Hitch – Conselheiro Amoroso: 15 anos depois (2005)

Mais de uma década já passou, mas uma coisa não mudou: Will Smith continua sendo um dos maiores astros do cinema, dos atores mais pagos e seu carisma é muitas vezes maior do que os próprios filmes na qual ele participa.

Basta lembrar do frisson causado em sua segunda passagem pelo Brasil em 2017, durante a Comic Con Experience para divulgar Bright, seu novo filme e original Netflix.

Segunda passagem? Então qual foi a primeira? Foi justamente em 2005 para promover seu novo filme, Hitch – Conselheiro Amoroso.

E a ocasião foi perfeita: o filme estreou no mês de fevereiro, foi um sucesso e o astro caiu no samba.

Mas deixando a parte externa de lado e focando no filme em si, Hitch – Conselheiro Amoroso é uma boa comédia romântica, não é genial, é considerada errada nos dias de hoje, mas se sustenta muito no carisma de Will Smith.

Na história, Will faz uma espécie de “doutor do amor” de Nova York, que ajuda homens desesperados a conquistarem a mulher dos seus sonhos. O filme transita no protagonista agindo com vários clientes, mas o filme foca, principalmente, em Albert (Kevin James), um contador tímido e carente, mas apaixonado por uma cliente, Allegra Cole (Amber Valletta).

Mas nada disso ajuda o Hitch a conquistar a moça no qual ele está apaixonado, a colunista do New York Times Sara (Eva Mendes), ao contrário: todos os seus métodos “infalíveis” fracassam em sua conquista pessoal, sem contar o risco de ele ser descoberto pelo veículo que a moça trabalha.

O filme é simples em sua essência e esta comédia romântica se encaixaria muito bem como um filme francês ou brasileiro mais agridoce, mas o orçamento de 70 milhões de dólares (alto até mesmo para os dias de hoje, considerando que Coringa custou 55) é justificado pelos grandes planos da Big Apple em mostrar a grandiosidade estadunidense – lembrando os filmes de Roland Emmerich, por exemplo, mas, principalmente, pelo cachê de Will Smith.

Estamos falando de 2005, época em que um astro no pôster ainda definia o sucesso um fracasso de um filme.

Mas o esforço valeu a pena: o filme faturou 370 milhões nas bilheterias mundiais, se tornou um jovem clássico do gênero, querido, amado por muitos e não é difícil se deparar com as reprises da Sessão da Tarde.

A premissa é muito bacana e quase funciona como um filme de autoajuda em “ensinar” os homens mais tímidos na arte do encontro, mas deixando claro que é um produto de entretenimento e que não se deve levar a sério.

Mas o que incomoda mesmo em Hitch – Conselheiro Amoroso, é que, estruturalmente, o filme envelheceu um pouco mal: mostrar homens para a arte da conquista, sem mostrar o ponto de vista feminino pode ser interpretado como machismo hoje em dia, sem contar a gordofobia nas entrelinhas: Kevin James é sempre apresentado como o gordinho atrapalhado enquanto Will Smith é sempre inteligente e seguro de si, ao menos na primeira hora de projeção.

Mas apesar dessas ressalvas, Hitch – Conselheiro Amoroso continua sendo uma comédia romântica que agrada multidões, amada por muitos, mas que os problemas são evidentes. A química do casal principal funciona e o filme tirou bom proveito seu alto orçamento.

E considerando os problemas com as entrelinhas, será que vale fazer um reboot?

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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