Saga Resident Evil

Em 1996, o primeiro Resident Evil saiu para o falecido console Playstation. Inspirado por antecessores como Sweet Home (do Nintendinho) e Alone in the Dark (Playsation e derivados), conta por meio de muito gore e George Romero, sobre o time Alpha dos S.T.A.R.S, policiais de elite da cidade de Raccon City, investigando a perda de contato com o time Bravo, mandado para investigar casos de assassinatos canibais na floresta próximas as Montanhas Arklay. Terminando por serem perseguidos por cães alterados e se refugiando em uma mansão encontrada nas redondezas. Presos, Jill Valentine e Chris Redfield terão que passar pelo inferno para poder escapar daquela noite vivos.

O fator de que havia dois protagonistas para jogar, que mesmo que os cenários fossem parecidos, a dificuldade aumentava ou diminuía, além de um segundo personagem que lhe daria auxílio eventualmente, era a forma como a história cheia de reviravoltas, traições e descobertas de planos para armas biológicas foram contadas e fascinou uma onda de fãs, todos os fãs (ou quase, depois explico melhor) concordam que isso é o que define Resident Evil, essa história, esse clima, esses personagens e muita Umbrella no meio.

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O sucesso veio, e a Capcom logo tratou de trazer uma continuação, agora, chamado de Resident Evil 2, onde o T-Vírus (culpado pelos zumbis na Mansão de Spencer e pelos casos insólitos da florestas das Montanhas Arklay) se proliferou para Raccon City, mergulhando-a num festival de sangue e mortos caminhantes, famintos pelo sangue dos novos protagonistas, Leon Scott Kennedy, um policial novato e Claire Redfield, irmã do herói do primeiro jogos. Ambos se encontram sem respostas, desamparados e mais uma vez, o game os faz seguir caminhos distintos para a sobrevivência. Mais melhorias, gráfico melhorado e trabalhado, mais inimigos e mais conspirações, pra muitos, o melhor jogo de todos.

Mas foi nesse jogo, que o filme começou a trilhar seus passos para ver a luz do dia e que veria pelos próximos 17 anos.

Em 1998, a Capcom chamou nada mais ninguém menos que George A. Romero para dirigir um comercial do jogo, que é um ótimo comercial, fiel o bastante a obra e com um próprio toque mais autoral. O resultado foi acima do esperado e a Capcom chamou Romero para roterizar e escrever o primeiro filme. Bem, metade ele fez, o roteiro existe e já tem na internet, até traduzido se entrar no local certo.

Nesse roteiro, fiel do primeiro jogo, tinha uma nova gama de inimigos perturbadores como tubarões mutantes, planta carnívora de gente e cobras gigantes. Um fã, lendo esse roteiro, possivelmente vai começar a se morder de raiva por ter percebido que algo assim teria saído nos cinemas. A pergunta é: Por que não saiu?  Porque existia um segundo roteiro em jogo, por um novato que tinha acabado de dirigir os dois filmes de Mortal Kombat, Paul W.S. Anderson, com bem mais ação e mais ‘’original’’, apontado pelas pesquisas feito pelo próprio estúdio, que era exatamente o que as pessoas queriam ver. Confuso? Sim, mas o roteiro de George só saiu muito tempo depois de o primeiro filme ser feito, por isso, a prediletação pela injeção de bomba no longa.

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Resident Evil (no Brasil, com o lindo subtítulo O Hospede Maldito) veio em 2002, com nenhum dos personagens icônicos, somente personagens exclusivos do filme e com uma protagonista que daria o que falar por anos, Alice (Milla Jovovich). Após um vírus misterioso ser liberado em um complexo desconhecido, uma inteligência artificial decide por lacrar o local subterrâneo e matar todos que estão ali, lançando um protocolo de emergência. Acordando desmemoriada em uma mansão, a protagonista acaba sendo interceptada por um grupo de elite da empresa Umbrella, cuja missão é descer para a Colmeia, onde o alerta de emergência foi dado. E foi assim que começou…

O sucesso foi inevitável, Paul fez um filme de ação e ao mesmo tempo de suspense, sem esquecer-se de fazer homenagens aos jogos e até, contando com a participação especial de uma das criaturas mais famosas do segundo jogo, não só isso, a audácia do diretor de colocar uma mulher no papel principal, não sendo Jill Valentine ou Claire Redfield e sim, Alice, foi o começo de filmes de ações sendo protagonizada por mulheres fortes, que cai entre nós, Alice é uma mulher capaz de chutar qualquer bunda.

Tudo tinha como dar certo, principalmente quando Paul já havia se pronunciado que os filmes seriam um spin-off, não contando com os personagens dos jogos e seguindo uma história própria, no caso, Paul é um fã dos jogos e decidiu que iria fazer suas fanfics de Resident irem pras telas, mas alguém não entendeu, muitos alguém não entenderam o conceito e as críticas começaram, todas pedindo a mesma coisa: ‘’Traga os personagens do filme.’’

