House of Cards, The Circle e uma teoria para a política brasileira

Eu ia escrever sobre a mais recente temporada de House of Cards. Porque, né? House of Cards. O.O Aí, assisti ao filme The Circle (O Círculo), com Emma Watson e Tom Hanks e meu cérebro ligou os pontinhos. Por isso, resolvi falar sobre as duas coisas e sobre um terceiro assunto, bem polêmico, do qual confesso que não entendo muito: a política brasileira.

Assistir a essa temporada de House of Cards abriu-me os olhos. Pensei: meu Deus, nós realmente não sabemos nada do que está realmente acontecendo. Se Frank e Claire fazem o povo de idiotas, e são dois contra a nação e o FBI e etc, qual chance temos de realmente descobrir o que acontece por baixo dos panos na política brasileira? Se nem Claire vislumbrou o “plano infalível” de Frank, revelado ao final da temporada, que esperança temos nós de enxergar a verdade sobre a política brasileira?

House-of-Cards-The-Circle-Política-Brasileira_Claire Underwood

Se até a Claire foi “pega de surpresa” ao final da temporada, que esperança temos nós, “reles mortais”?

Vejo amigos desfazendo amizades, famílias brigando, casais se separando por conta de “direita versus esquerda”. Como se um estivesse certo e o outro errado. Como se houvesse a chance de um dos dois lados ser o “mocinho” e o outro o “ladrão”. A minha impressão sobre a política brasileira, embora seja mais intuitiva do que verdadeiramente embasada, é a de que é ladrão contra ladrão e só varia a gravidade do crime.

Mas também, como posso embasar minha opinião política, quando não podemos confiar em nenhum dos lados da informação? Não é à toa que House of Cards “brinca” que não dá pra competir com a política brasileira. É bem possível – e provável – que eles se inspirem em nossa “realidade” (será realidade mesmo?) para seus roteiros escalafobéticos, cheios de plot twists e jaw drops. Aqui, não dá pra saber se a realidade imita a ficção ou se a ficção se inspira na realidade.

Eu verdadeiramente já desisti de tentar entender a política brasileira. Estou completamente fora dela. Se os envolvidos não estão 100% a par do que está acontecendo, que esperança teria eu de entender as pecinhas da máquina política do Brasil? Quando eu penso “ah, vai ser agora, vai ser ESSE escândalo que vai provocar uma mudança e a coisa vai finalmente começar a rolar como deveria”, o escândalo é rapidamente abafado e a coisa volta a funcionar como antes.

Então, desde que me propus a falar sobre House of Cards, tenho refletido bastante sobre isso. Não cheguei a grandes conclusões não, pra ser bem sincera. Mas cheguei a um ponto bem complexo em meu raciocínio: como podemos querer políticos honestos, se o próprio funcionamento da política brasileira atrai pessoas desonestas? Pensem comigo: a “máquina política brasileira” é um paraíso para o antiético e o ladrão. É a combinação perfeita de Havaí com Islândia e as sete maravilhas do mundo. Um oásis para o desonesto, um refúgio para o corrupto. Do jeito que as coisas parecem funcionar “naturalmente” na nossa política, como podemos esperar que políticos sejam qualquer outra coisa além de ladrões?

Claro, não estou generalizando. Sei que poucos ali se envolveram na política na esperança de modificá-la, de transformá-la no que deveria ser. Mas quando a corrupção está institucionalizada para todos os lados,… qual alternativa temos?

House-of-Cards-The-Circle-Política-Brasileira_Câmera pessoal de The Circle

O filme The Circle parece que leu minha mente e transformou meus devaneios mentais sobre a política brasileira em alternativa tecnológica. Eu realmente acho a ideia válida… Eis por quê. (Ah, esse “broche” na blusa da Emma Watson é uma versão pessoal da câmera SeeChange, do filme.)

Há anos, eu costumo comentar com as pessoas: “se eu fosse candidata política, eu me proporia a transmitir minha vida ao vivo 24h por dia, pra provar pras pessoas que eu sou diferente e que podem confiar em mim”. Acho que isso, por si só, já tornaria minha candidatura diferenciada. Já viu algum político topar transmitir a própria vida ao vivo estilo Big Brother? E sabemos o quanto o brasileiro adora Big Brother – e o quanto odeia TV Senado. Mas imagina o quanto a coisa seria diferente, se pudéssemos acompanhar nossos políticos 24/7 pela internet, nas reuniões, nas ligações, nos e-mails… Transparência total. Aí sim, será que teríamos chance de uma máquina política CONFIÁVEL?

É aí que entra O Círculo. The Circle é um filme incrível, que fala sobre a tecnologia usada para a conexão entre as pessoas e o quanto isso pode permitir uma conexão mais aprofundada – e o quanto isso também tem um potencial para o caos, dependendo de como for aplicado.

Em um determinado ponto do filme, a personagem de Emma Watson, Mae Holland, se propõe a transmitir sua vida 24h por dia ao vivo por uma câmera do tamanho de um brochinho, além de outras câmeras que compõem um verdadeiro Big Brother para os fãs do Círculo, que queiram acompanhar a rotina de alguém que trabalhe lá.

Para quem não assistiu ao filme ainda, o Círculo é como um mash-up de grandes nomes como Google e Apple: inovação, tecnologia, sofisticação e visão. E o filme questiona uma coisa muito interessante, altamente aplicável à nossa situação política: como nos comportamos quando estamos sozinhos versus como nos comportamos quando estamos sendo observados?

Figuras políticas, no Brasil, não são figuras tão públicas quanto poderiam e deveriam ser. A prestação de contas é quase ínfima e, na verdade, quase tudo acontece por trás de portas fechadas ou debaixo dos panos. Como confiar?

Não seria uma ideia a considerar que os políticos fossem obrigados a ser observados 24h por dia por qualquer cidadão que assim desejasse? Não seria uma forma mais “garantida” de reformar a política brasileira? Não seria uma forma de suprimir o criminoso dentro dos políticos atuais e de filtrar melhor os futuros candidatos, afugentando quem tem máscaras que não quer expor? Será que não estamos precisando de um Círculo aqui no Brasil, para garantir que a podridão da política brasileira seja exposta a céu aberto, para que possamos, de vez, seguir em frente para uma nova fase em nosso país?

House-of-Cards-The-Circle-Política-Brasileira_Politicagem no filme The Circle

The Circle fala da política e da politicagem corporativa. Recomendo que você assista e reflita!

Quando nossa política inspira uma trama complexa e absurda como a de House of Cards, é de se admirar que alguém não faça alguma coisa para sugerir mudanças tangíveis e amplamente monitoráveis. Quando as coisas são feitas às escondidas, o antídoto para isso é a transparência. E o filme The Circle sugere uma forma de adotar a transparência TOTAL: através da vida pública em um sentido verdadeiramente completo de “público”.

E ainda levo essa reflexão um passo além: se o político precisa de câmeras para buscar ser bom, não seria oposta a sua verdade? Não seja por isso: que coloquemos câmeras 24h por dia em cima de todos eles. Quem é bom continuará sendo bom. E quem não for vai ter que aprender a ser. Ou “pede pra sair”.

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Nerd: Analuísa Bessa

Analuísa (tudojunto) Bessa. Freelaholic, terapeuta holística, nerd inveterada e colecionadora de revistinhas da Turma da Mônica (é isso aí mesmo, porque estar chegando aos 30 NÃO vai me limitar).

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