Crítica: Jexi – Um Celular sem Filtro mostra que de boas intenções o inferno está cheio

Não é apenas nas franquias e na ordem dos estúdios que Hollywood está de olho, mas também no que é tendência no mundo “real”, ver o comportamento de seu público para, assim, as pessoas se vêm representadas em tela.

E o que está acontecendo na atualidade? Os smartphones dominam a tecnologia, são o meio mais acessível para qualquer pessoa ter acesso à internet e ao mundo em geral e hoje em dia existe aplicativo para quase tudo.

Pensando nisso, é perdoável que um filme como Jexi – Um Celular sem Filtro ganhe a luz do dia.

O filme é escrito e dirigido por Jon Lucas e Scott Moore, roteiristas de Se Beber, Não Case! (2009) além de terem dirigidos as comédias Finalmente 18! (2012) e Perfeita é a Mãe (2016). Ou seja, o humor deles é na base do escracho, do politicamente incorreto, onde a crítica torce o nariz, mas que pode arrancar algumas risadas de seu público.

E aqui no filme Jexi não é diferente.

O filme conta a história de Phil (Adam Devine), um jovem tímido, carente, infeliz e que não se desgruda de seu celular. Quando ele precisa atualizar seu aparelho, descobre a inteligência artificial Jexi (voz da atriz Rose Byrne), que começa a controlar a vida do nosso protagonista e tudo piora quando ele se apaixona pela jovem Cate (Alexandra Shipp, a Tempestade de X-Men), algo que incomoda o sistema operacional e vai começar a sabotar a vida pessoal e virtual de Phil.

A ideia do filme é excelente e poderia render um programa bacana. Mais do que isso, poderia ter rendido um jovem clássico, mas o filme é esquecível.

As melhores cenas do filme (na verdade, as únicas boas) estão no primeiro ato. Vemos uma crítica ao nosso comportamento com o celular, onde damos mais atenção a eles do que nas pessoas em geral, na nossa dependência por aplicativos e que a falta deste aparelho pode trazer consequências para o usuário, até porque muitos o usam como meio de trabalho.

E depois temos uma espécie de paródia do filme ‘Ela’, vencedor do Oscar 2014 de Roteiro Original, na qual o personagem de Joaquin Phoenix interage com uma inteligência artificial na voz da Scarlett Johansson.

Mas todas essas qualidades não ocupam nem 1/3 do filme: o que se vê depois é um festival de piadas sem graça, chulas, grosseiras e que parecem ter vindo do programa Encrenca, da Rede TV.

E toda a crítica social vai por água abaixo: o filme vira um constrangedor confronto de bem vs mal, além de um triângulo amoroso totalmente desnecessário e uma comédia romântica onde não é difícil adivinhar como termina.

Nem mesmo Adam Devine tem uma boa química entre Alexandra Shipp ou Rose Byrne. E em um filme com essa proposta de envolver seu público a química e interação dos atores deveria ser o básico.

Se (e apenas se) o filme tem alguma graça, ela está na figura do Michael Peña, que faz o chefe do Phil e tenta se esforçar como um chefe fanfarrão.

Jexi não foi bem de bilheteria nos EUA (custou 5 milhões e faturou menos de 10) e a crítica detonou o filme (14% de aprovação no Rotten Tomatoes), o que reflete o fracasso e reforça a nossa tese de um produto esquecível e descartável.

Talvez se o filme chegar nas plataformas digitais ou streamings possa ter algum reconhecimento, ou possa se tornar um jovem clássico nas reprises na TV aberta.

Mas essa temática sobre a crítica do mundo atual e da nossa dependência às tecnologias ainda pode render excelentes obras em várias mídias, como cinema, séries, livros, novelas ou até nos games.

Fica para a próxima.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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