As Panteras: 20 anos depois (2000)

Filmes com o protagonismo feminino estão cada vez mais em alta no cinema e embora existam filmes vão mal de bilheteria como o próprio reboot de As Panteras ou Aves de Rapina, é inegável que o mercado esteja mudando.

Impulsionados com os sucessos recentes de Mulher-Maravilha e Capitã Marvel, agora é possível que um blockbuster com o olhar feminino consiga atingir a todos os gêneros e massas.

O que não significa que as mulheres não tivessem protagonismo no passado, mas em boa parte dos casos as personagens femininas serviam de “escada” para o herói da vez, isso se não fosse apenas a mocinha em perigo.

Já em outros casos até existia uma certa independência, mas ainda do ponto de vista do homem, seja pelos trejeitos, diálogos ou o aspecto mais visível: a sensualidade.

E é aí que entra o foco de As Panteras, lançado em 2000.

Antes de mais nada, um parêntese: não há problema nenhum com a sensualidade e sexualidade nas artes, mas há uma linha tênue entre o sensual e o vulgar, sobretudo em como uma protagonista feminina é retratada, basta ver, por exemplo, a posição da câmera nas cenas de ação, por exemplo e muitos filmes da época tinham este problema, como Elektra e Mulher-Gato.

Dito isso, As Panteras está longe de ser um filme ruim. Muito pelo contrário, a trama é tão absurda e surreal que diverte – e muito – o espectador.

Dá sim, para desligar o cérebro, preparar a pipoca e se deliciar com a física da ação e explosão apresentada em tela.

As Panteras é baseado na famosa série de TV dos anos 70, o que em si já foi um risco, pois a transação da TV para o cinema pode dar muito certo (Missão Impossível) ou muito errado (Os Vingadores, lançado em 1998).

Na história, Natalie (Cameron Diaz), Dylan (Drew Barrymore) e Alex (Lucy Liu) são três detetives particulares que trabalham para Charlie. Elas utilizam suas habilidades para resgatar um futuro bilionário que foi sequestrado, tentando evitar que um software secreto caia em mãos erradas.

O filme é puro deleite para fãs de espionagem e embora seja mal dirigido por McG (pois é), consegue até ser mais positivo do que a média de muitos filmes da saga 007, justamente por não se levar a sério, embora não chegue aos pés dos filmes da franquia Bourne.

Sem contar que o filme foi o timing perfeito em 2000 na ocasião do lançamento: era o período em que o DVD começava e despontar como o futuro do entretenimento. Filmes como este, Gladiador e principalmente Matrix ajudaram a propagar esta mídia. Aliás, há muito de Matrix aqui, sobretudo pelas cenas de luta que desafiam a física das personagens.

Mas não foi apenas pela tecnologia que fez de As Panteras o filme certo na hora certa: eram tempos em que a MTV estava no auge e um videoclipe naquele canal definia o sucesso ou fracasso de uma música e a canção Independent Woman das Destiny Child’s era das mais pedidas do canal (quem se lembrou do saudoso Disk MTV?)

Tanto que o filme foi um grande sucesso comercial, faturando mais de 260 milhões nas bilheterias mundiais (valor alto para a época), o que garantiu o péssimo As Panteras – Detonando em 2003.

Mas a melhor coisa de As Panteras, além do humor, é a química entre as protagonistas: Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu são ótimas juntas e o filme não funcionaria se elas não dessem certo em tela. Obviamente, Cameron era a mais célebre do elenco e um dos fatores que ajudou a vender o filme, mas Drew Barrymore abraçou o projeto como seu filho (ela também produz o filme) e para Lucy Liu foi uma grande oportunidade de alavancar a carreira.

Mas engana-se quem acha que o filme se resume ao trio principal: o filme tem ninguém menos do que Bill Murray como Bosley, Sam Rockwell em início de carreira como um dos vilões, Crispin Glover, Matt LeBlanc (em alta com Friends na época) entre outros nomes.

As Panteras é um produto divertido, descompromissado e recomendado para fãs de uma boa ação, embora ele não passe da “regra dos 15 anos” hoje em dia pela sensualidade e na forma como as protagonistas sejam retratadas, mas fica como objeto de curiosidade para quem quer saber como era o cinema de ação de um passado que não é muito distante.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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