A formação de personalidade e caráter de cada criança e jovem não são influenciadas apenas pela educação e convívio familiares, há outros fatores envolvidos e às vezes, imperceptíveis aos olhos. A HBO lança A Dangerous Son (Um filho Perigoso), um documentário sobre doenças mentais perigosas em crianças e jovens, e como isso afeta suas respectivas famílias. As doenças mentais são muito mais difíceis de serem percebidas e diagnosticadas do que as doenças físicas, e com isso, na maior parte dos casos, não há procura por tratamento nem ajuda.
De acordo com o documentário, uma a cada 10 crianças norte-americanas sofre de transtornos emocionais graves e mais de 17 milhões já tiveram algum problema psiquiátrico. E para mostrar para as pessoas que em muitos casos, os comportamentos perigosos ou violentos em crianças e jovens não é “culpa dos pais” ou que houve “negligência”; será mostrado o acompanhamento de três famílias americanas em crise, que estão querendo e precisando desesperadamente de ajuda para seus filhos que tem um doença mental severa, mas não é algo fácil de se conseguir, vendo que na realidade com recursos e opções bastante limitados, fica bastante complicado.
Mesmo em um ambiente tranquilo, onde há ajuda e apoio da família, o que fazer se uma das crianças tem um comportamento explosivo e agressivo quando contrariada, estressada? Dependendo da severidade da doença, pode colocar em risco a saúde física das outras pessoas, se a criança se tornar violenta a ponto de haver agressão física. E se isso acontece, não é mais seguro para as pessoas que vivem com ela, e isso é extremamente difícil e doloroso de se lidar. Ter que procurar ajuda externa e profissional para a criança, e ao mesmo tempo, ter que afastá-la por questão de segurança, é algo muito triste e sofrido para quaisquer parentes ou familiares. Pois como mostra no longa, duas dessas famílias possuem mais de um filho, e mais jovens do que os garotos que tem as doenças mentais, então imagina o medo e preocupação das mães se sua filha menor ou seu filho bem pequeno possam ser agredidos pelo irmão.
Ter que enviar um filho para longe de casa para poder ser tratado e abrir mão deles é uma das piores coisas que pode acontecer com os pais, o que é dito no próprio documentário. É fácil simplesmente culpar a família e os pais sobre comportamento de seus filhos, dizer que não foram bem educados, ou ensinados corretamente, pois atualmente as doenças mentais ainda são pouco reconhecidas e consideradas, estas sim, sendo bastante negligenciadas. O intuito do documentário, é conscientizar as pessoas que tais doenças existem e devem ser levadas a sério.
E em muitas destas doenças mentais, o tratamento é a longo prazo. Deve haver um acompanhamento constante, e isso implica afastamento da família por semanas, meses ou até mais. E mesmo assim, tem casos em que não há uma cura em si, mas métodos paliativos e que suavizam ou diminuem as crises, surtos e agressões, mas não há como erradicar de fato. Outro ponto do longa é mostrar que, pela falta de importância dada às tais doenças, há dificuldade em se ter ajuda para tratar as pessoas.
É um documentário impactante e denso, mas sobre um assunto bem sério e importante, principalmente para aqueles que são pais ou que pretendem formar uma família, além de tentar fazer com que as pessoas fiquem mais atentas para comportamentos estranhos ou extremos e incentivar a busca por ajuda.
