Faltam cerca de 5 meses para a estréia da 4ª temporada de Game of Thrones. E todos os Nerds estão esperando ansiosamente por isso. Não apenas os Nerds, mas como uma massa de pessoas que por muito tempo abominava a fantasia medieval.
E como Game Of Thrones conseguiu isso? Bem, além de ter o fator HBO por trás (e temos que admitir que a HBO sabe produzir seriados de alto padrão), a série faz com o seu público se identifique com seus personagens (o que geralmente filmes de fantasia medieval não sabem fazer muito bem). Mas é impossível explicar como a série faz isso sem falar onde tudo começou: com os livros “As Crônicas de Gelo e Fogo” de George R. R. Martin. E para ajudar na análise vamos comparar algo do gênero que também foi adaptado para o cinema, e que até então eram os meus livros favoritos: O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien (coincidência ou destino esses R. R. no meio do nome de ambos? Já pensei em mudar meu nome para Carlos R. R. Carvalho e lançar “O Senhor dos Tronos” ou “A Guerra dos Anéis”. Okay, okay, piadinha tosca).
Muitos podem falar: mas perai, “O Senhor dos Anéis” foi sucesso de bilheteria, ganhou vários Oscars, etc, etc, etc. Sim, você está certo! Mas tenho certeza que todo mundo que gosta de Senhor dos Anéis, conhece alguém que NÃO gosta! E os motivos são vários: o filme é muito longo, dá sono em algumas partes, não explica outras, é muito longe da “realidade” (e logo explico melhor isso), entre outros. No meu caso por exemplo, minha noiva ADORA Game Of Thrones mas não consegue de maneira alguma assistir a SDA. E não só comigo, um amigo que também ama SDA e GOT (Vai Cavalo, piada interna) é casado, e sua mulher consegue dormir assistindo ao segundo.
Devemos lembrar que ambos são baseados em obras literárias, e tal como se espera de uma boa adaptação, os produtores tentam manter o que será mostrado na telinha e/ou na telona o mais próximo possível do original. E neste ponto GOT já ganha: a leitura de As Crônicas de Gelo e Fogo é muito mais gostosa e fluída do que SDA. Para quem aprecia ambas as obras, sabe que a leitura de SDA é carregada. Tolkien nos enche de detalhes e é uma leitura difícil. Já Crônicas prende o leitor por não ter capítulos grandes, e no final de cada um, sempre deixa uma dúvida na cabeça do leitor do que irá acontecer. Isto se deve muito ao estilo de cada autor e a época que cada um viveu(vive): Tolkien era um linguista e professor universitário, que passou por 2 guerras e lutou em uma delas, ao passo que Martin já foi roteirista e escritor de Sci-fi durante anos em Hollywood e desta maneira entende muito bem como a cabeça dos produtores e dos espectadores funcionam, conseguindo fazer com que seus livros terminem como se fossem finais de capítulos de séries ou temporadas. Martin também é produtor da série, o que ajuda e muito que ela seja mais fiel a sua visão da obra. Já em O Senhor dos Anéis o que foi passado foi como o diretor Peter Jackson enxergava o universo da Terra Média (e fez um ótimo trabalho).
E por terem seus estilos serem diferentes, as obras quando adaptadas também teriam que ser diferentes (como foram): a história de SDA ficou muito bem apresentada na forma de filmes, pois não existem muitos personagens que irão complicar demais a trama. Podemos citar como personagem principal o Um Anel (sim, se até hoje você não sacou que o Anel é o personagem principal do livro, é melhor ler novamente) e vários outros “secundários” que acompanham toda a série (Frodo, Aragorn, Sauron, Bilbo, Gandalf, Legolas) e outros que participam a partir de um certo ponto (Boromir, Saruman,Theoden, Gollum, Barbárvore, etc). A história está sempre em uma linha contínua. Enquanto em GOT a cada livro existem personagens “principais” (como Ned Stark parece ser no primeiro), mas que na verdade é revelado que isso não existe. Temos na verdade os personagens POV (do inglês “Points Of View” ou “Ponto de Vista” no português), contando a história de sua perspectiva, mas muitos outros personagens “secundários” influem de maneiras que mudam totalmente a trama.
E aproveitando os personagens, vamos ao ponto que eu acho que é a grande diferença entre as obras: em SDA é muito bem definido o bom do mau. Poucas vezes é apresentado algum personagem que não sabemos qual sua real intenção. Talvez exista apenas um único personagem que causa essa dúvida: Boromir, mas mesmo assim parece meio previsível que ele iria se arrepender. Existem ainda Saruman (mas também é evidente o que ele pretende fazer quando ele começa sua conversa com Gandalf) e as tentações que Aragorn sofre. Em GOT, o leitor (espectador) está sem saber o que pensar sobre cada personagem. Em um momento você odeia Jamie Lannister, e no próximo livro você passa a adorá-lo (se você apenas segue a série, prepare-se). E o que pensar do todo honrado Eddark Stark, o exemplo de Lorde, que possui um filho bastardo?
E justamente pelos personagens de GOT serem tão ambíguos, esta série (de livros e TV) conquistou tantas pessoas: apesar de ser uma ficção científica (o próprio Martin a considera assim, dizendo que Sci-fi e fantasia Medieval são a mesma coisa), onde existem dragões, magia, seres estranhos, as pessoas conseguem se imaginar naquele mundo, passando por aquelas situações. E mais que isso, sentem que aquilo é a VIDA: na vida, nós não temos como ter certeza que por mais que o Aragorn apanhe, ele não será morto. Nós sabemos é sim que, se Ned Stark for preso por traição ele irá SIM perder a sua cabeça (por mais que você o ame e implore para que isso não aconteça. E seria bom você não rezar muito, pois Martin pode acabar matando todos os Starks).
Ambas são obras incríveis, mas GOT fez algo que nenhuma outra de sua vertente conseguiu.
DESTAQUE: Sean Bean! Este cara merece todos os aplausos do mundo! Ele participa de ambas produções e faz seus personagens com maestria, e claro cumpre sempre com seu dever de morrer!
Se quiser saber mais sobre GOT confira a página “Game Of Thrones Brasil” no facebook!
Ah, se quiser ver o que o próprio George Martin pensa na comparação das obras, clique aqui (eu discordo de 1 ou 2 de suas escolhas).
