Brilho Eterno | Valeu a pena ver de novo

Creio que todos aqui conheçam, já assistiram ou pelo menos ouviram falar do filme O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Nosso amigo Julio Garcia, aqui do site, até já escreveu sobre o filme, e vale a pena dar uma olhada no que ele achou!

Essa é a segunda parte de uma série de filmes que re-assisti depois de algum tempo, com novos olhos, criando novos significados, e este texto escrevi há 3 anos, quando eu tinha 21. A primeira parte do Valeu a pena ver de novo foi sobre o filme Beijo Roubado, e planejo continuar a escrever sobre outros, e talvez o próximo seja De Repente é Amor. Mas, deixando o futuro para depois, vamos revirar e modificar as minhas próprias lembranças de Brilho Eterno 😉

 

Eu era nova quando assisti a Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças pela primeira vez. Eu devia ter uns 11, 12 anos. Não entendi o filme, mas o que eu entendia aos 11, 12 anos? Nada.

A segunda vez que o assisti, foi logo depois do fim de um relacionamento, no mesmo dia em que descobri que ele já tinha outra. Eu tinha 16 anos. Achava que tinha entendido o filme. Achava que o filme falava sobre amores desgastados, humilhados, doloridos, e sobre continuar a amar mesmo se a outra pessoa tivesse escolhido outros caminhos, outras pessoas. Mas com 16 anos eu também achava que amar era sofrer, humilhar-se para provar ao outro que você o ama, que não se importa de esperar e passar pelo que tiver que passar para tê-lo de volta. Até perceber que aquilo não era amor, era abuso emocional disfarçado de esperança.

A terceira vez que o assisti foi há poucos anos. Eu lembrava que era um filme lindo, um dos meus preferidos. E no dia de meu aniversário de 21 anos, eu e o namorado-noivo-marido nos aconchegamos para assistir. Eu esperava assistir a um filme sobre dramas de um término, e ele esperava assistir a um filme ruim. Nós dois tivemos boas surpresas!

Percebi que o filme não era sobre perdas, não era sobre o fim. Brilho Eterno nos mostra o recomeço diário de casais que acreditam no que sentem um pelo outro, a renovação de tudo aquilo que vez ou outra acreditamos estar se corrompendo. Não é sobre esquecer alguém, é sobre lembrar, todos os dias, do sentimento que mantém você ao lado desse alguém.

Agora eu entendo. Realmente entendo. Amar é revirar as memórias, reviver o amor todos os dias. É manter acesa a chama, alimentando-a com fragmentos de uma vida a dois. É sobre dar e receber segundas chances todos os dias. É refazer a lista de defeitos e qualidades, e amar ainda mais o parceiro por todos os itens de ambas as listas.

Brilho Eterno nos mostra que quando é amor, não temos escolha. Não temos desculpas. Ou dá certo, ou damos um jeito para que dê certo. Não há como fugir, não há como esquecer. Não há outra vida que faça sentido, sem ser aquela ao lado de quem amamos. Tornamo-nos reféns, não da dependência, mas de como aquela pessoa nos faz sentir. Em paz. Felizes. Plenos. Completos. Traímos nossas ameaças vazias de distância, dando lugar ao riso leve que só a intimidade calejada é capaz de causar.

Começar de novo. Repetir os mesmos erros, os mesmos acertos. E nunca se cansar. Cansar a gente cansa, mas esquece que cansou. Esquece o que deu errado. Esquece da briga da noite passada e consegue sorrir quando vê no dia seguinte.

Amar é esquecer-se de sofrer. É ter a cumplicidade como cura instantânea para qualquer desafeto.

Nerd: Evelyn Trippo

I just have a lot of feelings, e urgência em expressá-los. Tradutora (formação e profissão), aspirante a escritora e estudante de projetos em games. Pára-raio de nerds, exploradora de prateleiras em sebos e uma orgulhosa crazy pet lady.

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