O filme francês A Aparição (L’apparition) chegará aos cinemas nacionais esta semana através da A2 Filmes e Mares Filmes. Do diretor Xavier Giannoli, com roteiro de Xavier Giannoli e colaboração de Jacques Fieschi e Marcia Romano.
Trata-se de um filme de caráter investigativo. Para ser mais exato, sobre jornalismo investigativo em um âmbito religioso. O que a princípio pode nos fazer pensar que será tendencioso para o sobrenatural, mas está longe disso. O filme quer confrontar o misticismo e mistério que cerca as religiões, e tentar mostrar ambas as facetas da crença, tanto na fé e aceitação do desconhecido, quanto na verdade por trás de tudo.
A história se desenrola em volta do convite feito ao jornalista Jacques Mayano (Vincent Lindon) para participar de uma investigação canônica para o Vaticano, que é um processo conduzido em nome da igreja para analisar supostos casos sobrenaturais ou aparições relacionados à sua religião. A parte interessante é que a equipe que conduz tal investigação não é composta somente de pessoas religiosas, mas também por cientistas, historiadores, jornalistas querendo comprovar ou refutar a veracidade de tais ocorrências. E foi por isso que Jacques foi convidado para uma dessas comissões.
Jacques encontra-se emocionalmente abalado, após um grande amigo e colega de trabalho, morrer ao seu lado em serviço, e acaba por aceitar o convite de fazer tal investigação canônica, que se trata de uma suposta aparição da Virgem Maria através da garota Anna, (Galatéa Bellugi) em um pequena cidade francesa. Ele, sendo uma pessoa que sempre buscou a verdade, se vê de frente com algo inexplicável e decide ir a fundo no caso e descobrir o que realmente aconteceu.
Além de um novo trabalho para ele, em um momento em que estava precisando direcionar seus pensamentos e emoções para longe da perda recente, o caso acaba se tornando uma jornada pessoal de conhecimento e esclarecimento. É revigorante ver uma história sobre crença e fé, que trata mais da convicção e motivos das pessoas para acreditarem no intangível, e até que ponto se prendem nelas e o porquê, em vez de simplesmente falar dos milagres em si e mostrar como apaziguam a mente e o coração.
A interpretação de Vincent como Jacques ficou muito boa e gostei como ele se vê dividido entre a busca da verdade e a aceitação de uma nova visão sobre o mundo e seus mistérios. A personagem Anna me agradou pelo modo como lida com tudo o que acontece ao seu redor (como as expectativas e cobranças dos fieis e da mídia, que a pressionam até o limite).
Vemos aqui uma outra faceta pouco mostrada sobre a religião: o choque entre os fiéis que se prendem fervorosamente aos casos e milagres, defendendo-os com todas as suas forças, e aqueles que fazem parte da instituição da religião e ao mesmo tempo que acreditam nos preceitos e valores dela, mas estão mais preocupados com a legitimidades dos casos que surgem, pois aceitar algo que não é verdadeiro, mancharia a crença e pode conduzir erroneamente as pessoas.
As paisagens escolhidas chamaram a minha atenção, e ficaram bonitas, porém a trilha sonora não foi muito marcante, já que não reparei muito nela durante o filme. Mesmo não apreciando muito filmes sobre religião no geral, este achei bem interessante e me entreteve.
Gostei do filme como um todo e me mostrou pontos bem interessantes. Recomendo assistirem também!
