Em “Judy” Renée Zellweger faz o melhor papel de sua carreira

Atuar não é fácil. E o desafio se torna ainda maior quando se trata de interpretar um personagem real, uma figura que as pessoas conheçam, se identificam e que a tem na memória.

Algumas atrizes já interpretaram Marilyn Monroe, algumas com sucesso e outras nem tanto e não tem como esquecer que Cate Blanchett fez uma performance arrebatadora de Katherine Hepburn em O Aviador, de Martin Scorsese, papel que lhe rendeu um Oscar em 2005.

Neste cenário, quando foi anunciado que a vida de Judy Garland teria uma cinebiografia, muitos ficaram curiosos em qual atriz aceitaria o desafio de viver uma das mais icônicas do cinema e polêmicas também.

E não foi exagero nenhum dizer que Renée Zellweger foi a escolha certa para este papel.

Ambas são excelentes atrizes, de talento comprovado e presença nas premiações. Judy Garland foi a inesquecível Dorothy em O Mágico de Oz, fez uma das versões de Nasce Uma Estrela em 1954 – sim, do filme com a Lady Gaga – e morreu jovem, aos 47 anos.

Renée Zellweger surgiu em Hollywood na 2ª metade os anos 1990 como o par romântico de Tom Cruise em Jerry Maguire, teve uma carreira vitoriosa no início dos anos 2000 até seu Oscar em 2004 por Cold Mountain, mas que depois viveu anos no ostracismo até voltar com tudo aos holofotes.

E o que elas têm em comum? Ambas tiveram suas vidas destruídas por Hollywood, mas por motivos distintos: Judy era geniosa e teimosa, mas a indústria exigia uma moça sempre feliz e com a pressão de ser a melhor. Isso acabou influenciando em sua vida pessoal, carreira, depressão e morte.

Já Renée era das atrizes mais promissoras e talentosas de sua geração, mas a pressão por estar sempre linda a fez entrar em diversas cirurgias plásticas, botox, o que afetou sua saúde e aparência até que ela parou de ser chamada para os papéis e viu sua carreira ir para o ralo, mas esta é sua chance de dar a volta por cima.

Este é o papel mais pessoal para Renée, o que o torna também o mais intenso e envolvente de sua carreira.

Há um grande trabalho de entrega e estudo de personagem, mostrando uma mulher destruída psicologicamente pela pressão da fama e afetando sua vida amorosa, mas, principalmente a relação com os filhos (sendo um deles a Lisa Minnelli).

Renée merece todos os prêmios por este papel.

Mas engana-se quem acha que o filme se resume à Renée, pois há um bom trabalho de maquiagem (indicado ao Oscar) e reconstrução de época.

Aos fãs da Judy Garland, há várias referências à sua Dorothy, papéis mais famosos e suas músicas no palco, sem contar que o filme transita entre o fim da vida da Judy e os flashbacks de sua infância e adolescência.

As transições acontecem de forma fluida, até com uma certa elegância e situam o espectador na mente da Judy para entender o mito em volta dessa figura genial e geniosa ao mesmo tempo.

Judy não é um filme definitivo para mostrar a vida da Judy Garland (seria difícil mostrar isso em um filme de duas horas), mas mostra de forma honesta e envolvente parte da vida desta que, para muitos, é das melhores atrizes que o cinema já viu.

E se a performance hipnótica da Renée Zellweger não for motivo suficiente para apreciar o filme, tudo o que podemos dizer é boa sorte.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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