Rio Zona de Guerra – O Rio de Janeiro Como Você Nunca Viu

Num futuro próximo, as desigualdades sociais e econômicas chegaram a níveis tão alarmantes que o Estado não tem condições de manter a ordem e garantir a segurança pública.

Todo o poder é concentrado nas mãos de megacorporações multinacionais que criam e impõem as leis por meio de suas milícias particulares, chamadas Polícias Corporativas.

No Rio de Janeiro, a Fronteira, uma muralha intransponível que cerca a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, protege os interesses das megacorporações, relegando os habitantes dos demais bairros a uma vida sem lei em um território dominado pelas gangues.

Tudo pode acontecer quando o assassinato de uma prostituta no edifício de uma megacorporação leva um detetive particular a voltar para a Barra da Tijuca após anos de exílio no que todos se acostumaram chamar de Zona de Guerra.

 

Uau, fazia muito tempo que não lia uma obra nacional futurista, e acho que não tinha opção melhor para que eu voltasse a este mundo. Rio:   riozg-poster2-baixaZona de Guerra é uma das melhores obras nacionais do gênero que li até hoje e ainda tem aquela pegada steampunk.

O personagem principal, Carlos Freitas, é extremamente bem construído e, preciso ressaltar que fiquei muito feliz por ele não seguir fielmente os padrões de beleza que a maioria dos personagens segue; Freitas em nenhum momento é mostrado como o bonitão da parada. Pelo contrário, Leo Lopes destaca em muitos momentos a silhueta do personagem como sendo gordo, sem nenhum medo de usar esta palavra, e mostra também como isso complica algumas situações em que o personagem passa.

É um bom personagem não apenas por isso: sabe aqueles momentos em que você sabe que algum personagem está tramando contra o mocinho, você sabe disso e morre de medo de o protagonista não perceber e se dar muito mau por isso? Pois é. Você não precisa se preocupar com Freitas; ele é um detetive paricular e é muito bom em observar pessoas.

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Pacificadora 3000

Logo no começo da história já somos apresentado à Renata; uma advogada da Fronteira que se encontra em um conflito eterno entre o conforto que tem dentro da fronteira, e as injustiças que ela sabe que ocorrem na Zona de Guerra. Ela tenta defender quem está prestes a ser jogado do lado de fora, mas ela sabe que seus atos são mais um pretexto para poder dizer que está sim tentando ajudar sem ter que largar suas mordomias.

A relação de Freitas com suas Princesa (Pacificadora 3000) foi um toque especial do autor. Gostei especialmente da breve história da fabricação da arma que foi contada em apenas um parágrafo, se não me engano. Tive a impressão de que, sem a explicação que foi dada, o fato de Freitas possuir um arma dessas realmente poderia virar um grande furo na trama.

Gostei de não conseguir identificar quem era o vilão da história até o momento da revelação e MEU DEUS, EU NÃO ESTAVA ESPERANDO POR AQUILO. As pistas estavam ali sim, mas eram tão sutis que nem eu, que estava extremamente compenetrada na história, consegui identificá-las.

Só encontrei um problema nessa história: o tamanho.

A sensação foi que a história acabou bem quando estava prestes a explodir. A tensão se construiu tanto no decorrer da obra, e a conclusão foi tão on point que fiquei esperando por um cliffhanger e um aviso de um segundo livro lá no final. Quando não vi nada disso, até li a contra capa para ver se tinha perdido a informação de uma possível sequência por ali.

Me senti órfã ao terminar o livro :(. Depois do fim, percebi que talvez o autor pudesse ter se demorado um pouco mais em alguns pontos; como no romance entre Vivian e Freitas, ou até mesmo nas conversas entre os membros das gangues, para que soubéssemos de maneira um pouco mais aprofundada como todo esse sistema funciona.

Maaas talvez esse seja apenas meu vício em trilogias falando mais alto.

Visitando o blog do Rio: Zona de Guerra descobri que sairá um filme baseado no livro! A produção começou em 2015 e o lançamento estava anunciado para 2016, com Thiago Lacerda como Carlos Freitas (não é nada parecido com o personagem, maaaaas) e com a estreia da bailarina Aline Riscado nas telonas. O filme ficou sob a direção de Alexandre Klemperer. Muitos aspectos da história foram mudados, mas estou muito ansiosa para o resultado.

Quero muito agradecer a Editora Avec por ter mandado esse livro pra nós. E não posso me esquecer do Leo Lopes; muito obrigado por essa história incrível <3

Nota-do-crítico-4

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Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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