Emoção e Reflexão em First They Killed My Father

É engraçado, mas algum tempo atrás eu tinha preconceito com grandes atores que se colocavam na cadeira de direção de um filme. Agora vejo que era uma visão idiota e First They Killed My Father tá aí como mais um bom tapa na minha cara em relação a esse assunto.

A recém-lançada produção original Netflix, dirigida por Angelina Jolie conta a história de uma garota de sete anos chamada Loung em meio ao Khmer Vermelho, uma revolução que matou cerca de um quarto da população do Camboja.

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Que filme emocionante. Comecei a vê-lo sem saber de nada, não vi trailer e vi uma vaga sinopse falando a respeito de uma garotinha no Camboja. Fiquei surpreso com a construção feita a partir do olhar de Angelina Jolie e a maneira como a história é narrada. Imagino a complexidade de mostrar um contexto de guerra a partir dos olhos de uma criança e ver como foi executado é muito interessante, já que conseguimos perceber aquela situação da mesma maneira que Loung.

First They Killed My Father começa introduzindo Loung e sua família. Logo após mostra a chegada dos soldados do Partido Comunista da Kampuchea na cidade de Phnom Penh que é evacuada, fato que força a família a sair da cidade em direção ao campo. No decorrer do filme vemos pouco a pouco os personagens perderem suas coisas, identidade e por fim sua liberdade.

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Não irei revelar mais detalhes a respeito da trama para prevenir os spoilers, mas esse filme mexe com o espectador. Não raro, vemos os olhos cheios de lágrimas por ver uma situação tão difícil e ver que  não tem como os personagens fugirem dali.

O olhar de Angelina Jolie traduzido no longa é humano e sensível. Com sequências filmadas a partir de pontos de vista zenital (posição em que a câmera filma a cena totalmente voltada para baixo) são importantes para situar o espectador de que aquela situação é mais terrível do que aparenta e mostra que o drama da família de Loung representa o que muitas pessoas estavam vivendo ao mesmo momento. A fotografia do filme é bem trabalhada, de maneira que explora quadros e ângulos diferenciados e conseguem representar o olhar dos próprios personagens como uma espécie de visão em primeira pessoa. Chamou a atenção ver que muitas cenas emocionantes eram gravadas com câmera próxima ao rosto focando na expressão dos personagens.

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É muito bonito ver como não são necessárias muitas conversas entre os personagens para construir os laços afetivos entre eles. A relação entre o pai de Loung e ela é construída de maneira tão sútil e natural e ressaltam a qualidade de atuação do elenco, principalmente Sareum Srey Moch, a garotinha que dá vida à Loung. Outro ponto interessante e essencial para a concepção da atmosfera do filme é o idioma falado. O filme não se passa na língua inglesa e isso entrega mais veracidade à produção.

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Para finalizar, First They Killed My Father é um filme lindo. Faz com que o espectador reflita sobre o mal que os seres humanos são capazes de fazer uns aos outros. Angelina Jolie entrega outro filme emocionante, de muita qualidade narrativa  e que mostra o potencial da atriz na cadeira de diretora. Vale ressaltar que a produção mostra como é importante ter filmes dirigidos por mulheres na indústria, creio que ele não seria o mesmo sem o olhar feminino e particular de Angelina. Minha recomendação? Corra já para a Netflix e vá ver esse filme!

Nerd: Gabryel Oliveira

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