Na madrugada do dia 28 de novembro, o time da Chapecoense estava indo a uma missão inédita: participar de uma final de um torneio internacional.
O modesto time da cidade de Chapecó, interior de Santa Catarina, apresenta uma história de luta e superação: de problemas financeiros à time local, a Chape, como é conhecida, chegou à série D do Campeonato Brasileiro e em 5 anos já estava na elite do futebol brasileiro, na cobiçada Série A.
E em 2016, fazendo história ao ir à final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional da Colômbia, e não por acaso, mas derrotando na semifinal um campeão da Libertadores como o San Lorenzo, da Argentina. Era o ápice e um momento mágico para todos. O sentimento de alegria e união na cidade de Chapecó era algo que não se via há muito no mundo rivalizado do futebol. Mas, tudo foi interrompido por um acidente aéreo no voo do Brasil para a Colômbia, para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. Foram 71 vítimas, entre jogadores, comissão técnica e imprensa.
Foi um sentimento de tristeza e revolta no país e no mundo, já que tudo poderia ser evitado, porque o acidente se deu por negligência da tripulação que sabia da falta de combustível no avião, mas que nada fez.
Em um mundo de tanta intolerância, sobretudo no que diz à política, foi algo como há pouco se via. Até onde a memória alcança, foi na morte de Ayrton Senna que houve tamanha comoção, onde a população se uniu de fato.
Hoje a Chapecoense está em reconstrução, foi eliminada das duas últimas passagens da Taça Libertadores, mas se mantém na elite do futebol.
Tudo isso é mostrado de forma brilhante e competente pelo documentário Para Sempre Chape, do uruguaio Luís Ara. O diretor acertou em mostrar a tragédia, sem explorá-la, sem fazer sensacionalismo e focado no depoimento dos sobreviventes e familiares.
O documentário começa com a história do time, em 1973, passando pelos anos 80, 90, até se tornar um time conhecido nacionalmente, mas quase não seria exibido nos cinemas: não foi informado às famílias sobre o documentário, até que uma viúva de um dos jogadores, com os filhos, viu o trailer em uma sessão de cinema, saíram às lágrimas e resolveram processar o documentário.
Felizmente todos chegaram em um acordo, o documentário será exibido nos cinemas e 50% da renda vai para o time.
Foi difícil de segurar as lágrimas vendo o documentário, e mesmo sendo um material guiado mais pela razão do que pela emoção, nota-se a competência e cuidado dos envolvidos. É um registro para guardar para sempre e jamais ser esquecido, além de servir de exemplo às empresas aéreas.
Para sempre e força, Chape!
