Há algum tempo os eventos de anime se popularizaram no Rio de Janeiro. Até pouco tempo, podia-se observar que em praticamente todos os finais de semana era possível ir à um evento do gênero, tamanha a oferta deste seguimento. Entretanto, com o passar dos anos, muitos desses eventos deixaram de existir, resistindo apenas aqueles de renome, dentre os quais, posso destacar este: o Rio Anime Club. O evento nasceu em 2007, sendo realizado tradicionalmente no Clube Hebraica, localizado no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro.
Estivemos na edição realizada no dia 05 de julho de 2015 e o que podemos observar é que o evento em si foi espetacular para os fãs de games, anime e cultura oriental de um modo geral, afinal havia entretenimento suficiente para quem curte o gênero, felicidade que podia ser vista estampada nos rostos de muitos ali presentes. Entretanto, como em qualquer evento, existem pontos positivos e negativos, a serem destacados:
COSPLAYERS
Até poucos anos, era natural cruzar nestes eventos com dezenas de fãs, caracterizados de seus personagens preferidos. Entretanto, hoje em dia, parece que a maioria esta se sentindo um tanto tímida. Notei que nesta edição do Rio Anime Club haviam poucos fãs caracterizados, estando a grande maioria trajando roupas pretas e, eventualmente, acessórios, como toucas, de personagens famosos. Em alguns momentos, eu olhava em volta e me perguntava: estou mesmo em um evento de anime, games e cultura oriental ou num show de heavy metal? Sinceramente acho isso bem chato, tendo em vista que eventos como estes são atos de libertação para que fãs se sintam desinibidos e exponham seus gostos e vontades, se caracterizando daqueles personagens que tanto admiram, sejam com cosplays caros e bem elaborados, ou mais simples e improvisados. O importante é ser feliz. Pense nisso, ein galera!
ESTANDES
Variedade é algo que não faltou no Rio Anime Club, pois haviam aproximadamente 30 estantes espalhados pela área do evento. Entretanto, acredito que tenha faltando um pouco de discernimento da organização para dividí-los adequadamente nos espaços. Os estandes localizados no entorno do palco, no segundo andar, estavam basicamente inacessíveis para quem não quisesse se infiltrar na muvuca formada em frente ao palco, mesmo nos períodos em que não haviam atrações ali. Seria interessante, talvez, reduzir a quantidade de estandes para a próxima edição ou alocá-los em forma de corredor, longe do entorno do palco, pois isso facilita o aumento da visibilidade dos estandistas e dos compradores interessados.
ALIMENTAÇÃO
Quem costuma frequentar eventos deste tipo, sabe muito bem o quanto deficiente costuma ser a oferta deste seguimento. Mas isso não é um problema no Rio Anime Club. A organização do evento colocou a disposição do público uma ampla variedade de pontos de alimentação, incluindo um Self-Service sem balança, de comida caseira saborosa e com preço bem acessível. Alías, de um modo geral, os gastos com alimentação estavam dentro de uma média aceitável para este tipo de evento. Parabéns, RAC!
ATRAÇÕES
Seguindo a linha de outros eventos, as atrações convidadas para o palco eram formadas por dubladores e celebridades da internet. O evento seguiu (ainda bem) na contramão de outros e convidou dois dubladores nem tão populares, para um bate papo no palco. Considerei as escolhas excelentes, pois abre oportunidade para o público conheça os responsáveis pela vozes de outros personagens, afinal, a dublagem brasileira não se resume à Clécio Souto, Guilherme Briggs, Letícia Quinto, Hermes Barolli e Mauro Ramos, como parecem acreditar organizadores de muitos eventos por aí! #ficadica
Diretamente do YouTube, dois nomes bastante populares estiveram presentes: Muca Muriçoca, que fez a festa no palco, esbanjando carisma e sendo ovacionado pelo público; e o talentoso rapper e gamer, Player Tauz. Mas certamente o ponto alto das atrações foi a cantora Ayu Brazil, dona de uma delicada e encantadora voz, desfilou sucessos do universo anime e garantiu muitos aplausos e gritos.
ORGANIZAÇÃO
Bom, aqui aponto uma baita falha do evento: desorganização. Notei a falta de staffs em diversas áreas do evento, especialmente na porta dos banheiros e nas áreas de trânsito. A quantidade de pessoas sentadas em escadas, obstruindo a passagem de quem quisesse subir e descer era absurda e raramente se via staffs nessas áreas; quando havia, nada faziam para liberar espaço. Talvez o evento tenha recepcionado mais pessoas do que o esperado, afinal todas as áreas do evento estavam abarrotadas de gente.
O segundo andar, onde estava localizado o palco, sofria de um calor absurdo. Não havia ventilação ou ar condicionado no lugar, tornando a permanência no espaço bastante sofrível, devido ao forte cheiro se suor e o “bafo”, produzido pelo calor humano concentrado.
Havia também uma forte poluição sonora no evento. O som da Boate Oriental Sensations entrava em conflito com o som produzido pela área do palco e pelo som dos games, produzindo um barulho bastante incomodo, mas nada que não fosse suportável.
Aponto também uma falha que, na verdade, poucas vezes vi sanada em outros eventos: a ausência de uma área destinada exclusivamente à imprensa. Todo evento que se preze deve reservar um espaço exclusivo para aqueles que estão lá, realizando a cobertura do evento. Muitas vezes, nós, profissionais, precisamos de um momento longe da muvuca para organizar material, recarregar baterias de câmeras e até mesmo realizar entrevistas com as atrações convidadas do evento. Quando o evento não dispõe de uma área destinada a isso, fica muito complicado o trabalho do profissional, pois muitas vezes é difícil até mesmo tirar uma fotografia sem que uma pessoa desatenta (ou mal educada mesmo) passe na frente e atrapalhe. Por este motivo, devido a falta de estrutura, não pude realizar entrevistas em vídeo no local. Também faltou a presença de um profissional de assessoria de imprensa, para quem os profissionais da área pudessem recorrer para obter informações sobre as atrações do palco. Fica a dica, Rio Anime Club!
