Crítica: O Grito é uma Adaptação Equivocada

A nova adaptação ocidental do filme O Grito, chega aos cinemas neste mês trazendo uma história de terror e sobrenatural às telonas. Dirigido por Nicolas Pesce esta versão do filme japonês Ju-on: The Grudge se mostra equivocada em diversos aspectos.

A história em que este filme se baseou (Ju-on: The Grudge), refere-se à uma maldição causada pelo assassinato brutal de uma mulher e seu filho em uma casa no Japão. No conto original, tal maldição está atrelada à casa em si, fazendo com que qualquer pessoa que entre no local, seja perseguido pelos fantasmas da casa e sejam mortos. Porém, neste versão, é brevemente mostrado que uma mulher que morreu nessa casa nos Estados Unidos, visitou o japão e trouxe a maldição com ela, e se instalando neste novo local. Este é um dos pontos discordantes, pois aqui a maldição não fixou na casa original, mas mudou junto com com a vítima.

Em segundo lugar, em nenhum momento explica a origem da maldição ou porque está neste local, apenas que está relacionada à Fiona Landers (Tara Westwood) que voltou do Japão e acabou matando o marido, filha e se matando também. Só é mencionado um local aparentemente amaldiçoado lá e que ela teve contato com alguma coisa que a acompanhou de volta. Então, o espectador fica o filme todo sem saber ao certo o que é tal maldição, apenas que persegue todos que entraram na casa. E nesta versão, parece que os que morreram pela maldição ficam para atormentar as próximas vitimas, o que não acontece em Ju-on, onde apenas Kayako e seu filho Toshio perseguem as pessoas.

Outra incoerência, é sobre como a maldição interage com as pessoas que entraram na casa e quanto tempo leva para matar as pessoas, pois no filme vemos pessoas que morrem depois de pouquíssimo tempo e outras que demoram semanas, meses ou mesmo anos sendo atormentadas e continuam vivas. Assim, acaba parecendo algo realmente aleatório.

Por fim, o enredo conta três fragmentos de história em tempos diferentes, relacionados às pessoas que viveram na casa, ou que foram vítimas da maldição. Mas o problema é que ficam intercalando essas histórias com o presente de forma muito confusa e sem uma lógica palpável. Isso torna o fluxo do filme muito confuso e atrapalha o espectador a se situar e entender exatamente o que está acontecendo. Deveria ter sido feito de forma mais intuitiva e sinalizada.

Já no quesito terror e suspense, o filme também peca, pois as cenas e momentos de susto e medo, são quase que totalmente previsíveis e não impressionam muito, tornando-se apenas mais do mesmo que já estamos acostumados e acaba sendo enfadonho. Único aspecto positivo é na qualidade dos efeitos, que no geral ficaram muito bons e agradam, mas infelizmente não salvam só no visual.

Talvez para quem não conhece nem viu nenhum dos filmes do conto original ou até mesmo a adaptação anterior de hollywood, possam achar ok o filme, mas aos que estão familiarizados, este ficará a desejar. Portanto, caso goste do gênero de terror e espíritos e maldições, possa lhe interessar, mas pode não agradar à fãs do gênero e da franquia, nem proporcionar muitos momentos de tensão ou susto e medo.

Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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