Utilizando Jogos em uma campanha de RPG

Mestrar uma mesa de RPG é ao mesmo tempo um grande desafio e um grande prazer. Ao se criar uma história, há tanta coisa que gostaríamos de incluir e agregar em nosso conto, mas nem sempre sabemos como conciliar  tudo nem se haverá coerência nessa junção.

Integrando jogos 02Gosta de Card Games? Gosta de Boardgames? Ou mesmo Quebra-Cabeças, charadas e enigmas? Pois bem, há como utilizá-los dentro de uma narrativa de RPG. Basta achar uma justificativa plausível para a inclusão de tal recurso / jogo dentro da sua história. Para se utilizar um jogo em particular, é preciso pensar em uma situação propícia para tal recurso ser usado e que apareça de forma natural, não seja forçado ou artificial, sem explicação ou motivo. Darei alguns exemplos de como integrei jogos dentro de narrações de RPG.

Estava mestrando uma mesa em um cenário medieval fantasioso em Dungeons & Dragons 3.5, e quis incluir o boardgame Betrayal on House on the Hill na minha campanha. Mas como o faria? Bom, na história, os jogadores estavam prestes a adentrar um semi-plano de uma das divindades do mundo – a deusa relacionada com a magia, ilusões, enganações, subterfúgios, caos. Então pensei: “bom, a premissa do Betrayal é enganação, traição e tudo pode ser uma ilusão em uma mansão sobrenatural e mal assombrada. As temáticas batem e seria um excelente cenário para desenvolver a história. Acho que consigo juntar as duas coisas”.

Integrando jogos  05E como fiz isso? Bom, ao entrarem no semi-plano da deusa, o grupo foi guiado até uma mansão e ao entrarem no local, substituí o tabuleiro do RPG pelo tabuleiro do Betrayal e fiz as alterações necessárias para integrar ambos: primeiro substitui os personagens do jogo pelos personagens dos jogadores, e assim começaram a explorar a mansão. Em seguida, tudo o que acontecia na narrativa do jogo de tabuleiro, fiz de conta que estava de fato acontecendo com os jogadores. Também substituí os testes pedidos, por testes do sistema que estávamos utilizando (D&D 3.5) e acrescentei mais elementos de narrativa para melhor ambientar e agregar como, por exemplo, trilha sonora e descrições para deixar o clima mais envolventes. Adaptei cada item ou objeto encontrado através das mecânicas do Betrayal para valerem no sistema do RPG e os jogadores poderem mantê-los e utilizá-los. E seguindo as regras do Betrayal, a exploração da mansão teve um desfecho bem condizente com a história do RPG e este conjunto de fatores e elementos fez com que esta junção e imersão não ficassem forçados ou artificiais. E todos adoraram a experiência.

Integrando jogos 04Outros exemplos de como integrar outros jogos: no caso de algum card game, é possível utilizar em situações onde consegue-se explicar a existência de tais itens e seus efeitos. Pensando novamente em um cenário como D&D, é possível integrar como um item mágico que os jogadores podem encontrar, e que cada carta desencadeia efeitos similares aos dos cards reais, pois já existe um item assim no sistema, basta adaptá-lo. Quer incluir charadas e enigmas em sua campanha? Basta encontrar o momento propício para isso, como a exploração de tumbas e ruínas, ou pistas deixadas por alguém para encontrar algo (caça ao tesouro ou uma herança), ou até como uma profecia ou presságio.

Integrando jogos 03Até mesmo jogos mais simples como um truco ou outro jogo de cartas convencional é possível incluir; se os jogadores estiverem em um local de jogos e apostas, estilo um cassino, assim é totalmente plausível rolar uma partida ou disputa. Uma boa parte dos jogos é viável integrar, basta achar um cenário e situação propícios. Então quaisquer jogos que tenha interesse em utilizar em sua campanha, deve-se sempre se indagar em que situação seria coerente e justificável incluir tal jogo.

Mas o mais importante de achar uma maneira de integrar é avaliar o interesse dos jogadores com isso, pois só será legal para todos se as pessoas de fato gostarem do jogo ou estarem dispostas a conhecer e vivenciar a experiência. Sempre tenha em mente os gostos e interesses dos jogadores.

Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

Share This Post On