Serial Killers, Investigação e Muita Inteligência em Mindhunter

Quando um diretor de cinema dedica uma parte do seu tempo para dirigir um projeto de TV você geralmente assiste. Quando esse diretor é o consagrado David Fincher, com certeza você para tudo e assiste. Pelo menos eu o faço.

Antes de qualquer coisa, devo dizer que essa review não tem spoilers, então não se preocupe. Mindhunter, série policial original Netflix estreou no serviço de streaming com o foco na ciência comportamental criminal, no estudo dela, de psicopatologias e serial killers. A série é baseada no livro homônimo de Mark Olshaker e John E. Douglas. Conta a história os agentes do FBI Holden Ford e Bill Tench, responsáveis por começar os estudos de ciência comportamental na instituição na tentativa de pesquisar como funciona a mente de indivíduos que cometem crimes de violência extrema e com mais de uma vítima.

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O que temos quando são somados um roteiro excelente com um elenco incrível e uma equipe de produção mais do que competente? Isso mesmo, um hino. E que hino de série. É sério. Fico muito contente ao olhar para trás e ver que 2017 é um ano que está repleto de boas séries. Acompanho ativamente esse universo de televisão desde 2008, quase dez anos, e nunca vi um ano com tantas produções impecáveis. A Netflix fez grandes trabalhos, entre eles Ozark e Atypical são bons exemplos e agora felizmente temos disponível Mindhunter (que tem potencial para se tornar uma das mais importantes séries do “canal”).

Para começar a falar efetivamente da série, é importante comentar o quão fundamental foi a assinatura de David Fincher para Mindhunter. Com um excelente histórico de filmes que envolvem a temática ou alguma parecida (Seven, Clube da Luta e Garota Exemplar são ótimos exemplos), o olhar do diretor é muito presente no conceito estético da série. Os enquadramentos, ângulos, a direção de atores e o tempo de montagem são muito bem marcados e carregam as características presentes em outros trabalhos do diretor. Quando você assiste aos dois primeiros episódios de Mindhunter você suspeita que ali houve a participação dele mesmo sem saber previamente que foi ele quem dirigiu.

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A equipe do design de produção também fez um excelente trabalho na reconstituição temporal dos ambientes e objetos de cena. A série te transporta para a época na qual ela se passa pelo visual. Como não só de visual vive uma boa série, o texto é excelente. Com diálogos bem fundamentados e personagens que vão ganhando uma profundidade no decorrer dos episódios, o roteiro conta um arco dramático que faz sentido, é completo e puxa um gancho para uma próxima temporada  sem tornar o fim da primeira insuficiente. A criação de Mindhunter é assinada por Joe Penhall, que por mais que não tenha grandes trabalhos na carreira mandou muito bem nesse trabalho.

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Os personagens são bem construídos. É interessante perceber que a série pega o estereótipo da dupla tradicional de tiras que saem juntos para resolverem casos policiais complexos e cria personagens completos e bem verossimilhantes. O elenco acrescenta muita veracidade aos personagens que interpretam. Jonathan Groff surpreende bastante, já é conhecido de que ele é um ator competente (ele manda bem como o Kristoff de Frozen e como o Jesse de Glee), mas ao menos para mim era complicado imaginá-lo interpretando um personagem difícil como o agente Holden Ford. Holt McCallany entrega um bom agente Bill Tench tentando fazer um balanço entre o complicado trabalho de ouvir assassinos relatarem suas técnicas friamente e suas dificuldades em seu casamento e em conectar-se com seu filho. Completando a equipe, Anna Torv (conhecida por Fringe) é sensacional como  Dra. Wendy, uma psicóloga academicamente renomada que começa a auxiliar a dupla nos estudos comportamentais. O restante do elenco de apoio é igualmente bom e colaboram para que a produção seja tão grande em qualidade.

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Para finalizar, minha dica é: corre para a Netflix e vai ver Mindhunter. Vão ser boas 10 horas (aproximadamente) que você vai gastar tentando desvendar os mistérios da mente humana junto com o agente Holder e o agente Bill. Não recomendo uma maratona, porque a série pode ser um pouco cansativa para ver de uma vez só. Mas com certeza até o atual mês, considero Mindhunter a melhor produção da Netflix do ano.

Nerd: Gabryel Oliveira

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