Elite – 3ª Temporada: Um “arroz com feijão” feito com tempero especial

Elite é uma boa série da Netflix. Mesmo. OK, dificilmente ela vai para uma premiação como Emmy e Globo de Ouro, nem os críticos a consideram algo “sério”, mas é uma boa série sim, um produto feito com competência e de uma coisa não dá para negar: Elite é uma série que vicia o espectador, seja pelos dilemas de seus personagens, conflitos, relacionamentos e, principalmente, pelos mistérios envolvidos que prendem o público até o final.

E apesar de ser uma série majoritariamente para o público adolescente, também pode ser apreciada por adultos justamente por seus temas mais relevantes, como o bullying, luta de classes, amizade, xenofobia ou LGBTfobia.

Mas o sucesso de Elite vai além de seu elenco jovem e atraente: esta série espanhola chegou na Netflix em 2018, meses depois do rebuliço provocado por La Casa de Papel, inclusive com alguns atores que fizeram essas duas séries e considerando o sucesso de outras produções de língua não-inglesa como Dark ou até a brasileira 3%, a Netflix enxergou o potencial e viu que, para seu público, o que importa é a qualidade, independentemente do idioma.

Muitos estão apontando esta 3ª temporada de Elite como “mais do mesmo” e uma reedição do primeiro ano. De fato, há muito da 1ª temporada aqui e nem os produtores esconderam isso, mas não dá para negar a evolução e maturidade dos personagens e mesmo os ditos “vilões” provocaram mais empatia de seu público. Não por serem bonzinhos, mas por serem verdadeiros.

Por exemplo, as personagens já cresceram, algumas manias da adolescência já ficaram para trás (embora esta temporada contenha mais festas do que as anteriores) e aqui já existe a preocupação com a vida adulta, como a entrada para uma faculdade.

Mesmo alguns conflitos, como a rivalidade entre Nádia e Lucrécia, que foi praticamente um personagem na primeira temporada, aqui é apresentado de forma mais madura, não apenas pelo roteiro que favorece as duas, mas pelo respeito e sororidade que é fundamental aqui, sem contar que as atrizes Mina El Hammani (intérprete da Nádia) e Danna Paola (atriz que faz a Lucrécia) claramente melhoraram em relação ao começo da série.

Estruturalmente, as três primeiras temporadas são iguais: temos um assassinato, a série volta no passado para mostrar as motivações e histórias de cada um, mas sempre intercalando as duas linhas temporais e deixando a trama mais dinâmica.

E por se tratar de uma temporada de fechamento de ciclo, já que a trama se passa no último ano da escola, este pode ser o indício de a história destes personagens também esteja se fechando e a série possa ser apresentada no futuro sob um novo ponto de vista.

Seriam os personagens clássicos em um novo ambiente ou personagens novos? Vai depender de como os roteiristas e criadores querem os próximos anos.

Elite é uma série diferente, que aposta no carisma e sex appel de seus atores, mas é muito mais profunda e inteligente do que parece ser. Aborda temas que muitas séries “sérias” não têm coragem e vale a maratona, considerando que são apenas 8 episódios por temporada.

E também o público pode ver uma série que não seja falada em língua inglesa sem medo de perder a qualidade e interesse.

Agradeça ao streaming e à globalização.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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