Crítica “Ford Vs Ferrari” – Não é sobre competição, mas sobre colaboração

Toda vez que um filme tem em seu título o nome de um corredor ou a marca de uma empresa de carros, é natural que passe pela mente dos interessados que a história irá se concentrar nas cenas alucinantes de competição. E é sempre muito bom quando o filme consegue ir além disso e mostrar a história dos humanos por trás das máquinas. Claro que as cenas de corrida de tirar o fôlego também são muito bem-vindas .

Ford Vs Ferrari consegue unir essas duas abordagens de forma esplendorosa, principalmente por equilibrar muito bem a variação entre elas e a construção dos personagens. Talvez o único ponto fraco fique com a introdução que poderia ser um pouco mais rápida, mas não é nada que prejudique o filme como um todo.

Confesso que eu estava bem curioso para ver o resultado do que James Mangold iria produzir, afinal, ele me encantou em Logan. E como são filmes completamente diferentes, era a chance de Mangold se firmar com um grande diretor. E ele faz isso com maestria.

Obviamente que a sua missão contava com a ajuda de um ótimo elenco, encabeçado por Matt Damon e Christian Bale. A tarefa de representarem o designer automotivo Carroll Shelby e o piloto britânico Ken Miles nesta incrível história real, é realizada com muito primor e passa toda a vivacidade necessária para mostrar como estes homens lutaram contra o domínio corporativo, leis automobilísticas (e da física talvez) e seus problemas pessoais, para construir um carro de corrida revolucionário o suficiente para a Ford Motor Company assumir o controle das pistas das 24 Horas de Le Mans (França), deixando o domínio de Enzo Ferrari para trás.

De cara, algo que chama a atenção é ouvir Bale com o sotaque britânico. Se tem uma palavra que pode defini-lo com seus trabalhos é comprometimento. Ele é capaz de se transformar das mais variadas formas para dar vida a seus personagens, e aqui não é diferente. Não somente o físico, mas todo o conjunto necessário para encarnar Miles é muito bem construído. Damon também está muito bem no papel e tem grandes momentos, mas Bale É Ken Miles.

O relacionamento entre os dois é o que encanta no filme, mostrando como são pessoas diferentes, mas que têm o mesmo amor pelo esporte e isso os une mais do que tudo. E o relacionamento entre os dois é o que dita ritmo, história e interação com os outros personagens. Até mesmo a competição entre Henry Ford II e Enzo Ferrari, que é muito mais bem explorada e abordada do que pensei que seria, acaba ficando em segundo plano comparada a amizade entre Shelby e Miles.

O filme funciona muito bem tanto para os amantes de esportes de velocidade, que já conhecem a história, quanto para os que não sabem nada, apresentando o mundo de Le Mans e da competição automobilística de forma a encantar os iniciantes e reviver as emoções dos apaixonados.

Por fim, saber tudo o que aconteceu por trás da lendária foto do final da corrida de Le Mans em 1966 é reconfortante e engrandece a figura de Ken Miles. Ele tinha inúmeros obstáculos contra seu sonho, incluindo sua idade, seu temperamento e a inveja de pessoas, mas o amor compartilhado por Shelby e o apoio incondicional de sua família é o que tornaram um verdadeiro campeão, mesmo que não reconhecido naquele ano.

Nerd: Carlos AVE César

Apaixonado por Criatividade & Inovação! Desde pequeno sempre gostei de fazer listas de filmes que tinha assistido, debater teorias e opinar sobre tudo. Em 2012 criei uma Fan Page de GOT, uns malucos botaram fé no que eu falava 1 ano depois montei um site de cultura nerd. Hoje divido meu tempo criando conteúdo para o Universo42 e estratégias de crescimento para a SKY Brasil.

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