Mr. Nobody – Uma ficção filosófica

Quer ter uma distração? Assista um blockbuster. Quer uma estimulação visual e intelectual? Assista Mr. Nobody.

Não me recordo de outro filme que me deixou tão introspectivo olhando para a tela do televisor após um filme ter acabado. A experiência que este filme me trouxe foi além de única, absurdamente profunda e me deixou com uma necessidade de escrever sobre ele; e cá estou eu fazendo isto, não somente como um review, mas também como uma “filosofada” de modo que não vai atrapalhar sua experiência ao ver o filme. Se você já assistiu, adoraria ouvir suas críticas aqui nos comentários, se não assistiu, de este presente para si mesmo e comente depois…

Este filme já chegou até mim de uma forma diferente… Fui conhecer ele por uma pessoa muito querida que após algumas “filosofadas” ela dizia: Você tem que assistir Mr. Nobody! Tem haver com o que conversamos e tem haver contigo, ela dizia. Após um tempo ganhei o filme dela juntamente com um texto que eu deveria ler após o filme…

Eu assisti Mr. Nobody sem ter noção do que estava por vir, sem ter visto trailer, sem ter lido críticas, nada. Acho que eu evitei fazer isso de uma forma inconsciente depois que soube de sua existência e sei agora que foi a melhor coisa a ser feita, pois eu não estava esperando por essa porrada na cara por tamanha originalidade, trilha, fotografia, roteiro excepcional e a absurda sinergia que tive com o filme.

De modo simples, coloco Mr. Nobody como uma “ficção filosófica” que se trata de escolhas. Ele começa no ano de 2092 e que conta a história de Nemo Nobody, o último homem mortal da terra que está prestes a morrer com 118 anos. Ele está dando uma entrevista sobre seu passado, mas o problema é que suas memórias estão não apenas desordenadas, mas totalmente contraditórias. Ele conta como se tivesse tomado escolhas opostas ao mesmo tempo, o que leva ele a se perder em suas diferentes existências, sendo que a principal “bifurcação” de sua vida é quando ele tem que escolher ficar com o pai ou com a mãe. Depois disto, o filme foca principalmente em “três” vidas onde cada uma ele se casa com uma pessoa diferente, formando três caminhos, três famílias, três destinos, e assim vai… Nesse quesito o diretor dá uma “ajudinha” deixando cada uma destas três existências da vida do Nemo com uma cor em evidência…

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Logo no começo tudo fica confuso e isso só piora durante o filme, mas acho que a mágica dele está aí, pois cada um se encontra ao meio deste caos. Há tantas possibilidades, tantas mudanças de “clima” (vai de um romance tradicional a uma ficção em marte em apenas um corte) que eu acho que as pessoas mal vão conseguir analisar corretamente os caminhos, pois sem querer alteramos as realidades do Nemo diante de tantos acontecimentos desconexos… Você tenta se prender a uma linha, começa entender o que está acontecendo e do nada você percebe (por causa de algum fragmento diferente) que está em outra linha da vida do Nemo.

Já digo de antemão que o filme não é para todos os gostos. Ou se detesta a ponto de levantar no meio do cinema, ou se torna um filme de cabeceira que vem a sua mente em várias questões do dia-a-dia. Penso eu que este filme será melhor aproveitado por aqueles de longas experiências de vida, pois se fala de nascimento, amor, casamento, filhos, separação, sonhos, vida, morte, escolhas, etc de um modo bem profundo. E por trás de tudo ainda, há inúmeras questões sobre física-quântica e astrofísica… Não é para todos, mas sem dúvida é sobre todos.

É uma viagem na mente do personagem, onde vemos seu futuro ser dependente de uma decisão imediata, que leva para futuras decisões e circunstancias em potencial que podem aparecer no futuro baseadas na sua primeira escolha! rsss…

E agora uma filosofada…

Assim como no filme, nossas vida são como uma roda, um ciclo. Nascemos e morremos tantas vezes que é impossível contar cada pequeno ciclo. Nascem e morrem fases da vida, amizades, trabalhos, relacionamento, etc. A lista é longa, são inúmeros começos, inúmeras mortes, mas entre cada uma delas inúmeras experiências que nos faz galgar para nos encontrarmos cada vez mais.

O mais incrível foi como o filme ilustra toda filosofia em cima do paradoxo da escolha. Ele ilustra como estamos enraizados em uma cultura, em uma sociedade, na língua que aprendemos e nas pessoas que conhecemos de modo que muito destas coisas nós não escolhemos, foram impostas a nós e nossas escolhas estão limitadas no leque de opções que este “enraizamento” nos deixa ter. Para ser realmente livre, teríamos que ter todas possibilidades e isso só poderia acontecer se conseguíssemos viver tudo ao mesmo tempo como no filme… OU .. poderíamos deixar de perder tempo e ir mundo a fora conhecer tudo para tentarmos achar quem somos de verdade. E vale lembrar… tic tac, tic tac… o tempo não para.

Mr. Nobody é um tipo raro de filme que conclui tudo com cenas. Um feito “heróico” em uma era de filmes com finais que destroem todo o esforço durante o filme todo. Ele é um filme que não vai te deixar facilmente mesmo que o impacto tenha sido baixo, pois algumas cenas individuais são universais demais para não deixar ao menos um simples significado. Eu poderia ficar filosofando por horas em cima de cada uma das cenas, mas sem dúvidas essa mágica vai ser melhor com você tirando suas próprias conclusões.

Deixo abaixo um trecho bacana que está no filme e que é o desfecho da carta que recebi para ler depois do filme, a qual eu agradeço por aqui com todo o meu coração.

No xadrez é chamado de Zugzwang…  onde o único movimento viável é não movimentar. Enquanto não fazemos uma escolha, tudo continua possível.

Para visualizar as legendas deixe o ícone ‘Legendas Ocultas’ ativado.

Na lû egovaned vîn.

 

Nerd: Novo Nerd

O projeto e a paixão de uma equipe de Nerds que gosta tanto de suas esquisitices que não consegue se conter. Afie sua espada, prepare seu golpe poderoso, pegue seus power converters e embarque nesta estrada, porque, meus amigos, “it´s gonna be Legen… wait for it… DARY! LEGENDARY!” - SO SAY WE ALL.

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