Classicos Modernos 02 | Looper – Assassinos do Futuro

Classicos modernos 2.posterEssa coluna mensal tem como objetivo apresentar ao público filmes contemporâneos, que apesar de recentes, contem qualidades e peculiaridades que o elevam para o patamar de um “clássico”, um filme que por mais que o tempo tente, nunca será possível apagá-lo da história do cinema.

O clássico desse mês é Looper – Assassinos do futuro. Só agora, ao rever o filme para escrever essa review que me dei conta de que o escritor e diretor dele é o mesmo que roteirizou e atualmente dirige Star Wars Episódio VIIIRian Johnson. Isso me faz feliz, pois percebo que a Saga que amamos está em boas mãos, assim como esteve sob o comando de J. J. Abrans.

Pois bem, Looper é ficção científica na veia, como há muito tempo não se via no cinema! O filme começa em 2072, um futuro nem tão distópico e não tão utópico. As viagens no tempo ainda não foram inventadas, porém trinta anos a frente elas serão, e os mafiosos de 2102, usarão dessa tecnologia que será terminantemente proibida, para apagar da sua linha temporal aqueles os quais eles querem eliminar. Como é feito esse processo? A vitima é enviada para 2072, para um lugar especifico e no exato momento que ela “aterrissa” no “presente” é morta por um LOOPER, um assassino contratado para fazer esse disparo mortal e desovar o corpo.

Mas, devido a viagem no tempo ser ilegal no “futuro”, não pode restar vestígios de sua utilização, então até mesmo o Looper será eliminado 30 anos a frente sendo enviado para o “presente” para ser morto por ele mesmo. Quando isso acontece, o assassino ganha uma grande cifra em dinheiro para aproveitar os seus já determinados 30 anos restantes de vida.

Mas e se ele hesitasse em matar ele mesmo, e a sua versão do futuro fugisse? Que consequências isso traria para o universo? Que motivações guiariam alguém que viu o futuro? É a partir daí que o filme embala em uma montanha russa de acontecimentos. Descrever o plot do longa é uma tarefa difícil, e o resultado é um pouco confuso, mas em tela não, pois tudo isso é mostrado de forma objetiva e simples, por meio de uma excelente edição e montagem.

Classicos modernos 2.2

Deu pra ver o nível de Sy-fy não é? E não para por aí, o universo peculiar criado por Johnson tem suas próprias drogas, veículos, armas e o melhor, habilidades especiais como a telecinesia, a qual rende algumas das melhores cenas do filme.

Alguns efeitos especiais são bons, e outros nem tanto, mas tenho a impressão que estes foram feitos com pouco esmero para dar a cara de “Filme B”, e sabe de uma coisa? Nem precisava ser super produzido, o melhor é sua história original e sobre tudo DESCOMPLICADA, comparado a filmes de temática parecida. Em Looper as viagens no tempo não dão um nó no nosso cérebro, nem tem o objetivo de nos fazer montar um quebra-cabeça, com possibilidades, incoerências, teorias do caos e efeito borboleta, pelo contrário, a mitologia própria do filme é explicada, de forma não didática, mas de fácil compreensão. E esse é um dos grandes trunfos do longa, ele esconde de forma proposital muitas das informações, entregando apenas o suficiente para se entender o que está acontecendo, fazendo com que a experiência vá além do que está sendo visto, deixando um espaço para nossa imaginação interpretar e completar.

Classicos modernos 2.1

O filme é protagonizado por Joseph-Gordon Levitt (Joe) com maquiagem que altera parte do seu rosto tentando-o fazer ficar parecido com Bruce Willis que vive Joe 30 anos depois, e por Emily Blunt, presença feminina marcante para a trama. A falta de expressões faciais de Joseph não compromete. Bruce faz o trabalho, inclusive os melhores diálogos do filme são os entre Joe e Joe (o do presente e o do futuro), e uma das minhas partes favoritas é quando vemos a mesma cena sendo assistida pelo ponto de vista de cada um. As cenas de ação são muitas e viscerais, o filme não tem medo da censura e abusa do sangue (há inclusive cena com um que de horror, onde uma criança fica com o rosto ensaguentado, visualmente marcante e penosa).

Por que considerar Looper Assassinos do Futuro um clássico moderno? Por que sua história emerge com mais importância do que qualquer efeito especial. E com alto grau de inteligência e imprevisibilidade, coisa rara em Hollywood. O filme é certeiro em misturar uma série de elementos como, viagem no tempo (sem serem confusas), matadores de aluguel, habilidades paranormais e máfia em um único contexto. O resultado é uma obra magnífica de pura ficção científica para levar qualquer nerd ao delírio.

Assista Looper sem procurar base cientifica, embasamento na realidade, ou coerências sobre como o futuro seria afetado. O filme não tem a intenção de ser um marco na roteirização do que a ciência já teorizou sobre viagens no tempo. Aceite a simplicidade desse universo, suas leis e tecnologias, pois assim, o filme explodirá sua cabeça como explodiu a minha.
Outros dicas de Clássicos Modernos:

Classicos Modernos 01 – Brilho eterno de Uma Mente Sem Lembranças

 

Nerd: Julio Garcia

Design gráfico, fotógrafo, aspirante a escritor, DCnauta assumido, que tenta empregar no pequeno filho a DC e o equilíbrio da força, cinéfilo desde o dia mais claro e a noite mais escura, indo ao infinito e além nos universos que gosta.

Share This Post On