Crítica: A Hora da Sua Morte – Modernizando Histórias

O filme A Hora da Sua Morte chega aos cinemas nacionais trazendo uma história de terror e corrida contra o tempo. Saber o que te espera no futuro ou quando irá morrer é algo que queremos descobrir de fato? Parece ser algo bom, mas uma vez que se descobre, acaba sendo mais um tormento e um fardo, ainda mais se por acaso o seu tempo se mostrar curto, e é exatamente sobre isso que este filme se trata.

A premissa da história é sobre um aplicativo de celular que supostamente mostra a hora exata em que as pessoas irão morrer, mas sem dizer como ou onde. Porém, pessoas que instalaram este app realmente acabam morrendo no momento em que lhes é dito que iriam, mesmo tentando evitar, mudando o que iriam fazer, para não correr riscos. Mas quem não iria tentar evitar de morrer se soubesse que tem pouco tempo restante? É um instinto natural querer continuar vivo, não é mesmo? Algo sobrenatural persegue aqueles que tentam escapar de seu destino para que encontrem seu fim no momento certo.

Esse tipo de enredo, onde pessoas tentam de tudo para mudar ou evitar mortes, para na maioria dos casos apenas ocorrer de outra forma sem alterar o final, já foi usado em inúmeros filmes: com premonições, manipulação do tempo, profecias, e de várias outras formas. Neste caso, temos uma modernização de um desses meios, pois o modo como é exposto às pessoas se dá através de um aplicativo de celular, ao invés de algo físico ou sobrenatural, o que ajuda muito a se espalhar e instigar a curiosidade das pessoas, sem levar a sério o que estão mexendo.

Apesar de ser um filme de terror e suspense, apenas em alguns momentos realmente pode-se dizer que se trata de terror, pois na maior parte do tempo há somente o suspense mesmo. E curiosamente, há momentos de alívio cômico com dois dos personagens secundários, o que é algo incomum para um filme deste tipo. Isso não ficou necessariamente ruim, mas não espera-se essa quebra de tensão. As poucas cenas de terror, não são tão impressionantes nem assustam de fato, então definitivamente não é um filme que pretende te assustar, no máximo deixar aflito ou apreensivo.

A corrida contra o tempo para descobrir uma maneira de se evitar a morte é o que faz a história andar e prende o espectador para verificar se realmente é possível fazê-lo. Mas em alguns momentos, parece que perde-se esse foco e acaba desviando a atenção para outros acontecimentos paralelos, que não chegam a comprometer o andamento da história, mas dão umas brecadas no percurso.

Uma coisa que ocorre com certa frequência em filmes de suspense e terror, é que, aquilo que está assombrando as pessoas (que as vítimas sabem que algo muito errado e ruim está mexendo com elas), assume a aparência ou mimetiza a voz de conhecidos (vivos ou mortos) e tenta atraí-las, e mesmo cientes da ameaça, vão atrás arriscando a vida. Me pergunto: porque as pessoas fazem isso? Não dá para entender na maioria desses casos, pois em geral, estão fazendo de tudo para sobreviver e evitar riscos, e acabam jogando tudo fora ao fazê-lo. Sem contar as inúmeras situações em que algo muito sinistro ou assustador acontece e ao invés de simplesmente sair de perto, como praticamente qualquer pessoas em seu juízo faria, resolvem ficar e verificar. Apenas concluo como um mal recorrente em filmes do gênero, pois sem esse tipo de atitudes, perderia-se muito potencial das histórias, apesar de parecerem muito forçadas em boa parte dos casos.

No geral, o filme entretém o suficiente e até consegue prender a atenção durante sua duração e arrancar umas risadas nos momentos cômicos. Mas não assusta de verdade e nem deixa muito apreensivo ou aflito, apenas desperta curiosidade.

Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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