que eu aguardei muito ansiosamente após a sua revelação. Mesmo tendo seu desenvolvimento envolvido em diversas polêmicas, como a possível (e depois cancelada) participação da Amy Henning na criação da história e todo o barulho negativo do Battlefront 2 em 2018, o jogo está rendendo muitas críticas positivas e se mostrou um sucesso. Mas, não só de elogios fica o lançamento, que poderia melhorar e bastante. Vamos falar sobre isso?

Jedi Fallen Order

O jogo começa em um planeta do império com diversos escavadores fuçando em naves e desmontando antigos cruzadores imperiais pelas peças. Você, no papel de Cal Kestis, deve ajudar um colega de ofício a pegar algumas peças. Muito rapidamente o jogo te entrega o controle e te deixa livre para começar a explorar. O caminho é linear nesse começo, mas os básicos são ensinados. A movimentação desde o começo parece interessante e a história acelera rápido. Em pouco tempo (talvez, até pouco demais) você está com um sabre de luz, enfrentando stormtroopers que estão te caçando, pois, após a ordem 66 (lembra do final de Star Wars Episódio 3? Não? Putz, foi mal pelo spoiler) os Jedi foram todos eliminados pelo Império.

Ah, Cal é um Jedi aliás, e seus poderes estão meio dormentes, sua ligação com a força foi danificada após os eventos que causaram a queda da ordem Jedi.

Se esconda, meu jovem!

Pareceu meio corrido?

Pois é. O início do jogo foi assim para mim. Jedi Fallen Order é um baita jogo, vamos deixar isso claro. O universo está muito bem construído, o jogo é muito bonito, a progressão não totalmente linear com um combate inspirado em Sekiro traz um novo fôlego para os jogos da franquia da Disney. Mas, a sensação que fica em pouco tempo de jogo, é que Jedi Fallen Order precisava de alguns meses de desenvolvimento ainda.

O jogo não estava pronto para ir a público.

Diversos pequenos problemas de otimização, bugs, quedas infinitas, loads longos que as vezes interrompem uma progressão, sem falar no polimento do sistema de plataforma do jogo, que tenta replicar um sistema onde erros são punidos brutalmente de jogos da série Souls, mas os controles são sensivelmente ruins em alguns trechos e isso prejudica sim a sequência de jogo.

Esperando o load passar para continuar o jogo…

Os problemas me fazem pensar que Jedi Fallen Order estava em desenvolvimento corrido e que houve sim uma pressão da EA para que o jogo saísse antes do lançamento do último filme da trilogia moderna da franquia, mas isso, claramente, não fez tão bem assim ao jogo.

Mas o que é bom?

Ah, muita coisa! Como falei ali em cima, o jogo bebe de jogos como Sekiro e tem uma progressão não linear que lembra muito jogos como os chamados MetroidVania, que vão exigir exploração do jogador em um vai e volta frequente, desbloqueando novas áreas a cada poder novo que Cal desperta. Os poderes transformam o jogo como um todo. Usar um Empurrão ou Puxar algo com a Força pode ser usado nos cenários para atravessar trechos antes intransponíveis, ou para jogar tropas imperiais por abismos mortais com um botão apenas. As batalhas, também mudam muito, no início do jogo somos apresentados à mecânica de defletir e paralisar os oponentes usando a Força. Mas, a medida que novos oponentes e desafios são introduzidos, fica claro que Cal é despreparado e suas habilidades, mesmo que poderosíssimas, não fazem frente a um exército de troopers. Portanto, prepare-se para morrer algumas vezes e compreender as rotinas de certos personagens, seus ciclos de ataque, suas fraquezas e suas forças.

A Segunda irmã não… Essa eu só apanhei mesmo até agora…

Por mais de uma vez eu enfrentei um oponente novo pela primeira vez e morri rapidamente sem conseguir dar um golpe, e, minutos depois quando voltava àquela batalha (após renascer em um ponto distante, e ter que batalhar tudo novamente) eu enfrentava o mesmo oponente e, conseguia uma vitória fácil. Como é possível? Bom, a curva do jogo é acentuada mas é justa, você vai apanhar bastante, mas nada que com um pouco de empenho você não consiga superar.

