“Cretino Abusado” Um bom livro com uma história pouco abusada

Um bom momento. Essa é a forma como posso descrever a leitura de “Cretino Abusado”, livro das autoras Penelope Ward e Vi Keeland, publicado no Brasil pela Editora Planeta. Um momento de calmaria, de descanso e distração para o período de férias – quando a correria de uma rotina de estudos e/ou trabalho começa a diminuir e a mente a desacelerar -, ou após a finalização de uma leitura mais extensa, com grande quantidade de conteúdos e intensidade de informações.

Talvez, uma aventura – como a que vivem os personagens na primeira metade da história -. Mas como todos os livros são uma aventura, única, individualista, essa seria uma vaga representação. Em segunda hipótese até ambígua, com confusas interpretações, porque muitos deixam o pronome para as grandes histórias, jornadas e universos fantásticos como os criados por J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, Philip Pullman, entre outros.

Por último, um romance gostosinho, dentro do padrão já pré-estabelecido para o gênero – o casal se conhece, se apaixona, inicia uma história de amor, alguns obstáculos levam ao rompimento/distanciamento, as duas pessoas refletem sobre o ocorrido e os motivos pelos quais as coisas não deram certas, e no fim podem ou não voltarem a ficar juntos -, porque a trama da obra não foge para muito longe daquilo que já conhecemos.

Mas essa não era a melhor forma para descrever “Cretino Abusado”. Não quando o livro, sem grandes ambições e de forma simples, foi capaz de me despertar – ainda mais – a ânsia de com apenas uma mochila e a convicção de que, se quiser, é possível, sair em busca da minha própria grande aventura. 

Após ser traída pelo ex-namorado – chefe da firma de advocacia em que trabalhava – Aubrey decide que precisa de um recomeço. Deixa tudo para trás e aceita um emprego em uma startup na Califórnia, Estados Unidos, e parte em uma viagem de carro que mudará toda a sua vida. Em uma parada na estrada, Aubrey conhece Chance, um homem atraente que viajava de moto. Com o corpo perfeito e sotaque australiano, o ex-jogador de futebol era bem convencido e arrogante. Quando sua moto quebra, Chance precisa da ajuda de Aubrey. Ele promete levá-la em segurança até seu destino em troca de uma carona, e os dois decidem seguir viagem juntos. Aubrey está traumatizada após seu último relacionamento, mas sente uma atração incontrolável por aquele cretino abusado. Apesar da ligação cada vez mais forte entre os dois, Chance guarda um segredo que poderá separá-los para sempre.

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Recomeços. Essa é a essência do romance de Penelope Ward e Vi Keeland. São eles que levam Aubrey à decisão de mudar de cidade e aceitar um novo emprego longe de tudo o que conhece. A realizar uma viagem que antes das circunstâncias seria improvável para alguém como ela, e a conhecer Chance – o motoqueiro inconveniente e atraente – para quem dá uma carona e viaja acompanhada por todo o caminho até sua nova vida.

Viagem essa que compõe a trama de toda a primeira parte do livro e se torna uma espécie de road trip, que proporciona a oportunidade de os personagens se conhecerem e se tornarem mais íntimos. Ao passo que nós leitores, acompanhamos a jornada do casal e vivenciamos todo o acontecimento sob os seus olhos.

Aubrey, a princípio uma mulher introvertida, contida e extremamente centrada. Ela faz inúmeros planejamentos e se policia de forma rígida – a minuciosidade com que ela lida com a alimentação, mesmo em uma viagem repentina, é um dos indícios desse comportamento -, é quem faz a narração em primeira pessoa da viagem, um aspecto bastante interessante já que ela nunca viveu situação parecida e as suas primeiras impressões ficam próximas a realidade, causando uma maior aproximação com o leitor.

Enquanto Chance, um homem aventureiro, acostumado com a vida na estrada e a liberdade que ela representa, narra uma segunda parte, quando depois de um período de distanciamento forçado – desencadeado ao fim da primeira parte da história e por um motivo inesperado e diferente do que geralmente acontece nas obras desse gênero -, decidi ir ao reencontro de Audrey e pedir uma nova chance para reconquistá-la.

 

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De modo geral, como todos os livros das autoras lançados no Brasil, “Cretino Abusado” é uma ótima leitura. Ele desperta o leitor para diversas situações divertidas, sensuais e de intensa paixão. Traz um ritmo constante e um clima de aventura que envolve primeiras experiências e mudanças. E acima de tudo, a ideia de que nem todo recomeço é um retrocesso. Ele pode significar também uma segunda chance, a oportunidade de ser uma pessoa diferente e viver a vida por novas perspectivas.

A trama é bem redondinha e consistente, ficando dentro daquela fórmula já conhecida em relação ao gênero, o que não é ruim. Muito pelo contrário, faz com que a facilidade das autoras caminharem por uma estrada já conhecida, mas mesmo assim trazer acontecimentos e aspectos inusitados para agradar ao leitor, seja mais fácil. Porque aqueles que geralmente optam por livros assim, são os que gostam dela, por saberem que vão sempre ter um bom livro em mãos. Fora que a existência de uma fórmula de sucesso evita decepções, e não significa que as histórias serão sempre as mesmas, apenas o modo como elas são construídas, em alguns casos nem isso.

Indico o livro para todos os que possam se interessar pela sinopse e são fãs de romance, assim como das autoras. Vale a pena leitura. Os personagens são apaixonantes e a história é uma graça.

CRETINO ABUSADO

AUTOR Penelope Ward; Vi Keeland;

TRADUÇÃO Andréia Barboza

EDITORA Planeta Livros;

ANO 2017;

PREÇO de 20 a 28 reais.

 

Nerd: Ana Giese

A louca com compulsão obsessiva em comprar livros e estudante de jornalismo! Que ama Harry Potter, se apaixona constantemente por personagens fictícios e passa 14 horas assistindo Netflix. Pelo menos sabe precisar de uma visitinha ou duas ao psicólogo!!

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