A decepção de Prince of Thorns

Sinopse: Ainda criança, o príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato da Rainha mãe e de o seu irmão caçula, William. Jorg não conseguiu defender sua família, nem tampouco fugir do horror. Jogado à sorte num arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele, e sua alma. O príncipe dos espinhos se vê, então, obrigado a amadurecer para saciar o seu desejo de vingança e poder.

trilogia-dos-espinhos

Durante um assalto à sua carruagem, o príncipe Honório Jorg Ancrath é jogado para dentro de uma roseira-brava, e assiste, incapaz de agir ou escapar, sua mãe e seu irmão caçula serem brutalmente assassinados por ordem de um conde rival de seu pai. A partir daí, o personagem busca satisfazer seu desejo de vingança.

Acabada a explicação do que levou o príncipe a buscar seus objetivos, tudo o que consegui ler foram situações montadas, planos que não falham, imprevistos que não interferem em nada a existência do protagonista e uma tentativa de transformar um mundo medieval em uma distopia futurista. Nenhum personagem é bem trabalhado a não ser Jorg, que também é o narrador da história.

A escrita de Mark Lawrence é rasa, com exagerados usos de metáforas. Os planos de Jorg são infalíveis e tudo conspira a favor do personagem em sua jornada para tornar-se rei antes de seus 15 anos. Em nenhum momento o príncipe corre perigo, mas de maneira exagerada espalha o terror por onde passa.

Deixo claro que não possuo restrições quanto ao uso de violência em obras de fantasia, romance, sci-fi ou qualquer outro gênero literário, desde que toda ação seja procedida de uma reação, ou seja, que tenha um significado para o desenvolvimento de um personagem ou de outro fator importante na história. Mas não é o que encontrei em Prince of Thorns.

Os atos violentos de Jorg parecem existir apenas para a contemplação de um leitor que não busque sentido na narrativa, apenas a ideia de um personagem que não precisa respeitar limites, resultando em estupros, torturas e mortes desnecessárias. A obra é desenvolvida de forma tão rasa que, mesmo sem mostrar o mínimo de afeto ou realizar ações que possam agradar a seus seguidores, o príncipe conquista a confiança dos mesmo com extrema facilidade.

Não é possível criar empatia com nenhum personagem, porque o autor não explora qualquer característica deles. O leitor não conhece nada do passado de ninguém, e nem saberá. Apenas Jorg interessa e isso, para uma obra que inicialmente tinha um potencial gigantesco, é, no mínimo, decepcionante.

Ao terminar esta crítica, sinto-me triste por não poder aproveitar um livro como acreditei que poderia. Até os momentos de questionamento psicológicos me incomodaram e, quando soube que o autor baseou seu personagem em Alexander DeLarge, icônico protagonista de Laranja Mecânica, me decepcionei com a falha miserável de Lawrence.

Contudo, não me perdoaria se terminasse a critica sem elogiar, de forma efusiva, o carinho com que a Darkside tratou o livro. A publicação foi feita em capa dura e o acabamento é impecável, uma visão do paraíso para aqueles que gostam de observar sua coleção de livros na estante.

Para finalizar afirmo que lerei os outros dois livros da saga, pois acredito que, assim como personagens em livros, o escritor também pode encontrar a redenção.

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Nerd: Rafael Teodoro

Leitor sem restrições e jogador de final de semana, busco conhecimento, mas nem toda sabedoria me procura. Não me defino por rótulos, pois não entendo o que eles significam. Me considero, apenas, um apreciador da cultura geek.

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