Os deuses da nossa realidade – Deuses Americanos (Crítica)

Sinopse: Deuses Americanos, o melhor e mais ambicioso romance de Neil Gaiman, é uma viagem assustadora, estranha e louca que envolve um profundo exame do espírito americano.

Neil Gaiman dispensa apresentações. Conhecido por obras como Lugar Nenhum, Coraline e Sandman, Gaiman trabalha com um estilo que busca fugir da normalidade, utilizando elementos como ocultismo, mitologia, sonhos e lendas urbanas, sempre criando identidades e construindo diferentes interpretações para cada um.

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Deuses americanos, obra orginalmente lançada em 2001, é tida como o melhor romance de Gaiman, mas, por vezes, parece ser incompreendida por muitos leitores que, por não entenderem o estilo do britânico, acabam não vivenciando a verdadeira magia presente no livro.

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Ao longo das 576 páginas (o exemplar utilizado para a crítica foi a Edição Preferida do Autor, relançada no Brasil em 2016, pela Editora Intrínseca”) acompanhamos Shadow, protagonista que está prestes a sair da cadeia e voltar para os braços de sua amada mulher Laura. Com dias de antecedência, Shadow descobre que seria solto mais cedo, porém toda boa notícia vem acompanhada de uma ruim. Laura falecera junto com seu melhor amigo, Robbie, em um acidente de carro. O protagonista, sem saber descrever a ironia que o rodeia, viaja para o enterro de sua esposa e, no trajeto, conhece o Sr. Wednesday que, sem explicar quem é ou o que deseja, convida Shadow para trabalhar para ele, iniciando assim toda a trama da obra. Descobrimos, então, que a real intenção de Neil Gaiman é revirar toda a história norte-americana e nos apresentar seu ponto de vista sobre a influencia cultural de diversos países que, consequentemente, ajudaram a construir a nação que conhecemos hoje.

Como o nome sugere, Deuses Americanos aborda personagens que, em suas épocas de glória, eram seres radiantes e mágicos, mas que, com a descoberta do mundo novo – as Américas – foram trazidos através da crença popular e, com o passar do tempo e a multifacetação cultural, sobrevivem atualmente no esquecimento, sendo substituídos pelos novos deuses – estes que, por sua vez, são caracterizados como os anseios e necessidades da sociedade atual. Tudo isso através do olhar do protagonista que, ao meu entender, é a caracterização do homem simples, sem anseios ou entendimentos sobre o mundo que o cerca.

Gaiman não aborda simplesmente a história dos Estados Unidos na construção da sociedade atual, ou a alma dos EUA, como cita a contracapa do livro – mas traz para o público a reflexão sobre os antigos costumes e os atuais valores dos seres humanos. Apesar do tema profundo e uma grande abordagem social, o autor utiliza de elementos que mascaram os pontos citados, como mitologias nórdica, egípcia, indiana, árabe, anglo-saxônica; e, até mesmo, zumbis!

Confesso que, como nada é perfeito, o livro traz em seu enredo momentos que não acrescentam nada para a história, trazendo a tona aquela vontade de pular algumas páginas para chegar na “parte boa”. Além disso, Shadow é um personagem tão simples e passivo que, durante pontos estratégicos da trama, parece nos arrastar contra nossa própria vontade pwla sua vida. Mas, no final, o “sacrifício” vale a pena.

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Deuses Americanos, obra que consagrou de vez Neil Gaiman, ganhará em 2017 uma série produzida pelo canal Starz. Além disso, levou o Hugo Awards em 2002, premio entregue anualmente pela World Science Fiction Society para a melhor realização em trabalhos de fantasia ou ficção científica. Definitivamente merece estar na estante de qualquer amante da literatura.

Nota-do-crítico-5

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Nerd: Rafael Teodoro

Leitor sem restrições e jogador de final de semana, busco conhecimento, mas nem toda sabedoria me procura. Não me defino por rótulos, pois não entendo o que eles significam. Me considero, apenas, um apreciador da cultura geek.

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