Os Farofeiros é mais uma comédia televisiva

Não há nada de errado com as comédias brasileiras que chegam aos cinemas. Cada um com sua fórmula de sucesso: Hollywood lança um filme de herói quase que a cada mês e sem contar as grandes franquias, então o Brasil viu nas comédias uma fonte de renda. Basta ver que, na última década, as maiores bilheterias do cinema brasileiros foram as comédias e se esses filmes conseguem levar o público a ver um filme brasileiro na tela grande, não há nada de errado.Farofeiros2

Mas o problema é que o gênero já deu sinais de desgaste há muito tempo e sem contar que, cada filme é um retrato da época e daquele momento em que o Brasil passa. Acha exagero? Tente assistir agora filmes como De Pernas Pro Ar ou o primeiro Até Que a Sorte Nos Separe. A maioria das piadas ficaram datadas e são daquela época.

Farofeiros5E agora chega aos cinemas Os Farofeiros, comédia de Roberto Santucci, também diretor de Até que a Sorte nos Separe e De Pernas Pro Ar e que promete fazer muito sucesso, mas com piadas do momento atual do Brasil, como a crise econômica e, infelizmente, tem tudo para ficar datado.

Os Farofeiros conta a história de 4 amigos que decidem passar o feriado de Ano Novo juntos com seus famílias, mas que têm diversos problemas como trânsito parado na estrada e a casa toda despedaçada. Não bastasse tudo isso, Alexandre é promovido a gerente e deve mandar algum dos 3 amigos embora da empresa e passa a viagem com esse dilema e com os problemas com a esposa, Renata, personagem da Danielle Winits.

A ideia é muito bacana, aliás, dá para dar muita risada em diversos momentos e mesmo em momentos absurdos como o claro machismo de alguns personagens, fica claro que se trata de uma paródia. O próprio diretor comentou em uma entrevista que a inspiração está em Férias Frustradas, mas que queria um sabor brasileiro na história: quem nunca passou umas férias que deram errado?Farofeiros4
Nisso o filme acerta e também no carisma dos personagens: Cacau Protásio e Maurício Manfrini, o Paulinho Gogó, estão muito à vontade e prometem divertir o público. Os dois interpretam um casal bem excêntrico: ela é falastrona e ele é totalmente despreocupado com tudo.

Charles Paraventi, o Rocha, aparece sempre como uma pedra no sapato do protagonista, sendo machista e mandão quando é conveniente para o roteiro.
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Aliás, por falar em conveniências do roteiro, a pior coisa deste filme, além da sensação de “já vi isso na tv” ou do risco de o filme já ficar datado ano que vem, é o pano de fundo com a crise econômica no Brasil atual e com a iminência de um deles serem demitidos. O filme só entra no assunto quando lhe convém e coloca os colegas para bajularem o Alexandre. E transforma isso em piadas em todas as cenas e que não tem graça: o filme te lembra da história da demissão e a graça vai embora, sem contar que não dá para rir de quem puxa-saco – ou tapete.

Mas Os Farofeiros não é um filme horrível, muito menos deve ser ignorado. O elenco é carismático, segura as pontas e a ideia de colocar umas Férias Frustradas com toque brasileiro deve ser respeitada e vai fazer com que a platéia se envolva e se identifique. E haja pipoca para acompanhar!

Nota-do-crítico-2

Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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