Quanto vale seu jogo?

Um dia desses, um amigo designer de jogos me pediu para testar um novo jogo. Durante o teste, comentei que achava que esse jogo poderia ficar caro, considerando os custos de produção dos componentes, das miniaturas, da gráfica, da embalagem e da distribuição; custos e mais custos. Nessa conversa surgiu uma pergunta boa: será que o jogo vale o que custa? Pergunta essa que vale não só para jogos de tabuleiros, mas para jogos eletrônicos e até mesmo qualquer tipo de entretenimento.

Kingdom_deathkingdom_death2

O Kingdom Death: Monster tem miniaturas ULTRA  detalhadas, feitas a mão, teve um Kickstarter onde o jogo base custava $100 dólares. Arrecadou mais de $ 2 milhões de dólares e virou uma referência em financiamento coletivo. Custou $100: mas ele vale o que custa?

Para tentar responder, acho importante apresentar um conceito do mundo de jogos e brinquedos: o play value (ou em tradução livre, o valor do jogar ou do brincar). Play value é um conceito muitas vezes utilizado por pedagogos que é o valor essencial da brincadeira. Quanto mais divertida e engajadora a atividade, significa que ela tem esse valor de jogar alto. Da mesma forma, um jogo que enjoa rápido e que é facilmente descartado tem um valor de jogar baixo. É bem fácil perceber isso hoje em dia: você baixa um joguinho de celular e dois dias depois o apaga, apenas porque deixou de ser interessante. Ele não é engajador! Todo jogo tem que entreter e engajar para valer a pena! O caso mais clássico nos brinquedos é o Lego dos blocos de montar. Você monta e desmonta várias vezes, ele entretém e engaja e quer brincar mais e mais. Jogos que você quer jogar de novo e de novo e de novo tem um alto valor! (Por mais que eu tenha zerado o último Metal Gear, eu continuo querendo zerar ele mais uma vez!)

Até o apresentador  do jornal parou pra jogar ao vivo. Se isso não é engajar alguém, eu sou um legume!!!

Aliás, isso não é só para jogos! Dá para perceber isso na música também (aquela música descartável que você não lembra no mês seguinte x aquela música que tem anos, mas toca na sua playlist e você começa a cantar alto). E em filmes, por exemplo: você nunca assistiu algum filme que não se lembrava dele uma semana depois? E o contrário, aquele filme fenomenal tipo Clube da Luta que passa na TV e você para e assiste porque é bom demais! Tem um assunto em alta interessantíssimo que chama gamificação ou gamification (nunca entendi isso de misturar inglês com português) que faz exatamente isso: busca aumentar o engajamento das pessoas em um assunto através de jogos.

 Quando o jogo não é interessante… :/

Todo jogo tem que entreter e engajar. Tem que fazer você querer gastar seu tempo jogando, porque você vai ter bons momentos com ele, porque ele vai ter valor para você! Sabe aquele jogo que você tem e quer mostrar para todo mundo? Que você quer jogar com a namorada(o), com os amigos, com a família – e até com desconhecidos. Ele tem significado para você (mesmo que seja algo pessoal, que você queira ele para deixar na estante!).  Esse jogo vale mais do que custa. E o jogo de videogame que não é emprestado para o namorado(a) porque você tem medo de não voltar (Mesmo que você já tenha zerado ele)? Ele também vale mais do que custa! Livro que você não empresta porque tem medo de voltar com orelha … você entendeu né? Entenda o que vale mais do que custa para você, que você vai valorizar mais seus jogos e seus momentos de entretenimento! 😉

Nerd: Ricardo Kuma

Ricardo Kuma é um cara que sempre gostou de coisas nerds. Sempre gostou de jogar videogame e jogos de tabuleiro. Gosta tanto disso que já trabalhou (ou trabalha?) com jogos e brinquedos em um passado não muito distante. Acha que entende alguma coisa disso, mas na verdade só fala muito sobre as coisas e não deixa os outros falarem... Também adora HQs e livros - embora tenha que proteger ele dos três donos da casa que mandam nele e obrigam ele a passear duas vezes por dia. Ele também acha estranhíssimo escrever sobre ele mesmo.

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