Campanha Mais Shoujos no Brasil

No post sobre o Ressaca Friends eu falei um pouquinho sobre o mal estar que a mesa redonda entre as editoras de mangás causou entre os leitores e entre elas próprias, e falei sobre minha vontade de falar aqui no Novo Nerd sobre a Campanha Mais Shoujo no Brasil. Entrei em contato com a Mayara e ela topou em nos contar sobre a campanha, sobre as expectativas e objetivos deles! 😀

(tabelinha de shoujo/josei/BL/similares lançados no Brasil até o ano passado, disponibilizada no grupo pela Stephanie Mostavenco)

A declaração da Mayara é muito bacana e importante para quem, assim como eu e todos que fazem parte, querem ver seus mangás tão queridos sendo publicados por aqui. Acho muito importante que o público encontre um meio de se comunicar com quem pode fazer isso acontecer, mostrando quais são os interesses, os problemas, o que está certo, o que está errado, o que pode melhorar… Vejo a iniciativa como uma ótima chance de pesquisa de mercado até mesmo para as editoras, se souberem aproveitar direito a oportunidade de uma relação estreita ocm o público e escutar o que dizemos.

Mas, falei demais! Agora é a vez da Mayara soltar o verbo e nos contar mais sobre a campanha e sobre os shoujos!

Mais Shoujos no Brasil. O que isso significa?

A Campanha Mais Shoujos no Brasil teve início ano passado (2013). Tudo começou com a publicação do Gustavo Torres, pedindo Chihayafuru na página da Panini, com a hashtag #VemChihayafuru. Eu o conhecia pelo Twitter, sabia que ele era fã e quis ajudar, curtindo, comentando e compartilhando. Nessas divulgações da vida, várias pessoas comentaram não apenas sobre Chihaya, mas também sobre outros títulos da demografia (josei – Chihaya, no caso/shoujo) que tiveram impacto em suas vidas e gostariam de ver por aqui também. No Twitter, o Gustavo comentou sobre tentarmos fazer uma Campanha maior e daí surgiu o Mais Shoujos no Brasil, criei a página no Facebook e juntos fomos chamando as pessoas, estabelecendo ideias e organizando o grupo. Criamos Twitter, Tumblr e Facebook para a Campanha, além da hashtag #MaisShoujosNoBrasil. Inclusive, essa hashtag trouxe algumas discussões, por isso fizemos alguns esclarecimentos sobre a Campanha.

Vale ressaltar que fizemos uma enquete para saber quais títulos pedir para a Panini, por coincidência, os que receberam mais votos foram romance escolar, o que também gerou algumas discussões, como: ah, a Campanha não quer realmente shoujos, quer romance e bláblá. Também fizemos esclarecimentos sobre isso: Não é porque um título tem romance como um dos focos que ele necessariamente faz parte dessa demografia. Exs: Love Hina, Nisekoi, Sankarea, To Love-Ru e Toradora, todos publicados em revistas shounen. – Da mesma forma, nem todo shoujo se foca em romance. Exs: Code Geass, No.6, Rayearth, Vitamin. – Indo mais além, não é porque as protagonistas do mangá são garotas que a obra é shoujo. E não é porque o protagonista é um cara que o mangá não possa ser dessa demografia. Exs: 07-Ghost, Angel Sanctuary e X, todos shoujos com homens como personagens principais; e Claymore (Shounen) e Elfen Lied (Seinen), que possuem mulheres como protagonistas.

Uma coisa que a galera confunde bastante é demografia e gênero. Shoujo (assim como Josei, Shounen, Seinen etc) NÃO é gênero. É uma DEMOGRAFIA (público alvo para quem o mangá é destinado – no caso, para meninas mais jovens. O que, obviamente, não impede que mulheres mais velhas e indivíduos do sexo masculino não possam ler e se divertir com essas obras). Gêneros são, por exemplo, ação, aventura, comédia e romance. Se você estiver em dúvida com relação à demografia de algum mangá, sugerimos checar no MyAnimeList ou no Manga Updates. Sobre demografias, é um tipo de classificação não usada em animês, light novels ou visuais novels lá no Japão, uma vez que foram criadas pela Associação Japonesa de Mangás – resumindo, só são utilizadas para esse tipo de publicação. Então, nada de sair chamando animê de shoujo, hein? Caso ainda tenham dúvidas sobre, acesse essa postagem.

Porque nem todo Shoujo é um romance escolar!!!

Devido algumas confusões que ainda estão acontecendo, achamos importante reforçar a mensagem mais uma vez: shoujo NÃO é só mangá de romance. Achar isso é cair no estereótipo de que toda obra que possui histórias de amor como um dos elementos automaticamente faz parte dessa demografia.

