A BGS na TV – ou a TV na BGS

Hoje a indústria dos games é uma das maiores do mundo, batendo de frente com a poderosa indústria cinematográfica de Hollywood, mas nem sempre foi assim. Aliás, quem é gamer das antigas, sabe o quão difícil foi chegar ao patamar de hoje, com os jogos e consoles sendo respeitados.

Ok, os jogos eletrônicos já existem aí há um tempo, mas, em muitos casos, o acesso era muito difícil, seja pelos altos custos ou a dificuldade em encontrar um console ou jogo no mercado.

Hoje em dia é fácil: qualquer loja ou site vende jogos, mas lá nos anos 80 e até 90 não: muitos consoles não vinham com o selo original ao Brasil e o mercado dito paralelo se beneficiou muito com isso.

Mas se para os consoles de mesa era difícil, a coisa piorava para os Arcades, ou fliperamas: conseguir dinheiro com a mãe, pai ou responsável era muito difícil, sem contar o ambiente onde essas máquinas ficavam, que hoje em dia seriam proibidos para crianças: no fundo de um bar, junto com mesas de sinuca, com pessoas bebendo, fumando, jogando cartas e falando palavrão.

E não para por aí. Tanto o jogador de console quanto dos Arcades sofria de algo em comum: o preconceito de quem não conhecia os games.

Não era difícil encontrar quem desdenhava os jogos eletrônicos, até humilhava quem jogava ou dizia que “na minha época era melhor”.

Mesmo a mídia, as emissoras de TV não tratavam os games com o respeito que eles mereciam. Até agora.

Os jogos eletrônicos cresceram de tal forma que não tinha como a grande mídia ficar indiferente ao que estava acontecendo e passou a tratar um evento como a BGS não apenas como um pequeno nicho para jogadores, mas como algo gigante e que atrai multidões.

Era impensável um programa como o Zero Um, na TV Globo, nos anos 80 ou 90.

E na própria Globo, a principal emissora do país, em dias de evento da BGS, CCXP, o canal dedica parte da sua programação para falar sobre o evento, com flashes ao vivo do jornal local, entrevistas com os realizadores, cosplayers ou mesmo o público geral. Até no Jornal Nacional a Globo faz uma reportagem digna de nota sobre os eventos. E isso é importantíssimo em um país tão continental e desigual como o nosso: muitos não têm acesso à internet, mas a TV é quase inânime, ou seja, quem está no interior do Amapá, por exemplo, sabe da existência da CCXP ou BGS.

E o que isso quer dizer? Muita coisa! Isso pode gerar a paixão de uma criança desses locais mais afastados pelas franquias de quem mora nos grandes centros já é apaixonado, como o Universo Marvel, DC ou as séries da Netflix, por exemplo.

E nada impede de existir uma “Comic Con” no interior do Amapá, Roraima ou Tocantins, por exemplo.

Mas não é apenas a Globo que investe parte de sua programação em um evento como a BGS: todas as emissoras abertas estão transmitindo o evento, seja com flashes ao vivo ou reportagens mais elaboradas.

E não para por aí: a Rede TV dedicou um estande na BGS para chamar de si, com um espaço amplo e muito bacana e o SBT foi além: existem as lives no SBT Games, com entrevistas direto do evento e já que o assunto é estande, o do Sistema Brasileiro de Televisão não perde nada para o espaço das gigantes dos games, como a Microsoft, Sony ou Nintendo: há uma loja do Chaves, com a venda de produtos exclusivos e colecionáveis, um local interativo onde o público se sente dentro da própria vila do Chaves, além de jogos como o da nota dourada e o disputado Peão da Casa Própria.

Tudo isso é importante porque não apenas a emissora enxergou o potencial dos jogos eletrônicos em sua cultura, como também pode influenciar que outras emissoras como a Band, Record ou a própria Globo tenham seus estandes e interajam com o público, já que a concorrência entre os canais existe desde sempre.

Ainda há muito o que fazer para consolidar os games na grande mídia, mas estamos no caminho certo: ao menos os jogos deixaram de ser diversão só de criança (ou de “moleque” como falavam antigamente) e passaram a ser uma indústria respeitada. Se nenhum tipo de preconceito é bom, porque era aceitável com o público gamer?

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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