Freeform decide cancelar Shadowhunters depois de 3 temporadas

 

A série que estreou no dia 16 de janeiro de 2016 prometendo adaptar uma das mais famosas sagas de fantasia da famosa autora Cassandra Clare, foi por fim cancelada pela Freeform.

Vocês devem se lembrar que eu, como uma grande fã do mundo dos Caçadores de Sombras, fiz a resenha de episódios por episódio na primeira temporada, mas devido a minha impressão final depois dos 13 episódios, eu decidi parar. Antes que os fãs da série tomem fôlego para dizer “mas é uma adaptação”, não é por esse motivo que eu acabei abandonando a série (e no fim, a Freeform também).

Dando o exemplo de Vampire Diaries: eu li cinco livros da saga e logo ficou óbvio na série que eles mudaram muitíssimas coisas, mas nem por isso eu abandonei a história, porque ela me prendeu e usou inúmeros ganchos de vários personagens para manter a audiência de uma temporada para outra.

O problema da série Shadowhunters é que ela não consegue segurar o interesse por muito tempo. O fato de se mudar a trama e até mesmo os poderes de certos personagens pode até incomodar quem é fã dos livros, mas não é o que leva ao fim da produção da série. O que faz esse papel muito bem é o orçamento baixo para efeitos especiais e principalmente a inconsistência no roteiro e mau aproveitamento do conteúdo nos livros.

Quem leu os livros sabe que a mitologia do mundo dos Caçadores de Sombras é extremamente rica e complexa, principalmente quando lidamos com o Povo das Fadas (que é um dos núcleos mais interessantes na saga). A série tentou espremer quatro livros em três temporadas, e com isso deixou de dar a devida importância ao que é o cerne de um Caçador de Sombras. Os demônios. Durante todas as temporadas, a produção falhou miseravelmente em fazer com que o público realmente entendesse que os demônios são muito, mas muito perigosos, e que só Caçadores de Sombras muito bons podem matá-los.

O que chegou mais perto de parecer perigoso foi Valentim, com sua obsessão pelo Cálice Mortal e pelo poder que ele poderia trazer, mas Alan Van Sprang não conseguiu segurar a atuação por tanto tempo sozinho. Mas mais do que tudo, o que mais machucou a série e fez com que os fãs tanto dos livros quanto da série perdessem o interesse, na minha opinião. foi a falta de consistência no roteiro, como eu já tinha citado antes.

Várias vezes no roteiro foram criados mecanismos que não seguiram regra alguma e que não eram explicados (nem implicitamente). Dois exemplos disso foram as Runas de Disfarce e as regras de portais em outros mundos visto no episódio This World Inverted da primeira temporada.

A primeira foi usada pela Lídia Branwell que, da maneira como pode ser usada por absolutamente todo mundo, plantou um furo na trama e enfraqueceu o vilão dos vilões, Valentim (que poderia ser enganado por um impostor disfarçado a qualquer momento, como aconteceu quando Jace fingiu ser a Clary) além de mostrar uma falta de inteligência sem tamanho dos próprios Caçadores de Sombras por não terem pensado em comprometer os planos de Valentim usando a mesma runa.

A segunda gafe também foi na primeira temporada e vemos uma contradição quanto a regra dos portais, que já tinha sido instaurada antes quando um dos personagens diz que é necessário que você tenha bem claro em mente como é o lugar para onde você vai, e quando Jace e Clary passam pelo portal do mundo invertido, Magnus diz que ela só precisava pensar em Valentim pra ir.

Parece coisa boba, mas é esse tipo de coisa que pode dar um nó na hora de prosseguir com a história e, sendo sincera, vai acabando com a reputação da série aos poucos.

Já falei em um dos vídeos de resenha: quando falamos de fantasia, precisamos necessariamente falar de regras, porque sem ela, absolutamente tudo é possível, e foi isso que os produtores e diretores acabaram fazendo, além do óbvio mau aproveitamento da trama dos quatro livros.

Uma coisa é certa, nem tudo foi ruim, alguns personagens que foram incluídos tiveram um ótimo desenvolvimento durante a trama, mas só isso não é o suficiente para manter uma série no ar. Porque não podemos esquecer que, no fim das contas, tudo é dinheiro. Durante a segunda temporada, Shadowhunters se manteve em segundo lugar no ranking de séries da Freeform com maior audiência. Agora caiu para a sexta posição, o que significa que não está dando dinheiro para a emissora, portanto não faz sentido continuar a produzi-la.

Considerando que a maioria das pessoas que conhece a série, conheceu através dos livros primeiro, hoje em dia essas pessoas devem ter a mesma idade que eu, entre 20 e 27 anos. Então eu peço, como fã desse mundo de fantasia, para lidarmos com um pouquinho mais de maturidade com essa notícia. Não é que sejamos fãs ruins, acho que nesse caso é só que não gostamos de ver uma saga que a gente ama sendo feita nas coxas. E se for pra continuar do jeito que está agora, é melhor mesmo que a série seja descontinuada e que venha alguma emissora ou produtora que trate o projeto com o carinho e a seriedade que a gente tanto quer e que esse mundo da Cassandra Clare merece.

Para terminar, é bom destacar que esse é a minha opinião. Não precisa levar pro lado pessoal se você não concorda comigo. É isso aí, fiquem na paz 😉

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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