Paul era um fã, ele queria fazer aqueles filmes tanto pra fãs, que reconheceriam aqueles locais e aquelas histórias, mas para quem nunca tivesse ligado um console, o que foi, até certo ponto, uma ideia extremamente acertada, cujo outros filmes não entenderam ou fizeram de forma estranha. Pedidos atendidos, após dois anos, Resident Evil 2: Apocalypse veio aos cinemas em 2004, com três personagens, um cantado no fim do primeiro filme e dois completamente novos. Claro, estamos falando de Jill Valentine (Sienna Guillory), Carlos Olivera (Oded Fehr) e claro, Nemesis (Matthew G. Taylor). Obviamente, uma tentativa de adaptar Resident Evil 3, lançado em 1999, que tratava da fuga de Jill da mesma Raccon do segundo jogo, agora, perseguida por uma arma enviada pela Umbrella para matar todos aqueles que teriam potencial de escapar da cidade e contar a verdade, no caso, os próprios S.T.A.R.S (bom jogo por sinal, curto demais, mas um ótimo jogo mesmo por sinal), mas acabamos tendo um confronto entre Alice com super-poderes dado através de testes no corpo dela do T-Vírus (só pra lembrar, esse conceito de poder por causa de vírus, vem desde o primeiro jogo) que quebra o senso de realidade do público, e ainda por cima, esse filme vai ter seu final furado pelo roteiro do terceiro filme, além de uma péssima direção pra lutas, com ressalvas a cena da igreja com os lickers que funciona bem.

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Pra que explicar os dois primeiros filmes de RE? Simples, pois a partir dele, foi onde tudo continuou. Paul parecia ter boas ideias, boas mesmo, mas acabou usando elementos estranhos, mesmo nos filmes onde ele não dirige e sim, escreve o roteiro, este que insiste em passar por cima do mesmo diversas vezes, como do terceiro, cujo início do filme lhe diz que as águas e as plantas secaram, mas no quarto, não é bem assim, isso é, após o terceiro, ele desiste de lhe fornecer qualquer explicação lógica ou plausível pra tudo aquilo, apenas continua lhe jogando um enredo cada vez menos irrelevante e cada vez menos coerente com qualquer senso mais prático de realidade.

Então, qual é o problema dos filmes de Resident Evil? Simples. Paul W.S. Anderson e nós.

Ao Paul, que esqueceu que Resident Evil é bem mais do que um monte de zumbi e monstro bizarro, sua esposa fazendo algum tipo de coisa impraticável em termo de realidade, mesmo as leis da física mais básica e biológicas, como o fato de que se você cai de uma altura considerável, suas pernas quebram (Estou olhando pra você, Resident Evil: Afterlife).

Esse é o maior mal dos filmes, a constante sensação de estar vendo Rambo sem sentido ou coerência, quando deveria estar tão perto do primeiro filme com seus momentos tensos e não com balas voadoras, clones de pessoas mortas e uma constante insistência na Umbrella, quando os próprios jogos já forneceram outras companhias tão monstruosas quanto, como Tricell ou até mesmo, a Neo-Umbrella. Mesmo caracterizando bem seus personagens (Assim, ‘’bem’’. Eu particularmente tenho problemas com o Chris, por mais que seja um ator que eu goste e do Leon, que é meio ridículo), ainda não torna um Resident Evil.

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E nós, como fãs, que tendemos a serem extremamente ranzinzas, não estamos vendo o filme com o mindset apropriado e que deveria ter sido adquirido conforme os tempos. Resident Evil e Apocalypse podem ser levados relativamente a sério, mais o primeiro do que o segundo, estes sim, são produtos próximos dos jogos, a partir do terceiro em diante, pare de esperar qualquer coisa dos jogos e apenas aproveite algo que Paul sabe fornecer bem: Ação.

Esse é a mentalidade que julgo melhor para apreciar os filmes, veja como várias cenas de ação com zumbis, motos, carros, tiro pra todos os lados e Alice sendo super poderosa. Ver com essa mentalidade a partir do terceiro em diante ajuda bastante e admito, se tornando mais palatável e até agradável, é bem possível se divertir enquanto ter em mente que Paul está fazendo sua fanfic favorita na tela, cuja musa inspiradora é a Milla e vai ter cenas de ações bem dirigidas e bem montadas.

Eu, como um fã da série, desde os jogos clássicos até os mais recentes, incumbido da missão de rever todos os filmes de Resident Evil, até as animações que não foram citadas por serem casos a parte específico demais para caber aqui, acabei conseguindo me divertir perfeitamente bem e até, conseguir enxergar joias como isso:

Paul W.S. Anderson pode não ser o herói que merecemos, mas é que precisávamos, é inegável a contribuição que ele deu a Resident Evil, que antes era uma franquia amada somente pelo Oriente e agora, graças aos filmes, o Ocidente também adora e consome tanto os filmes quanto os jogos, não só isso, todos os cinco filmes renderam muito dinheiro, já alcançou a casa dos bilhões e ainda continua a mostrar que, videogames podem ser adaptados e render frutos. É graças a Resident Evil que Silent Hill (2006) pode ser adaptado pra um dos melhores filmes adaptados de games, e que permitiu que Warcraft (2016) e Assassins Creed (2016) pudessem arriscar a também fazer sucesso e tentar agradar tantos fãs, quanto pessoas comuns, que nunca tiveram acesso a nenhum desses games.

Com Resident Evil: The Final Chapter, espero que a saga fechada de forma satisfatória (sem respostas aos furos de roteiro, claro) e que acima de tudo, uma porta ainda esteja aberta para um possível reboot, com alguém que de fato, deseje trazer novos ares a franquia e talvez, agora com uma onda de filmes de terror/suspense bons, consiga tirar inspiração dos dois mundos.

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Nerd: André Arrais

Pseudo-Cult, apreciador de café, ama quadrinhos como ninguém, rato de biblioteca, gamer casual, não sabendo tirar selfie desde sempre e andando na contra mão dos gosto populares. Finge é cheio de testosterona, mas vive rodeado de gatos. Esse é o meu design.

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