Então é tipo Souls?

todo jogador de videogame dos anos 2000

Tá na moda comparar todos os jogos que são difíceis com Dark Souls né? Verdade seja dita, o jogo da From Software fez sucesso e deixou herdeiros, clones e sucessores. A influência em Jedi Fallen Order é inegável, o jogo da EA se inspirou em Sekiro, que por sua vez é fruto da evolução de Bloodborne, que veio diretamente da série Souls. Como negar?

Apesar de morrer bastante e ter várias semelhanças, como o progresso ser perdido a cada morte e poder ser recuperado apenas enfrentando o seu algoz, ou se você optar por descansar e recuperar suas energias, os seus oponentes também voltam. Jedi não é só uma cópia de jogos “tipo Souls”, Jedi Fallen Order possui uma filosofia bastante própria e oferece uma experiência desafiadora, mas muito menos punitiva que os outros jogos citados.

Cal, apesar de ser um Jedi, sofre para enfrentar Stormtroopers no começo do jogo, mas, com a sua ligação com a Força se fortalecendo (hah!) o jogador tem acesso a novos poderes e Cal tem acesso a novas habilidades que deixam o combate no meio para o final do jogo bem mais interessante.

E qualé a desse mané?

Bom, para ser totalmente honesto, eu detestei o Cal a princípio, o ator que dá o rosto ao personagem é um dos Pseudo-Coringas da série Gotham (o que me leva a perguntar, o que tem de Star Wars que fez os protagonistas serem Coringas? Mark Hammil tá aí pra provar!)

Heroi da Luz de dia, Maníaco psicopata a noite…

E eu já não simpatizei com ele de primeira. Ao longo do jogo, é claro que você pode se afeiçoar mais, e entender o personagem. Aliás, o casting inteiro dos atores do jogo é bem interessante, Debra Wilson faz o papel de Cere Junda e está bem representada, a vilã, a Segunda Irmã também tem uma caracterização intimidadora e vale bastante a pena descobrir tudo dentro do jogo!

Novos e velhos conhecidos dão as caras

Mas, Cal é um personagem meio genérico demais no começo do jogo, e ficaria chato demais se não fosse o novo robô vendedor de bonequinhos BD-1.

O Simpático droide fala em binário como R2-D2 e BB-8, mas, aparentemente não é um problema para Cal que tem intensas conversas com o novo companheiro. Ele também é portador das mensagens criptografadas de um mestre Jedi que escondeu um grande segredo em uma câmara e pede que você a encontre. BD te acompanha o jogo inteiro e é extremamente útil, desbloqueando caminhos, abrindo baús e te fornecendo cura.

O droide entra para o Rol de personagens secundários que acompanham o protagonista e que, sem eles, sua vida ficaria bem mais complicadaNome comprido esse, não? Preciso de um menor…

Mas entre Bugs, batalhas épicas, Loads infinitos e personagens carismáticos, Jedi Fallen Order é um baita jogo, mostra que a EA tem sim a capacidade de fazer um jogo sem inserir microtransações desnecessárias e focado em um single player bom. Mas ainda falta aprender que jogos precisam de polimento, e devem sair quando estiverem prontos para sair (sim, Cyberpunk, estou olhando ansioso para você!).

No fim das contas, é Star Wars, e se você é fã, você deve sim embarcar nessa aventura por uma galáxia muito muito distante, há muito tempo atrás.

Nerd: Matheus Farina

Filho do verão, é apaixonado pelo inverno. Descobriu que é possível ganhar dinheiro na internet e tá tentando fazer funcionar desde então. Joga videogame como profissão e trabalha como Hobby. Tem um sério problema de arrumar suas prioridades.

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