A Mão Esquerda de Deus – Crítica

Sinopse: Seu nome é Cale.
Disseram a ele que poderia destruir o mundo.
Talvez ele destrua…

O Santuário dos Redentores é um lugar desolador. Um lugar onde a esperança e a alegria não são bem-vindas. A maior parte dos meninos que habitam o lugar foi levada para lá muito nova e contra a vontade. Eles padecem sob o regime opressor dos Lordes Redentores, cuja violência e crueldade têm como único propósito honrar a memória do Redentor Enforcado – e passam suas vidas prisioneiros dos corredores labirínticos e tortuosos do Santuário, um lugar com séculos de história e segredos, e que ninguém conhece por completo…

No meio de um desses corredores há um menino. Talvez ele tenha 14 anos, talvez tenha 15: ninguém sabe ao certo. Lá dentro, é chamado de Thomas Cale. Seu verdadeiro nome, já esqueceu há muitos anos. Ele já esqueceu de tudo de sua antiga vida. Em breve, será a testemunha de um ato horrendo. E é neste momento que começará a sua extraordinária vida futura.

CONHEÇA O ANJO DA MORTE.

Começo essa crítica com uma confissão: comprei o livro pela capa. Por diversas vezes condenamos e julgamos aqueles que cometem tal ato de heresia para com os apreciadores de livros. Mas sejamos sinceros, caros leitores, quem nunca se deixou levar pela arte da capa?

 

A Mão Esquerda de Deus, escrito por Paul Hoffman e primeiro livro da trilogia homônima, não é nada parecido com o que senti ao observar os traços da capa e ler a sinopse da obra.

 

Thomas Cale, protagonista da série, é um jovem rapaz de 14 anos, talvez 15, que sempre viveu no Santuário dos Redentores, junto com outros personagens como Henri Embromador e Kleist. A premissa básica esconde a verdadeira crítica de Paul, que apresenta as diversas facetas de seu mundo, este visto como um universo paralelo ao que vivemos, capítulo a capítulo, confundindo e intrigando o leitor.

 

No mundo depressivo e caótico imaginado por Hoffman, o Santuário dos Redentores funciona como uma escola militar/religiosa, onde a Santa Fé, maior religião do mundo, tem como ser de adoração o Redentor Enforcado. Os diversos garotos, treinados como soldados desde cedo, obedecem e curvam-se à vontade dos Redentores e desconhecem o mundo fora dos muros do local. Durante uma série de eventos, Cale escapa do Santuário e inicia sua jornada a procura de um lugar seguro e longe de seus antigos algozes. Tem início, então, a verdadeira jornada do leitor pela vida de Thomas e seus amigos.

 

A partir daí, temos uma história que, por diversas vezes, é arrastada mas que guarda surpresas nos detalhes. Thomas Cale, Kleist e Henri Embromador simplesmente desconhecem o mundo e, de uma hora para outra, chocam-se com a grandeza e as disparidades do que imaginavam saber. O autor trabalha muito bem a magia da descoberta e o aflorar da idade nos garotos, que ainda se depararão com as cicatrizes deixadas pelos Redentores através de um treinamento que visava um único objetivo: destruir o maior erro de Deus, a humanidade. Paul Hoffman ainda acha espaço para satirizar temas como religião, burguesia, violência e machismo.

 

A leitura, durante boa parte do livro, é arrastada, quase forçando o leitor a desistir de seu objetivo. Mas aqueles que resolverem encarar o desafio, não se arrependerão. Hoffman inicia de forma lenta, porém intrigante, sua trilogia, que tem um potencial imenso.

Nota-do-crítico-3

Nerd: Rafael Teodoro

Leitor sem restrições e jogador de final de semana, busco conhecimento, mas nem toda sabedoria me procura. Não me defino por rótulos, pois não entendo o que eles significam. Me considero, apenas, um apreciador da cultura geek.

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