“Amor em Jogo” – Crítica – Comédia romântica diferente dos padrões hollywoodianos

Houve um tempo em que Hollywood investia mais no elenco do que no filme em si. Era só colocar o ator ou atriz no pôster e pronto, já chamada público. Mas agora não está bem assim: as franquias dominaram os estúdios embora sempre vão existir os astros e estrelas, a forma de como enxergamos essas pessoas, mudou.

E somente este cenário explica porque a comédia romântica Amor em Jogo está chegando aos cinemas 5 anos após o seu lançamento na terra natal e em um circuito tão limitado.

O filme foi lançado em 2014 em Israel, mas somente em 2019 está chegando aos cinemas e uma das razões disso responde por um nome: Gal Gadot. Nesses 5 anos, a vida desta atriz e modelo mudou de forma exponencial.

Para quem não sabe, ela é nascida em Israel e fez este filme em sua terra antes de ser a Mulher-Maravilha. De lá para cá, ela se consolidou na personagem, tem milhões de fãs no mundo inteiro e se a personagem está sendo tão amada por crianças hoje, a atriz tem sim um papel nisso.

E mesmo com este sucesso todo seu filme está chegando aos cinemas sem fazer muito barulho. Culpa da atual indústria, que valoriza mais a franquia, onde as pessoas vão ao cinema ver a personagem, e não a atriz. Isso também explica o fracasso de Vizinhos Nada Secretos, também com a Gal.

Mas, afinal, que filme é esse, Amor em Jogo?

Primeiramente, não confundir com o também Amor em Jogo, lançado em 2005 e estrelado pela Drew Barrymore e Jimmy Fallon. Segundo, por ser uma produção israelense, é algo diferente do que estamos acostumados a ver, embora seja um filme muito bacana, envolvente e que muitos vão se identificar.

Na história, um astro do futebol, Ami Shushan começa a flertar uma moça em uma casa noturna, a Mirit (Gal Gadot), sem saber que ela é a namorada do mafioso mais temido da região. O criminoso descobre, está prestes a matar o jogador em uma sessão de tortura, quando lhe faz uma proposta: ele se assumirá gay em troca de sua vida.

O filme usa o futebol para criticar a LGBTfobia, afinal, embora o futebol feminino tenha crescido muito nos últimos anos (basta ver o sucesso da Copa do Mundo Feminina), o futebol ainda é um esporte predominantemente masculino, onde o preconceito com mulheres no esporte infelizmente existe ainda. E no mundo LGBT o cenário é ainda pior.

Não é difícil ver as torcidas (inclusive as brasileiras) cantarem gritos homofóbicos a alguns jogadores ou até para a torcida rival, agora, imagina se um jogador famoso de assumir? Já imaginou o ídolo do seu time, o artilheiro, se assumindo gay? Como você reagiria? Ele continuaria sendo seu ídolo ou a veneração foi apenas hipocrisia?

É justamente isso que o filme discute.

Sem contar que Israel é um dos países mais religiosos do mundo e somente nos últimos anos vimos a comunidade LGBT com mais força, sobretudo por causa da repressão dos grupos religiosos e da sociedade conservadora.

Hoje, a Parada Gay de Israel é uma das maiores do mundo e atrai gente de todo o planeta.

O filme tem algumas piadas e situações locais, mas dá para ver tranquilamente e embora os vilões sejam muito caricatos e o casal principal não tenha química nenhuma, dá para se divertir bastante, além de merecer ilustrar qualquer debate sobre homofobia no futebol.

Não importa o motivo: seja pela temática LGBT, pelo futebol, pela cultura israelense, pelas referências a Quanto Mais Quente Melhor ou pela Gal Gadot, Amor em Jogo é uma comédia romântica que vale ser descoberta pelo público, seja nos cinemas, streaming ou home vídeo.

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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