30 minutos de rendição: Batman v Superman

2016 parecia (e ainda parece, até dado momento) um ano de promessas no âmbito cinema, afinal, Deadpool, Capitão América: Guerra Civil, Esquadrão Suicida, Dr. Estranho, Star Wars Rogue One, Warcraft, Assassin’s Creed, são nomes grandes que prometiam!  Alguns cumpriram seu papel com maestria, outros derraparam, e ah á aqueles que ainda precisam serem lançados.

Mas existe um que para ara alguns é algo entre ‘’a decepção do ano’’ e/ou ‘’pior filme de todos os tempos’’, também conhecido como Batman v Superman: Dawn of Justice.

Tivemos meme do Ben Affleck deprimido (confesso, me identifico muito naquele olhar perdido do pobre Affleck), teve xingamentos ao Zack Snyder e uma Warner desesperada para lançar a edição definitiva do filme com os 30 minutos que sumiram entre o processo edição > filme final. E são 30 minutos que fazem uma diferença!

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A versão do cinema fazia o elo entre os acontecimentos de Man of Steel e ao que viria a ser as suas consequências à humanidade, além da apresentação de personagens necessários a perspectiva de Snyder para criar sua Liga da Justiça.

Sendo assim são introduzidos personagens que irão pavimentar essa estrada, como a própria figura do Morcego de Gotham, com sua origem recontada de modo mais sucinta e o vilão Lex Luthor, o excêntrico bilionário e seu ódio à figura endeusada de Superman, além da própria Mulher-Maravilha.

Em tese deveria ser uma coisa relativamente fácil, já que são personagens do conhecimento popular, não havendo uma necessidade de recontar algumas coisas, certo?

Mas na prática prática, não. A versão que foi apresentada ao público e pior ainda, para crítica, foi uma versão picotada onde cenas que fariam esse encaixe foram descartadas, criando um ritmo desconexo e de difícil compreensão, principalmente do que se tratava o plano de Lex de criar uma imagem negativa do Superman usando a mídia e um incidente político.

Incitar a rivalidade de Clark Kent e Bruce Wayne de forma com que no final apenas precisasse dar um empurrão extra usando Lois Lane e a Martha Kent para finalmente, com sorte, Bruce Wayne matar Clark ou vice-versa.

Isso não é claro para o público, tendo que recorrer frequentemente a suposições. Ainda que fosse possível preencher as lacunas, tem-se a sensação de um filme não-completo, que faltava algo que ligasse uma coisa a outra, algumas explicações. Esse é o pecado do filme, sua edição foi comprometida querendo atropelar tudo e todos para chegar à parte onde os dois heróis trocam socos e que por fim, precisam se unir para derrotar o vilão final, o Apocalypse.

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O já lançado em DVD/Blu-ray, Batman v Superman Ultimate Edition vem apenas e unicamente para eliminar os buracos, dar consistência ao filme, não tendo absolutamente nada novo em termos de apresentação de personagens novos (não dá pra considerar a personagem da atriz Jena Malone uma nova personagem, sendo esta apenas um apoio para a investigação de Lois Lane). Apenas a reutilização da maioria dos que já apareceram para finalmente trazer coerência ao filme.

O filme se estica para três horas de duração, onde o ódio de cada um dos heróis é fermentado ao seu próprio jeito, muitas vezes sem a interferência de Luthor.

Clark Kent age como um repórter investigativo que é! É ele quem está tentando compreender quem é a figura enigmática do Batman, que voltou a ativa depois de um período de retirada, agora mais violento e com métodos duvidosos, como o ato de marcar os bandidos a ferro quente, o que lhe acarreta em morte dentro dos presidiários.

Lois Lane recorrendo para provar a inocência do Superman no incidente da África, no qual ele é acusado de deixar pessoas morrerem, sendo levada a conspiração de Lex Luthor e a própria investigação de Bruce Wayne, em busca da kryptonita. Não só isso, mais personagens como o próprio mercenário de Lex que se apresentam mais e mais vezes, sendo explicada sua função dentro do enredo de forma mais ampla, além da própria mulher africana que alega que seus pais foram mortos no mesmo incidente no deserto, dentre outros detalhes.

Em outros pequenos momentos, temos mais a presença midiática dentro do filme, como a dupla de policiais que viam ao jogo de futebol americano entre Metropolis e Gotham antes de uma batida ou garçons vendo o antigo programa do apresentador americano Jon Stewart, além de vários civis acompanhando os acontecimentos do capitólio.

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Apesar da censura +18 ser descartável, o filme ganha uma melhoria imensa, além de uma coesão e um sentido maior, tudo é bem explicado de forma simples e personagens são aprofundados. Entretanto, alguns permanecem o mesmo: Lex Luthor não é mais a figura centrada do passado.

Fica claro que este é uma versão concebida para o cinema, porém, dentro do filme é possível ser explicada pela cena que a Warner divulgou em seu YouTube, onde uma entidade alienígena está aparentemente transmitindo conhecimento ao vilão, fazendo correlação ao final, trazendo uma explicação ao que seria uma ameaça vindo do espaço e sendo completada pelo quadro sendo virado de cabeça pra baixo, mostrando demônios vindo do céus.

Aos que não gostaram do filme provavelmente dirão que nada mudou, em grande parte pela falta de vontade destes em ver pontos positivos e suas qualidades, havendo sim uma má vontade em alguns de seus expectadores.

A edição definitiva não vai fazer milagres, mas para quem gostou do filme ou simplesmente viu seus pontos positivos (e criticou seu ritmo) a Ultimate Edition é um resgate e um ótimo motivo para rever o filme.

Nerd: André Arrais

Pseudo-Cult, apreciador de café, ama quadrinhos como ninguém, rato de biblioteca, gamer casual, não sabendo tirar selfie desde sempre e andando na contra mão dos gosto populares. Finge é cheio de testosterona, mas vive rodeado de gatos. Esse é o meu design.

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