Exemplos disso são Toradora e Love Hina, ambos publicados em revistas shounen, mas que se encaixam na descrição acima. “Ah, mas EU considero esses mangás como shoujos por isso, por isso e por aquilo” Infelizmente não existe achismo quando se trata disso. O que define a demografia de um mangá é a revista onde ele é publicado – ou seja, pra qual público-alvo ele é destinado inicialmente (o que não impede que pessoas fora desse público-alvo possam ler e se divertir com tais histórias). “Então se é shoujo e não tem romance deve ser uma merda. Não vou ler isso aí!” Esse é um dos maiores preconceitos que existem no nosso meio (e, na minha opinião, um dos mais idiotas e injustificáveis). Grandes obras do universo dos mangás são shoujos que fogem do estereótipo e mesmo assim possuem altíssima qualidade – Code Geass e No.6 por exemplo, para citar alguns mais famosos. Assim como muita gente deixa de ler histórias de romance porque “é shoujo, logo é chato” – quando na verdade são histórias incríveis e por vezes sequer são da demografia mencionada (!!!) -, também existem aqueles que ignoram shoujos pelo simples fato de não conterem romance. Isso é um pensamento atrasado e intolerante, que apenas tira do indivíduo a oportunidade de conhecer obras fantásticas. “Você está dizendo isso, mas por que o foco da campanha são mangás de romance?!” Como já esclarecido em outro post, em nenhuma ocasião foi dito que só queremos romances sendo publicados. Apesar dos três títulos que são foco da campanha terem essa característica, shoujos de todos os gêneros são muito bem vindos! As obras escolhidas para sugestão – Ao Haru Ride, Lovely Complex e Tonari no Kaibutsu-kun – são o resultado de uma votação que fizemos no nosso grupo. Essas foram as vencedoras e as que têm maior probabilidade de vender bem e “reabrir” o mercado da demografia no país, para aí sim os outros títulos menos conhecidos virem.

Quando criamos o grupo, não imaginávamos que ia dar tão certo. Era engraçado ver tanta gente aderindo, foi realmente surpreendente. Estamos bem felizes com os resultados e estamos tentando ao máximo fazer a nossa parte para que tudo continue dando certo. Quando a Panini anunciou Aoharaido foi realmente um momento de surtos atrás de surtos. Também ficamos felizões quando vimos o apoio da Nova Sampa, mencionando diretamente a Campanha em uma de suas publicações. Esses dias a JBC anunciou um shoujo e disse que poderíamos esperar por mais dois ou três, o grupo está realmente ansioso para saber quais serão. Teve também o anúncio de No.6 pela NewPop, acho que esse pegou todo mundo de surpresa. Afinal, anunciaram o mangá e a novel. Enfim, tudo isso significou muito para o que estivemos fazendo até agora e espero que possamos comemorar muito mais anúncios juntos. Mal podemos esperar para termos Aoharaido em mãos e fazer aquele agradecimento para a Panini. Ah!, também teve um momento em que as pessoas mandavam fotos dos mangás shoujos que elas possuíam em casa, caso ainda queiram enviar, fiquem à vontade. Só entrar em contato com a nossa página no Facebook. A trajetória da Campanha foi mais ou menos essa. Aparentemente, continuamos crescendo. E é tudo graças a toda ajuda que recebemos, seja curtindo, compartilhando ou divulgando para os amigos. Fica aqui o nosso agradecimento. Espero que continuem nos dando força!

Nós é que agradecemos pela atenção e colaboração com o Novo Nerd, Mayara e toda equipe da camapanha! Foi um prazer poder abrir um espacinho aqui no site para que mais pessoas tomem conhecimento da campanha e de sua importância, e que conheçam mais sobre os shoujos. Para entender mais um pouco sobre a campanha, a Mayara me passou alguns links legais que vale a pena conferir! O blog Otome Tea Time fez uma entrevista com a equipe e a Mayara disse que o post do Chuva de Nanquim esclarece bem a opinião da equipe sobre a declaração das editoras de que “shoujo não vende”.

Quem se interessou não esquece de curtir a página da campanha e participar do grupo! E claro, de agradecer as editoras por atenderem alguns de nossos pedidos! <3 Quais são os mangás shoujos que vocês querem ver por aqui? Eu estou torcendo por Kyou no kira kun, Dengeki Daisy, Kyou koi wo hajimemasu (que já terminei de ler mas compraria pra guardar pra sempre haha). Taiyou no ie e Tonari no kaibutsu-kun 🙂 Todos esses eu acompanho por sites que traduzem e disponibilizam os scans dos mangás gratuitamente, mas compraria todos se saíssem por aqui. E é isso que eu acho leval sempre lembrar: que os sites de scans devem ter respeito quando uma obra vai ser finalmente lançada por aqui. Já vi alguns que continuam a traduzir Ao Haru Ride, e acho isso uma tremenda falta de bom senso. É só mais um motivo para que as editoras fortaleçam o argumento de que “shoujo não vende”. Bora apoiar o que os coleguinhas se empenharam tanto em conseguir trazer pra cá, hein!

Nerd: Evelyn Trippo

I just have a lot of feelings, e urgência em expressá-los. Tradutora (formação e profissão), aspirante a escritora e estudante de projetos em games. Pára-raio de nerds, exploradora de prateleiras em sebos e uma orgulhosa crazy pet lady.

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