Os questionamentos de Laranja Mecânica

Sinopse: Laranja Mecânica é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo.

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John Anthony Burgess Wilson, autor de diversos livros que ainda permanecem no anonimato, tem como sua obra mais reconhecida o livro Laranja Mecânica, abundante das principais características do polêmico escritor: as fortes sátiras à sociedade.

Laranja Mecânica apresenta uma Inglaterra pertencente a um futuro distópico, onde fatores políticos, como a queda da economia britânica e o autoritarismo por parte do governo, acabam influenciando a sociedade de maneira extremamente negativa. Para guiar-nos através dessa realidade temos Alex DeLarge, um adolescente líder de uma gangue que tem como principal objetivo ocasionar os mais diversos tipos de crimes.

Alex é o narrador da história, portanto apresenta sua realidade ao leitor da maneira mais crua possível. Entre os delitos cometidos com seus amigos, Tosko, Georgie e Pete, estão  roubos, estupros e espancamentos. O uso de drogas também faz parte do dia a dia da gangue, que costumeiramente bebe seus leites batizados na Leiteria Korova. Nosso protagonista, além de sociopata, também é descrito como inteligente, perspicaz e apreciador de música clássica.

Durante uma de suas ações, Alex acaba matando um idosa e, traído por seus companheiros, acaba sendo deixado para as autoridades, sendo condenado a prisão. Começa então o divisor de águas na vida do protagonista. O rapaz com o objetivo de sair rapidamente do cárcere, é encaminhado a um polêmico tratamento, no qual o paciente é dopado com medicamentos enquanto assiste a diversas cenas de violência. O resultado acaba por transformar Alex em um rapaz impossibilitado de reagir à qualquer estimulo de violência. Com sua volta as ruas assegurada, Alex começa a enxergar seu mundo de uma forma diferente, sendo ele agora, o lado oprimido.

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Através de seu livro, Anthony Burgess nos presenteia com uma intensa história sobre o livre arbítrio, fazendo-nos questionar as escolhas que somos submetidos, bem como a legitimidade de nossos atos. Recomendo fortemente a versão especial de 50 anos, publicada pela editora Aleph, onde além da obra original, encontra-se ilustrações, artigos e ensaios escritos pelo autor, um glossário nadsat (vocabulário utilizado na história) e o capítulo 21, originalmente deixado de fora pelas editoras em publicações anteriores.

A bondade vem de dentro. A bondade é algo que se escolhe. Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser um homem.

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Nota-do-crítico-5

Nerd: Rafael Teodoro

Leitor sem restrições e jogador de final de semana, busco conhecimento, mas nem toda sabedoria me procura. Não me defino por rótulos, pois não entendo o que eles significam. Me considero, apenas, um apreciador da cultura geek.

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