As Últimas Quatro Coisas | Crítica

Sinopse: De volta ao Santuário dos Redentores, Cale é informado pelo General Bosco de que a destruição da humanidade é necessária. Seria a única maneira de corrigir o maior erro de Deus e de alcançar os objetivos de Bosco, dentre eles, transformar um simples garoto em um destruidor impiedoso. O papel de Cale é fundamental nesse processo – ele é a Mão Esquerda de Deus, o Anjo da Morte. O poder está ao seu alcance, e o aparato militar dos Lordes Redentores é sua maior arma, que ele manipula com destreza. Mas talvez nem mesmo os Redentores consigam controlar Cale por completo. O menino que é capaz de ir da bondade à violência mais brutal num piscar de olhos é capaz de aniquilar os inimigos da fé como se espera dele – mas a alma deste jovem é mais estranha e imprevisível do que seus mentores podem esperar.

 

 

A segunda parte da trilogia “A mão esquerda de Deus” cativa e prende o leitor de uma maneira que seu predecessor jamais conseguiu. Após os acontecimentos do primeiro livro, Cale retorna ao Santuário e, envolto por ódio e amargura, resolve cumprir o papel destinado a ele.

 

O livro revela, entre diálogos, batalhas, maquinações políticas e uso impróprio do sentido de divindade, uma realidade alternativa que assustadoramente poderia ser um reflexo de nossa realidade, ou uma versão alternativa, e menos trabalhada, da inquisição. A obra de Paul Hoffman não esconde suas fontes de inspiração atrás de nomes maquiados. Nela, judeu é judeu e muçulmano é muçulmano, descritos com estereótipos que, fazendo parte ou não do pensamento íntimo de Hoffman, descrevem bem a visão do nosso mundo para com as diferentes crenças existentes.

 

Outro ponto forte está na briga política pelo poder dentro de Chartres, palco central da Fé, que conta com traições, mentiras e utilização de leis “sagradas” para beneficio próprio. Chega a assustar a possibilidade de comparação com o Vaticano. O livro encontra tempo, também, para trabalhar as emoções e dúvidas de Cale e Kleist em seus diferentes núcleos, a mente intrigante de Bosco, o forte senso de amizade de Henri Embromador e, até mesmo, a resposta para o destino dos Materazzi após o final do primeiro livro.

 

Apesar de uma leitura arrastada, As Últimas Quatro Coisas prende o leitor através da curiosidade. Por diversas vezes, ao longo de suas 403 páginas, encontrei um forte desejo de perder algumas necessárias horas de sono para apreciar as consequências de cada ação de seus personagens. Paul Hoffman conduz bem sua obra e deixa o leitor ansioso pela conclusão da trilogia.

Nota-do-crítico-3

Nerd: Rafael Teodoro

Leitor sem restrições e jogador de final de semana, busco conhecimento, mas nem toda sabedoria me procura. Não me defino por rótulos, pois não entendo o que eles significam. Me considero, apenas, um apreciador da cultura geek.

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