“Mas você só escreve fanfic?”

Aposto que você já teve um diário. Aquele caderninho antigo, com ou sem cadeado em que você colocava todos os seus pensamentos, falava mal dos amigos, dos pais, do irmão mais velho e falava também do seu primeiro amor.

Nunca teve um diário? Ok, então que tal aquele caderninho de anotações (hoje em dia chamado de moleschine) em que você anotava frases de músicas, filmes, séries, ou até mesmo frases idiotas que seus amigos diziam. Não?

Talvez o tampão da carteira em que você se sentava no colégio? Você a usou diversas vezes para xingar seu melhor amigo, vai.

Brincadeira a parte, este post é dedicado àquelas pessoas solitárias que vencem aquela luta eterna que é: tirar o que está na cabeça e colocar no papel. A ideia me surgiu um dia em que eu, sentada numa mesa em uma festa de aniversário, compartilhei com algumas pessoas o fato de que eu gostava de escrever. Sempre gostei.

Aí veio a pergunta: “Você escreve sobre o quê?

O que realmente importa, é me perguntar por quê e não o quê. Por que escrevo? Porque vou ficando gradualmente maluca se não coloco no papel aquilo que está na minha cabeça. É claro, a ideia nem sempre é boa, mas você não sabe disso até colocar no papel, ler e pensar “é, realmente ficou uma bosta”. Então você começa de novo.

Um nome aparece. Um simples nome e você imagina a quem ele pertence, qual é a aparência da pessoa que tem esse nome? (sim, pessoa, não personagem) Por que ela surgiu? Onde ela está? Por que está? E enquanto você não der as respostas para todas estas perguntas, elas vão ficar zumbindo na sua cabeça e quando você perceber, vai estar parado na frente da tela do computador, se esquecendo do que iria fazer, porque o maldito nome surgiu de novo, e você precisa descobrir o propósito daquela pessoa.

Mas, Tris, o que isso tem a ver com o começo desse texto? É simples: todas as formas de escrever lá em cima começam da mesma maneira. Você sente que precisa escrever, mesmo sabendo que ninguém vai ler e que o único que vai olhar para sua obra (mesmo aquela que não é tão boa assim) será você mesmo.

O diário é a prova de que o que se sente é o que se escreve.

E é uma coisa que eu recomendo fortemente, porque o ato de escrever o que se pensa, muitas vezes vem acompanhado de epifanias e crises catárticas, porque naquelas páginas está você, o você que começou a escrever aquilo cinco minutos antes. E quem lê e relê depois, é o você do futuro que, muito provavelmente, terá as respostas para as perguntas que você tinha quando começou.

Escrever não é um processo fácil, não é à toa que o chamo de luta eterna (eterna e épica entre mente e coração). Se você consegue fazer isto, ótimo. Você é um guerreiro. Um vencedor.

Aí vem o xis da questão: E se eu escrevo fanfic?

Sua confiança se abala quando você se encontra na área denominada escritor de fanfic. Escritor é uma palavra forte, mas a que vem a seguir rouba a cena e te deixa para baixo. Experimente dizer que você escreve fanfics e terá respostas como: ”Ah, mas isso não é escrever” ou “Ah, achei que você escrevia de verdade” ou ainda “Ah, você escreve F-A-N-F-I-C. Não escreve”. Queridos, jamais desvalorize alguém que consegue tirar as ideias da cabeça e colocar no papel. Ou você acha que é fácil criar uma personagem? Entendê-lo? Saber como ele reagiria se soubesse que morreria em cinco minutos? Fazê-lo ter uma personalidade? Montar uma trama que não terá pontas soltas no final? Ou ainda acha fácil tirar todos os pensamentos que te incomodam e colocar no papel e depois olhá-las como se fosse uma enorme penseira?

Escritores de fanfics, UNI-VOS!

Somos todos Nick Carroway em sua consulta com Dr. Walter Perkins

“Nick Carraway: Não quero falar sobre isso Doutor.

Dr Walter Perkins: Então escreva.

NC: Escrever?

WP: Sim.

NC: Porque eu faria isso?

WP: Você mesmo disse que escrever te trouxe consolo.

NC: Sim, bem, eu não trouxe consolo para mais ninguém.

WP: Ninguém precisa ler. Você pode queimá-lo depois.

NC: Sobre o que eu escreveria?

WP: Qualquer coisa. Qualquer coisa que te traga conforto. Uma memória, um pensamento, um lugar. Escreva.”

The Great Gatsby

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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